Joaquim Evangelista esteve hoje na Trofa, com reunião marcada com o plantel do clube, que tem vindo a recusar treinar até ver a situação salarial regularizada, quando o treinador Rui Sacramento terá sido despedido, alegadamente, por apoiar a posição dos jogadores.
Em entrevista à Lusa, o presidente do órgão sindical alertou para a gravidade do problema e esclareceu as discrepâncias entre a versão dos futebolistas e a da Sociedade Anónima Desportiva (SAD), que, em comunicado, assegurou ser “absolutamente falso que a Trofense SAD tenha créditos salariais vencidos e não pagos aos jogadores do atual plantel há mais de sete meses”.
“É preocupante e recorrente no Trofense, temos vários jogadores com processos pendentes. É grave, um sinal muito negativo acontecer já numa fase tão prematura da época. Quando o Trofense diz que não tem sete meses de incumprimento face ao plantel deste ano, obviamente não está a mentir, mas tem sete para a equipa do ano passado. Esta temporada, já falhou o primeiro pagamento”, explicou.
Quanto a soluções futuras, segundo Evangelista, o clube terá assegurado o pagamento de salários na próxima sexta-feira, mas diz que não deixa de ser uma promessa que não merece “especial significado” por parte do sindicato face ao histórico de incumprimento.
“O clube, sabendo que me iria reunir com o plantel, marcou uma reunião à mesma hora com os ‘capitães’ de equipa e disseram que amanhã [sexta-feira] pagariam. A reunião acabou por ficar sem efeito, falámos com alguns jogadores com situações mais graves. Independentemente das intenções da direção, o que conta são os factos”, revelou.
Ainda assim, a posição de Evangelista é de “dar o benefício da dúvida” ao emblema nortenho, desde que seja essa a visão dos jogadores lesados.
“O sindicato dá o benefício da dúvida. Não é nossa intenção ser contra os clubes, mas sim, em conjunto com eles, arranjar soluções para os jogadores. Agora, há clubes que têm histórico e o Trofense é um deles. Esta promessa não nos merece especial significado porque já foram muitas não cumpridas. Mas se os jogadores derem esse mesmo benefício da dúvida, o nosso papel é estar ao lado deles na decisão que tomarem. Permaneceremos em contacto com os ‘capitães’ de equipa”, assegurou.
Em termos gerais, o dirigente alertou para a existência de um sistema da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e da Liga Portugal (LP) que “beneficia os incumpridores” através de duas vias: os acordos de diferimento do pagamento e o acionamento do processo especial de revitalização (PER) por parte dos clubes.
“Os acordos de diferimento, permitidos pela Liga, levam a que os clubes, em momentos específicos, usem a sua posição hierárquica para forçar um acordo. O jogador está numa situação fragilizada e vê-se forçado a aceitar, sem receber aquilo que contava quando assinou o contrato”, constatou.
Quanto às mudanças sistémicas necessárias, Evangelista propõe um prazo máximo de incumprimento, sob pena de sanções pesadas para os emblemas que ultrapassarem o limite temporal imposto, para além da proibição de inscreverem novos jogadores.
“Muitas vezes, os PER são acionados sem que haja nenhuma limitação na atuação do clube. Continua no mercado de transferências como se nada fosse. Os PER, conjuntamente com os acordos, são mecanismos utilizados intencionalmente para retirarem vantagem. Deve definir-se o prazo máximo até quando deve ser paga a dívida, três, seis meses, até haver consequências, eventualmente a descida de divisão, ou ser sancionado. Durante esse período, o clube não deve poder atuar no mercado”, sugeriu.
Com três pontos conquistados, em duas jornadas na série A da Liga 3, o Trofense tem agendada a deslocação ao terreno do Sporting de Braga B, às 18:00 de 20 de agosto.
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