O mercado de calçado basquetebolístico continua a ser claramente dominado pelas duas marcas mais reconhecidas: a Nike e a Adidas. Contudo, os seus impérios perderam um pouco gás nestes últimos meses, sobretudo a Adidas que, segundo dados do Yahoo Finance, apenas cresceu 8% no ultimo trimestre de 2018 (ao invés dos 16% no ano anterior e de 18% em 2016). A competição feroz com a Nike mas também a reentrada de marcas no mercado, o estabelecimento da Under Armour como um concorrente a ter em conta e a dispersão do mercado em marcas que, apesar de ainda pouco proeminentes, acabam por dispersar os consumidores, são as principais causas para este ligeiro abrandamento da marca.
Relativamente à Under Armour, parte da razão que a tornou o terceiro player deste mercado é o seu portfólio. Para além de Stephen Curry, um dos mais influentes jogadores da NBA atualmente, a marca assinou várias outras estrelas basquetebolísticas como Dennis Smith Jr, Kent Bazemore e, sobretudo, o irreverente Joel Embiid, que, com a sua personalidade carismática, cativa muitos jovens através das redes sociais.
O ano de 2018 também foi marcado pelo ressurgimento de duas marcas no mercado do basquetebol, com New Balance e a Puma a agressivamente tentar marcar posição através da contratação de novos atletas e do lançamento de algumas gamas de sapatilhas e de roupa desportiva relacionada com a modalidade.
Para a Puma, este é o regresso a um mercado onde teve presença apenas na década de 70, com o lendário Walt Frazier a ser a cara basquetebolística da marca através de umas sapatilhas coloridas e de um formato diferente daquilo que era tradicional na altura. O regresso ao basquetebol e à NBA fez-se através de jogadores jovens e irreverentes como DeMarcus Cousins, DeAndre Ayton, Marvin Bagley III ou Kevin Knox, e de uma abordagem mais funky, através de sapatilhas que, para além de serem de performance, podem perfeitamente ser usadas no dia-a-dia.
Já a New Balance “chocou" o mercado quando assinou com Kahwi Leonard (que rejeitou uma renovação de contrato com a Jordan Brand, marca de calçada assinada por Michael Jordan e detida pela Nike), uma das maiores estrelas da NBA, que se tornou assim na cara da marca. Segundo a ESPN, o contrato do jogador dos Toronto Raptors será substancialmente maior do que os 5 milhões anuais que possuía na Jordan Brand.
Num espectro inferior, mas que acaba por ter relevância no mercado do basquetebol, aparecem a LiNing e a Anta que são maioritariamente publicitadas pelos atletas Dwyane Wade (que já passou pela Converse e pela Jordan Brand) e por Klay Thompson (o atleta viu no mercado chinês uma oportunidade de ter a sua própria linha a titulo individual).
Performance vs. Cultura?
Este foi um ano de transição mais intensa para as linhas de sapatilhas de performance, que perderam peso no total de vendas das marcas. Assim, a estratégia das equipas de marketing responsáveis pelas mesmas incidiu na forma como estas sapatilhas podem integrar-se no dia-a-dia, cativando uma amostra da população mais ampla. Para esta mudança de abordagem, muito contribuíram as colaborações com artistas como Kanye West (Adidas, com a linha Yeezy), Travis Scott (Jordan Brand, com a linha Cactus Jack) e Pharrell Williams (Adidas, com a linha Originals). Nota ainda para o lançamento de várias linhas com o artista Virgil Abloh (com a assinatura Off White).
De realçar também uma colaboração inédita: a equipa de futebol do Paris Saint-Germain foi a primeira de sempre a usar a Jordan Brand nos seus equipamentos num jogo da Liga dos Campeões, lançando também uma linha de roupa e acessórios em parceria com a marca de Michael Jordan, detida pela Nike.
Os retros e a cultura
A par de tudo isto, a cultura “retro’ continua a ser cada vez mais uma parte muito importante no que toca aos números destas marcas, sendo que este é um mercado claramente em expansão. O maior exemplo disso foram os re-lançamentos das Jordan Concord XI (existem relatórios que as determinam como a sapatilha de basquetebol mais vendida de sempre), das Nike Air Max 97 (através de atletas como Cristiano Ronaldo) e das Adidas Superstar.
Também a mudança das regras na NBA, que até esta temporada apenas deixava os jogadores utilizarem sapatilhas das cores do equipamento ou neutras, foi importantíssima, visto que esta liberdade deu azo a sapatilhas com cores completamente alternativas e, sobretudo, desenhos apelativos. Aqui, nomes como Kickstradomis e Kickasso destacam-se nesta arte da personalização que se intitula PE (Players Exclusive).
A “batalha das marcas” está em constante evolução e atravessamos neste momento provavelmente o maior pico criativo em cada um dos players do mercado. As marcas apostam tudo para cativar jovens e adultos a usar sapatilhas de estrelas que seguem regularmente na televisão e nas redes sociais, o que nos deixa uma certeza: 2019 será um ano de exploração agresssiva de um mercado que parecia “adormecido”.
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