“Neste momento, estamos em processo negocial para a renovação de contrato e, depois de já ter chegado a entendimento com o clube, falta apenas o acerto entre os advogados”, adiantou à agência Lusa o técnico de 43 anos.
Jorge Simão explicou que está num “projeto de crescimento sustentado” e com pessoas novas, competentes e inovadoras à frente do clube da Arábia Saudita, que representa desde o início da época.
Aquando da interrupção do principal escalão de futebol do país do Médio Oriente, devido à pandemia de covid-19, o Al-Fayha ocupava o 11.º lugar, com 27 pontos após 22 jornadas, a oito do final do campeonato, em lugar de manutenção.
Perto de ver confirmada a continuidade na Arábia Saudita pelo segundo ano consecutivo, Jorge Simão reconheceu à Lusa que tem sido um desafio, e que a experiência de estar pelo segundo ano num país diferente pode ser “mais desafiante” do que aquilo que viveu na primeira época.
“Tem sido muito estimulante, pois, enquanto para alguns colegas pode ser um entrave, para mim a possibilidade de estar numa nova cultura é um desafio e foi com entusiasmo que abracei a nova realidade”, sublinhou.
O técnico, que no principal escalão português já representou o Belenenses, Paços de Ferreira, Desportivo de Chaves, Sporting de Braga e Boavista, revelou ainda que a Arábia Saudita, um país “até à pouco tempo considerado o mais fechado do mundo”, está agora “num processo de abertura”.
“Os governantes querem ‘abrir’ o país até 2030. As mulheres já conduzem, para o ano vai começar o campeonato de futebol feminino, o que é um passo gigantesco. Há já cinema em Riade [capital da Arábia Saudita], onde até eu já fui”, contou.
A I Liga de futebol da Arábia Saudita foi interrompida em 13 de abril devido à pandemia, e ainda não tem solução à vista.
“Não há nada oficial, mas fala-se no recomeço do futebol em meados de agosto, embora haja dúvidas se é com a época atual ou para a nova temporada”, realçou.
Para Jorge Simão, um regresso da prova após uma paragem “abrupta” irá “desvirtuar a competição”.
“É uma paragem que não estava definida e não por isso não faz sentido ser retomada a competição. É uma simples opinião. Enquanto profissional, se as entidades competentes entenderem que é para retomar, assim o faremos”, garantiu.
Com a pandemia a interromper a competição, Jorge Simão e os restantes portugueses que compõe a sua equipa técnica mantiveram-se inicialmente em Majmaa, cidade onde está sediado o clube, até serem autorizados a viajar para Portugal.
No clube árabe, atua ainda o português Arsénio, atacante que em Portugal já representou o Moreirense, Belenenses ou Marítimo.
“Estávamos perfeitamente tranquilos, continuámos a viver no nosso hotel sem correr riscos. A maior preocupação era com as nossas famílias em Portugal”, revelou o técnico.
Após o regresso a Portugal, Jorge Simão continuou longe da família, enquanto fez quarentena, e fez mesmo um teste de despiste à covid-19, que deu negativo, estando agora já junto da sua família.
Ainda sem certezas quanto a esta época, Jorge Simão admitiu também dúvidas quanto ao futuro do campeonato do país árabe, após notícias da suspensão dos apoios ao futebol por parte do Governo devido ao impacto da pandemia.
Mas o técnico natural da Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, lembra que o impacto da pandemia se irá sentir “em todo o mundo” do futebol.
“Claro que, face a outros países, a Arábia Saudita não está tão dependente das receitas televisivas, mas do apoio da coroa real. Como se sabe, a economia vive muito do petróleo que, neste momento, tem de pagar para que fiquem com o produto e é natural esperar dificuldades”, sustentou.
O treinador vê “todo o mundo do futebol” a passar dificuldades e duvida que transferências milionárias e acima de 100 milhões se repitam num futuro próximo.
Comentários