“Os clubes nacionais ficam claramente vencedores se o modelo atual vencer, porque, de certa maneira, são beneficiados ou, pelo menos, fazem parte do sistema e disputam com regularidade as competições europeias. Com a criação de uma Superliga, poderíamos ter o risco de os melhores clubes portugueses não estarem no topo dessa prova e isso seria mau para o nosso futebol”, enquadrou à agência Lusa o associado da Abreu Advogados.
Na quinta-feira, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) avaliou como contrária à legislação europeia a decisão da FIFA e da UEFA de proibirem futebolistas e clubes de participarem em provas privadas, tal como a Superliga proposta em 18 de abril de 2021.
“Para os portugueses, há esta sensação de que o nosso campeão nacional compete com os melhores. Há um bocado esta democracia. Depois, se ganha ou perde, se apresenta melhores ou piores equipas ou se junta maior ou menor capacidade económica, isso já é outra coisa, mas, pelo menos, tem a possibilidade de competir com os melhores”, frisou.
Em outubro de 2022, foi criada a companhia A22 Sports Management, promotora de um projeto readaptado em fevereiro de 2023, sob novos princípios e um modelo com 60 a 80 clubes, que fosse aberto, sem membros permanentes e alicerçado no mérito desportivo.
Na sequência da decisão proferida pelo TJUE, o diretor executivo da empresa, o alemão Bernd Reichart, difundiu a proposta de uma nova “competição europeia aberta”, com 64 clubes repartidos por três ligas masculinas e 32 por duas femininas, sob a promessa de existir a transmissão gratuita dos jogos através de uma plataforma de ‘streaming’ digital.
“Com um modelo de Superliga, os nossos melhores clubes poderiam ficar relegados para uma posição secundária e isso não é interessante, porque o futebol português vive muito da exportação de jogadores e a visibilidade que lhes permite ter grandes vendas advém da sua presença na Europa”, analisou Fernando Veiga Gomes, dando conta da oposição exteriorizada por Benfica, FC Porto, Sporting, Sporting de Braga e Vitória de Guimarães.
Os espanhóis do Real Madrid e do FC Barcelona são os únicos ‘resistentes’ entre os 15 fundadores do projeto original – apesar de só terem sido revelados 12 -, que preconizava uma prova fechada com 20 clubes, cenário contestado por vários quadrantes, desde as estruturas da modalidade até aos governos nacionais, passando pelos próprios adeptos.
“O mérito desportivo é um dos princípios-base de toda a pirâmide do futebol mundial. Há curiosidade para saber como é que a Superliga vai compatibilizar isso com os interesses dos seus clubes fundadores, que questionam o motivo de uma terceira entidade receber grande parte dos direitos comerciais de uma prova que eles podem organizar”, terminou.
Em 2024/25, face ao alargamento de 32 para 36 participantes, a Liga dos Campeões vai trocar a fase principal, com oito grupos de quatro equipas cada, por uma liga única, que qualificará de forma direta os oito melhores classificados para as eliminatórias, enquanto aqueles que ficarem entre o nono e o 24.º lugares vão realizar um play-off a duas mãos.
Essas mudanças vão ser também aplicadas à Liga Europa e à Liga Conferência Europa, ambas com uma fasquia máxima de 36 finalistas, visando mais encontros em disputa e prémios monetários avultados, num sinal da UEFA replicado há uma semana pela FIFA.
A partir de 2025, o Mundial de clubes juntará 32 equipas de seis confederações, 12 das quais europeias, e vai incluir o atual campeão português Benfica e o FC Porto na edição inaugural do novo formato quadrienal, de 15 de junho a 13 de julho, nos Estados Unidos.
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