Atualmente de férias em Esmoriz, José Gonçalves, atleta do FC Porto, fala de “um momento marcante” e “ainda muito presente”, confessando que durante a final comentou com um colega que ambos iam ‘fabricar’ o golo da vitória.
O lance surgiu mais tarde, no prolongamento, disputado pela última vez no modelo ‘golo de ouro’, que garante a vitória à primeira equipa que marcar, já depois da grande penalidade falhada pela Espanha, no final do tempo regulamentar, e resultou efetivamente de uma assistência de João Pedro Pereira para José Gonçalves.
“Estava mesmo convencido de que ia marcar e, no prolongamento, a cerca de minuto e meio do final da primeira parte do tempo extra, iniciámos um contra-ataque e o João colocou-me a bola para eu fazer o desvio final, na área, muito perto do guarda-redes”, recordou hoje José Gonçalves, de 16 anos, à agência Lusa.
Ao fim de uma semana de competição, entre 30 de julho e 05 de agosto, Portugal garantia o seu 14.º título continental no escalão, um ano depois de ter perdido a final para a Espanha, também com recurso ao golo de ouro, após 4-4 no tempo regulamentar, e a festa lusa em Fanano, Itália, teve até direito a uma invasão pacífica.
José Gonçalves tinha a mãe na bancada, assim que pôde ligou ao pai, José Nando, antigo futebolista e atual diretor desportivo do Penafiel, na altura na Madeira para a estreia da equipa na II Liga de futebol diante do Nacional, numa altura em que o telemóvel não parava de assinalar mensagens de felicitações, dos avós aos amigos, que seguiram a prova pela Internet, e também de responsáveis do FC Porto.
“Depois de ter sido campeão nacional dois anos seguidos no Valongo, a que se seguiram mais dois títulos nacionais no FC Porto, sabia que podia chegar à seleção e, ao ficar no grupo final para este torneio, a meta era o título europeu. Ser campeão era a expectativa, o resto (melhor marcador da prova, com 10 tentos), veio por acréscimo. Estou a viver um sonho”, afirmou.
José Gonçalves considera que estas conquistas dão-lhe ainda mais força para poder repetir as vitórias, que ficarão sempre mais perto de acontecer se as coisas correrem bem no FC Porto, onde continuará a jogar pelos bub-17, com o objetivo de revalidar o título, mas também, em estreia, pelos Sub-20, visando resgatar o título conquistado a última vez pelo Benfica.
É pelos juniores que o novo campeão europeu tentará agora regressar à seleção, mas José Gonçalves aceita a “responsabilidade e a exigência extra” do título conquistado na semana passada, no dia 05, prometendo “nunca desistir e lutar sempre para fazer melhor”, mesmo que a modalidade lhe tenha surgido por acaso e quase em simultâneo com o futebol.
José Gonçalves iniciou-se no hóquei no Olá Mouriz, equipa de Paredes, aos quatro anos, por sugestão do avô, para rentabilizar as horas enquanto a mãe não o ia buscar à escola, e durante uns tempos patinou em solitário por falta de colegas da mesma idade.
Resistiu, ganhou colegas e entusiasmo e, três anos mais tarde, aos sete, experimentou o futebol no Penafiel, por influência do pai, antigo profissional formado no clube, mantendo durante alguns anos a prática simultânea das duas modalidades, num calendário semanal duro e sem espaço para folgas.
“Era médio centro e tinha jeito, cheguei mesmo a ir a uma captação de talentos do Benfica, mas, no segundo ano de hoquista no Valongo, o plano de trabalho e de jogos alterou-se. Lutávamos para ser campeões nacionais, e tive de escolher. Mas não estou arrependido”, confessou.
Consciente do menor mediatismo do hóquei face ao futebol, José Gonçalves disse apenas estar preocupado em continuar o seu percurso e desfrutar da modalidade, a tempo inteiro ou não, ainda que, no imediato, queira gozar as férias e a ‘coroa’, afinal de contas, como o próprio explicou, “não é todos os dias que se é campeão europeu”.
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