“Hoje devem ter passado por aqui, à vontade, 15 mil ou 20 mil pessoas, ainda não temos os números oficiais, mas dá para ter uma ideia”, adiantou à agência Lusa Francisco Spínola, diretor geral da World Surf League (WSL) Portugal, a organizadora do campeonato.
Ainda o sol não tinha nascido e já se sentia o corropio de gente, mais novos ou mais velhos, famílias inteiras, e muitos até acompanhados pelos seus cães, todos seguiam na direção para os penhascos que rodeiam a Praia do Norte, que ficou conhecida mundialmente por ter as maiores ondas de todo o planeta.
“É uma sensação muito boa estar na Nazaré. Está um dia tão bonito, que tenho até vontade me jogar na água”, disse à Lusa a ‘carioca’ Luciana, que estava acompanhada por uma amiga, também brasileira. “Nasci no Rio de Janeiro, mas moro na Póvoa de Varzim, e estou a adorar. A praia é muito bonita e almoçámos um arroz de marisco excelente”, revelou, entre sorrisos.
Já Artur e Anastasia, casal da Rússia com cerca de 30 anos, admitiram que não sabiam que era hoje que se realizava na Nazaré a etapa do circuito de ondas gigantes da World Surf League, mas aproveitaram o passeio e não quiseram perder pitada.
“Viemos conhecer a Nazaré, mas não viemos de propósito para a prova. Foi uma coincidência muito fixe e estamos a adorar o ambiente”, realçou Artur. Já Anastasia apontou para a “beleza” da vila piscatória da Nazaré, revelando que já estiveram em Lisboa e que também se renderam aos encantos da capital portuguesa.
Por seu turno, Patrick Shaughnisse, surfista californiano que se atira a ondas grandes, admitiu à Lusa que passou todo o dia a acompanhar o campeonato, mas que estava desejoso que terminasse para que ele próprio pudesse experimentar as ‘bombas’ da Nazaré.
E foi apanhado precisamente quando saiu da água, com a prancha debaixo do braço. “Vivo em Santa Cruz [Califórnia, Estados Unidos] e vim passar uma semana de férias à Nazaré para surfar ondas grandes. Estão altos tubos e está a valer a pena”, afirmou, deixando elogios ao desempenho dos ‘big riders’ (surfistas de ondas gigantes) que estiveram em competição.
“Foi muito louco. Aproveitei para aprender com eles”, rematou.
Claro que no meio desta autêntica multidão que hoje se deslocou à Nazaré havia também muitos portugueses. Um deles, José Dias, 76 anos, contou à Lusa a sua experiência neste dia que vai ficar na memória de todos os que estiveram na Praia do Norte.
“Sou um curioso. Moro em Alcobaça e, como sabia que ia haver campeonato na Nazaré, quis ver espreitar. Está um dia bom e digo-lhe, nunca vi isto assim, com tanta gente e tantos turistas como agora”, lançou.
E acrescentou: “O americano [Garrett McNamara] que deu alma a isto merecia uma estátua em ouro no meio da vila. Antes, ninguém vinha para cá e agora a Nazaré é conhecida no mundo inteiro. Isto é excelente.”
De resto, segundo Francisco Spínola, as ondas do canhão da Nazaré, “algumas com mais de 15 metros”, não atrairam apenas os visitantes que se conseguiram deslocar a um dia de semana para assistir ao vivo ao campeonato na Praia do Norte.
“Tenho indicação da WSL que hoje o fluxo de tráfico no nosso ‘site’ foi um dos maiores do ano. Em termos de comparação, posso dizer que o campeonato de Peniche [do ‘Championship Tour’ (CT)] contou com 65 milhões de ‘pageviews'”, indicou o responsável, destacando que o evento de hoje foi um dos “mais desafiantes para organização”, mas que pode ser considerado como um “verdadeiro sucesso”.
E para o ano há mais.
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