O adiamento foi benéfico para a preparação ou foi mais um momento de ansiedade?

O adiamento foi uma mistura: por um lado, [senti] um pouco de ansiedade, por outro permitiu-me mais tempo para preparar alguns aspectos e conseguir estar pronta na hora certa.

Beneficiou com o adiamento ou está nos Jogos devido a esse facto?

Consegui preparar-me e corrigir alguns aspetos. E, graças a Deus, consegui na hora certa, porque tudo que Deus faz é bom.

BI Olímpico

Lorene Bazolo

Modalidade: Atletismo

Prova: 100 e 200m

Idade: 38 anos

Naturalidade: Brazzaville, Congo

Clube: Sporting Clube de Portugal

Treinador: Rui Norte

Participações: Em Tóquio, Lorene Bazolo marca presença em duas provas, 100 e 200m, repetindo Rio2016, onde foi, respetivamente, 28.ª e 30.ª. Em 2012, participou nos Jogos Olímpicos de Londres pelo Congo.

Factos & Curiosidades: "A mulher mais rápida em Portugal", como se apresenta no seu Instagram, bateu, durante a II Copa Ibérica de atletismo, o recorde nacional dos 100 metros. A velocista do Sporting retirou dois centésimos ao seu próprio recorde nacional (11,17), fixado em Salamanca, também no mês de junho.

O recorde feminino é de 10s49 e pertence à norte-americana Florence Griffith-Joyner (Seul 1988).

Portugal já subiu ao pódio nesta categoria de velocidade, a mais curta das distâncias, com Francis Obikwelu em Atenas2004.

Há quanto tempo está a preparar os JO? 

Estou a prepará-los há cinco anos.

Ao longo deste ciclo Olímpico, quando é que pensou: este é momento do “tudo ou nada”?

Foi mesmo quando estava a aproximar-me do prazo para qualificação, todas as provas eram muito importantes para mim. Dei sempre o meu melhor, mas à medida que o final do prazo se aproximava, procurei dar ainda mais de mim. Os pontos de cada prova foram valiosos para me posicionar melhor no ranking.

Qual o pior momento na preparação?

O pior momento da minha preparação foi em janeiro, quando ia iniciar a minha época desportiva e fiquei lesionada no aquecimento no dia da primeira prova. Isso condicionou muito a minha preparação, mas graças a Deus consegui voltar.

Que preparação específica foi feita? (Por exemplo, vai alterar os ciclos de sono antecipadamente face à diferença horária?)

Face à diferença horária, vou ter de fazer uma alteração sim, vou ser orientada pelo meu treinador e pelas pessoas que trabalham comigo.

Qual a maior dificuldade que espera encontrar em Tóquio?

Não quero pensar em dificuldades em Tóquio, quero ir lá com um mindset positivo, estar preparada para tudo e ser capaz, no caso de encontrar dificuldades, de procurar sempre uma solução para desfrutar deste momento único.

Qual a coisa mais inusitada que leva na bagagem para o Japão?

A Bíblia.

Quais são os objetivos em termos de resultados/marcas?

Em termos de resultados, não me quero fixar numa marca em específico, quero só ser capaz de correr tecnicamente bem e conseguir executar tudo que o que trabalhei. Fixar uma marca, por vezes, limita-nos ou deixa-nos obcecadas, e acabamos por falhar. E eu não quero isso.

O que é um bom resultado olímpico para Portugal?

Sei que um bom resultado para Portugal é ganhar uma medalha, mas passar as eliminatórias e bater o recorde pessoal também o é. Porque isso mostra que conseguimos dar o nosso melhor e fomos ao limite do podíamos dar.

Qual a primeira memória que tem dos Jogos Olímpicos?

A primeira memória é amizade, o respeito, o convívio com os melhores do mundo...

Quem é o melhor atleta olímpico de sempre na sua modalidade? 

Na minha modalidade, o atletismo, são vários porque temos várias disciplinas, cada uma com o seu melhor. Mas neste momento, nos 100m femininos, é a Shelly-Ann Fraser-Pryce.

Se ganhar uma medalha, a quem a vai dedicar?

Neste momento não penso em medalhas porque há etapas a passar antes de lá chegar — e quero conseguir passá-las. Mas se acontecer, porque com Deus tudo é possível, vou dedicar aos meus pais, que já não estão cá e que queriam sempre ver-me brilhar neste palco.

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Memórias, objetivos e até uma pandemia. Rumo aos Jogos Olímpicos, que se realizam de 23 de julho a 8 de agosto em Tóquio, no Japão, desafiámos alguns dos nossos atletas a responder a um Questionário Olímpico.