Era a Assíria inimiga de Israel
Um incrível império dominante
Cheio de poder e de dinheiro
E o profeta pregava aos de Ninive
A conversão, amor a caridade
E libertassem todo o prisioneiro
Remonta ao Antigo Testamento
O nome que para ele foi escolhido
E logo nos lembra aquela ideia
De profeta e do seu saber profundo
Que em tempos difíceis do seu mundo
Um dia foi engolido pela baleia
Aconteceu durante uma viagem
Por mares tumultuosos e agitados
Que o bíblico Jonas se afogou
É recolhido no ventre da baleia
Onde passa três noites e três dias
Até que aquele gigante o vomitou
Esta é a história de uma vida
Do trágico, mas também da salvação
Que nos fala do partir e do voltar
Dum drama num mar encapelado
Que parecia roubar todo o futuro
Mas das voltas que o destino sabe dar
Passaram já milénios desse tempo
E outro Jonas surge em nossas vidas
Com simbolismos iguais aos desta história
Este nasce bem longe, no Brasil
E procura bem mais tarde na Europa
Os seus ventos felizes de vitória
É profeta dum futebol melhor
Moldado em pés de ouro e trato fino
E a sua ambição era tamanha
Que ruma p’rá Ibéria onde procura
Escrever as suas páginas de gloria
Nas terras de Valência ali por Espanha
Mas momentos há nas nossas vidas
Em que somos tragados por baleias
E ficamos em profunda escuridão
O Jonas do Brasil, que aqui cantamos
Tinha nascido para outros altos voos
Seu destino era ser um campeão
E os ventos que estavam de feição
Sopraram-lhe então outro destino
Como que a dizer “aqui não fica”
E como na história do Jonas da baleia
Que ao fim de três dias viu a luz
Jonas chega ao Estádio da Luz e ao Benfica
E quando a carreira parecia esmorecer
Eis que este profeta de um futebol maior
Renasce em jogadas magistrais
Na técnica mais pura e quase virtual
Que apenas deuses arriscam conceber
E não está ao alcance dos mortais
Este Jonas concretiza golos impossíveis
Emoldurados de vermelho e chama imensa
E retoma o caminho das vitórias
É o profeta dos Voos de uma águia
Que tem manto sagrado e catedral
E conquista p’ró Benfica mais Glórias
Muitos o apelidam de “pistolas”
Outros lhe chamam “Mestre Jonas”
A mística habita nele, há que dizê-lo
E neste 37° Campeonato
Quer em campo, ou mesmo fora dele
Muito nos ajudou o Jonas a vencê-lo
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