Em comunicado, o organismo liderado por Pedro Proença deu conta das reuniões realizadas hoje na sede da LPFP, salientando "a postura conciliadora e busca de soluções demonstradas quer pela administração da SAD como pela direção do Desportivo das Aves, no propósito de, em conjunto, garantir a comparência da equipa nas duas últimas jornadas da I Liga".
A LPFP reconheceu que a SAD do clube avense "tudo tem feito para poder ultrapassar este momento complicado e levar a competição até à última jornada", sendo que o entendimento alcançado "foi possível também pela colaboração" da seguradora envolvida, que mostrou "abertura para um acordo de pagamento dos seguros de acidentes de trabalho dos jogadores do Desportivo das Aves".
"A Liga Portugal está otimista que, ultrapassadas estas questões, e após o envolvimento de várias entidades como a FPF, Sindicato dos Jogadores e ANTF, estarão reunidas todas as condições para que o Desportivo das Aves se apresente em campo nos jogos que faltam, de forma a que a equipa honre os seus compromissos", pode ler-se no comunicado, no qual o organismo enaltece o "assinalável brio e dignidade" do treinador Nuno Manta Santos e dos jogadores avenses.
Os futebolistas do Desportivo das Aves treinaram hoje no estádio do último classificado da I Liga, onde repetiram os testes de despistagem à covid-19, na véspera da receção ao Benfica, em jogo da 33.ª jornada.
O encontro marcado para terça-feira, às 21:15, no Estádio do CD Aves, está garantido “quase a 100%”, conforme explicou o presidente do clube, António Freitas, que esteve reunido ao início da tarde com a Liga de clubes para solucionar o pagamento dos seguros, viabilizando o treino do plantel orientado por Nuno Manta Santos, marcado para as 17:30.
A estrutura dos nortenhos cumpriu nova bateria de exames ao novo coronavírus às 19:00, de acordo com o protocolo definido para o reinício da I Liga em plena pandemia, um dia após a SAD liderada pelo chinês Wei Zhao ter informado que não iria comparecer ao duelo com o Benfica, devido à anulação da apólice de seguro de acidentes de trabalho.
Os jogadores manifestaram a intenção de disputar os últimos jogos da época e a direção de António Freitas, eleito em 27 de junho, cedeu o pavilhão localizado ao lado do estádio para os testes iniciais à covid-19, sob autorização do departamento clínico, à revelia das pretensões da SAD, que despediu os médicos Filipe Puga e André Couto por telefone.
Apesar da decisão da acionista Estrela Costa, que abandonou em silêncio a sede da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), na companhia de Wei Zhao, os dois clínicos participaram hoje na segunda bateria de exames, num dia em que venceu o terceiro mês seguido de salários em atraso e foi anulada a conferência de antevisão de Nuno Manta.
O Desportivo das Aves ameaçou há três dias faltar ao jogo no estádio do Portimonense, da 34.ª e última jornada da I Liga, marcado para 26 de julho, de forma a “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, uma vez que receia “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva” contra os algarvios.
O lanterna-vermelha deveria enfrentar o Portimonense, 16.º colocado e primeiro clube acima da zona de despromoção, com os mesmos 30 pontos de Vitória de Setúbal, 17.º e penúltimo, ainda envolvidos na fuga à descida de divisão.
O Belenenses SAD apresentou hoje uma participação criminal face à situação, por suspeita de corrupção desportiva, com o presidente Rui Pedro Soares a frisar que “tudo o que se tem passado é contrário aos interesses da Aves SAD” e configura um “crime que, quando praticado por agentes desportivos, tem uma moldura penal de 10 anos de prisão”.
O guarda-redes Quentin Beunardeau e o avançado Welinton Júnior desvincularam-se do emblema do concelho de Santo Tirso em abril, em plena pausa competitiva motivada pelo novo coronavírus, alegando sucessivos incumprimentos salariais, verificados desde dezembro de 2019, enquanto o defesa Jonathan Buatu, os médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e o avançado Kevin Yamga saíram nas últimas duas semanas.
A SAD do Desportivo das Aves foi absolvida em 30 de junho da acusação de incumprimento salarial com jogadores e treinadores entre dezembro e março, mas aguarda pela resolução de outro processo idêntico, assente na ausência de documentos comprovativos quanto à regularização dos vencimentos dos meses de março e abril.
O assunto foi remetido da LPFP para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol em 09 de junho, podendo custar uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 32 jornadas pelos nortenhos, que confirmaram a despromoção à II Liga em 29 de junho.
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