"Considerando o nível de prova alcançado e a inexistência de risco processual, é viável autorizar a prisão domiciliária. Além disso, ambos usarão pulseiras de monitorização de movimentos", afirmou em comunicado a Procuradoria de Crimes Contra a Integridade Sexual, responsável pelo caso.
Minutos depois, os jogadores deixaram de carro o centro de detenção provisória onde se encontravam desde sexta-feira, conforme constataram jornalistas da AFP.
"Conseguimos a transferência da prisão para uma residência particular, estamos muito contentes. É um passo muito importante para os dois jogadores de râguebi e também para o râguebi francês", disse o advogado de defesa, Rafael Cúneo, em declarações à imprensa na saída da procuradoria.
A advogada da denunciante, Natacha Romano, disse à AFP que essa medida era esperada: "Enquanto permanecerem no nosso país, em Mendoza, é indiferente para nós onde estejam detidos", afirmou.
Romano também destacou que a procuradoria manteve garantias como a ordem de prisão internacional e a retenção dos documentos dos acusados.
Auradou e Jegou foram detidos na segunda-feira passada em Buenos Aires, transferidos na quinta-feira para Mendoza e formalmente acusados na sexta-feira, após a denúncia de uma mulher que os conheceu na madrugada de domingo, 7 de julho, horas depois de um jogo amigável contra a seleção argentina de râguebi nesta província.
A procuradora Cecilia Bignert acusou os atletas na sexta-feira de violação agravada pela participação de duas pessoas. Os jogadores, por sua vez, afirmam que a relação sexual foi consensual e negam ter agido com violência.
A procuradoria tem dez dias a partir da acusação para solicitar uma audiência de prisão preventiva para que os acusados permaneçam detidos até o final do processo judicial.
"É algo que nos dá esperança que tenham ordenado esta prisão domiciliária porque isso nos indica que em breve a procuradoria solicitará a prisão preventiva, caso contrário, não teriam ordenado a prisão domiciliária", afirmou Romano.
Nesta quarta-feira começaram os depoimentos das testemunhas, incluindo do taxista que levou a mulher do Hotel Diplomático, onde Auradou e Jegou estavam hospedados, até à sua casa, às oito da manhã.
O presidente da Federação Francesa de Râguebi (FFR), Florian Grill, afirmou na terça-feira que a entidade tinha "encontrado uma casa que poderia ser alugada em Mendoza".
"Para enfrentar a emergência, fomos nós que antecipamos os fundos para todas as despesas que seriam realizadas, mas os custos são responsabilidade das famílias, não da Federação Francesa de Râguebi", acrescentou, durante uma conferência de imprensa no Centro Nacional de Râguebi Marcoussis, ao sul de Paris.
"Dependendo da evolução das coisas", continuou, "é bastante óbvio que os clubes e jogadores profissionais, que também se solidarizaram, queiram contribuir (financeiramente), de modo que o custo para as famílias não seja significativo", completou Grill.
Na segunda-feira de manhã, os pais de um dos acusados, o ex-jogador de râguebi David Auradou e a sua esposa Marie — que tinham viajado no fim de semana para a Argentina — compareceram na procuradoria e foram vistos a sair com a defesa, embora não tenham dado declarações.
"Ela é uma mãe com o seu filho preso e acusado de violação; claro que está preocupada", disse o advogado Rafael Cúneo aos jornalistas.
"A França está preocupada, o râguebi está preocupado, eu estou preocupado. Obviamente estamos preocupados e vamos trabalhar com toda a seriedade do mundo para provar a inocência", concluiu.
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