13 anos depois, a Liga MEO Surf levanta voo e aterra nos Açores, na Ribeira Grande, ilha de São Miguel. O palco da 4.ª e penúltima etapa, de 24 a 26 de junho, é a principal novidade da 12.ª edição da principal prova de surf em Portugal, na qual são atribuídos os títulos de campeões nacionais e distribuídos prémios iguais para o vencedor masculino e feminino.
A temporada 2022 arranca a 1 de abril na Figueira da Foz e, pelo segundo ano consecutivo, fecha em Supertubos, Peniche, no final de outubro — um mês reservado nos últimos anos para o calendário do Circuito Mundial de Surf, organizado pela Liga Mundial (WSL). Em relação à edição passada, a paragem de Sintra fica de fora.
“Este regresso aos Açores enquadra-se na política da ANS de tentar, ano após ano, rodar uma localização. Estava na nossa agenda voltar às regiões autónomas”, explicou ao SAPO24 Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), à margem da conferência de apresentação da Liga MEO Surf. Um regresso a Ribeira Grande, praia onde o último vencedor, em 2009, foi Frederico Morais, único representante português no Circuito Mundial.
João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf (FPS) elogia a diversidade territorial e a escolha dos Açores por parte da ANS.
O responsável pela organização de circuitos regionais e campeonatos até aos sub-18 disse ser “importante esta distribuição geográfica mais abrangente e coerente a nível de território”. O responsável federativo recordou ainda o papel dos circuitos regionais onde são “descobertos novos talentos”. “A Francisca Veselko [campeã nacional em título] cresceu nestes circuitos regionais. Dão crescimento e uma carreira a quem participa. Eles sabem que existe um caminho a seguir, que começa nos regionais juniores e vai subindo até acabar no CT [Championship Tour]. É o caso do Kikas [Frederico Morais], surfista com mais títulos de juniores que temos”, recordou Aranha.
Vasco Ribeiro para ser recordado e os três objetivos de Kika Veselko
Começou por ganhar a prova nacional com 16 anos. É campeão em título e o único surfista a vencer cinco vezes o troféu nacional. Vasco Ribeiro, 27 anos, apresenta-se em 2022, de novo, com o mesmo objetivo. “Quero ganhar, obviamente, mas este ano não tanto pelos resultados, mas sim pelo que o circuito representa, viajar pelo nosso país e competir contra os meus amigos”, admitiu o vencedor das edições de 2011, 2012, 2014, 2017 e 2021.
Em ano de celebrações, “Vasquinho” quer ser lembrado na história do surf nacional “como alguém que esteve com todo o gosto a competir na Liga e fê-lo da melhor maneira”, antecipou.
Se um dos pés está em território nacional, o foco principal continua a ser a entrada no Circuito Mundial [WSL Championship Tour - CT]. “Em princípio, tenho entrada direta nos Challenger Series. É esse o meu foco, para depois lutar para aceder ao CT, como tem sido nos últimos anos”, rematou.
A dar os primeiros passos na alta-roda do surf, Francisca Veselko, 18 anos, estreou-se com o título em 2021. “Um ano especial”, no qual garantiu a conquista do troféu na última etapa [Peniche], no único triunfo da temporada, depois de terminar em quatro segundos lugares e um terceiro posto nas seis etapas da temporada passada.
“As ambições para 2022 passam por defender o título nacional, qualificar-me para os Challenger Series e ir pela primeira vez ao Mundial de Juniores [ainda sem data], frisou a também bicampeã nacional de juniores. “Muita coisa para um ano, muito trabalho, muito foco e dedicação. As ambições são grandes e vou lutar pelos meus sonhos. Tenho três objetivos na cabeça, o que já não é pouco”, finalizou.
O “Saltillo” do Surf, 25 anos de ANS e 20 anos de paz
2022 é um ano de celebrações para o surf nacional. A 9 de julho cumprem-se os 25 anos do nascimento da ANS (Bodas de Prata) e celebram-se os 20 anos da concessão (14 de março de 2002) da organização dos campeonatos nacionais de surf nesta estrutura, depois de um período de relações conturbadas entre a Federação Portuguesa de Surf e a Associação Nacional de Surfistas — uma greve dos surfistas (conhecida com a “Greve de Espinho”, em 1997) que resultou num Caso Saltillo do surf e na paz entre as duas organizações.
“20 anos de paz resultam numa liga competitiva. Se então existiam desconfianças que este seria o modelo competitivo, passados 20 anos não há dúvidas”, assume Francisco Rodrigues, hoje presidente da ANS, na altura competidor. “O surf em Portugal tem um governance bom, uma boa relação entre as duas entidades, cada uma delas dedicada àquilo que sabe fazer bem e deve fazer e, acima de tudo, os surfistas acabam por ter um excelente serviço ao dispor e um contributo para as suas carreiras”, sublinhou.
“20 anos de paz com uma relação incrível ou não estivéssemos todos ligados ao mesmo meio, ao desenvolvimento do surf”, reforçou João Aranha, da FPS.
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