O draft de 2018 está a menos de um mês de distância - a escolha dos novos rookies da NBA está agendado para a madrugada de 21 para 22 de junho, no Barclays Center, em Brooklyn -, mas já faz correr muita tinta. E não fossem as épocas extraordinárias de Ben Simmons (Philadelphia 76ers), Donovan Mitchell (Utah Jazz) e Jayson Tatum (Boston Celtics), e não se falaria de outra coisa.
Ayton ou Dončić?
Com os Phoenix Suns a terem o direito de escolher primeiro, surgem rumores que a formação do Arizona está indecisa entre dois nomes: DeAndre Ayton e Luka Dončić. Como assim, o "Wonder Boy" esloveno não é a primeira escolha de caras? Pois. Depois de apenas um ano na Universidade de... Arizona, Ayton perfila-se como candidato a escolha dos Suns.
O poste nascido nas Bahamas é um portento físico (2.16 metros de altura, 2.25 metros de envergadura e 100kg de peso) que muitos acreditam ser capaz de marcar uma geração. Um jogador grande com a agilidade de um jogador pequeno, ofensivamente polido - é um bom lançador de meia distância, tem repertório para jogar de costas para o cesto e é um perigo a rolar após o bloqueio direto - e preparado para render de imediato na NBA. Ideal para encaixar nuns Suns com Devin Booker, T.J. Warren e Josh Jackson no perímetro. Há, no entanto, algumas preocupações em relação ao que pode, ou melhor, ao que não consegue fazer na defesa. Apesar de ser um duplo-duplo sempre à espera de acontecer (médias de 20.1 pontos e 11.6 ressaltos como caloiro no campeonato universitário americano), DeAndre Ayton não é um protetor do cesto e mostra, por vezes, pouco empenho nas tarefas defensivas.
As dificuldades que Ayton revelou no meio campo defensivo fazem torcer o nariz e, por isso, Luka Dončić (1,98 metros e 99kg) continua a ser o favorito de muita gente. Com o jogador do Real Madrid, os Suns ganhariam um talento inolvidável para a posição de base, posição cujo trabalho de desenvolvimento é uma das especialidades do novo treinador do conjunto de Phoenix, Igor Kokoškov, que, ainda por cima, conhece especialmente bem o base/extremo da seleção nacional da Eslovénia.
Após uma temporada de sonho em que juntou os títulos do EuroBasket e da Euroliga a várias distinções individuais (MVP e Rising Star da fase regular da Euroliga e MVP da Final Four da prova, entre outros), Dončić parece ter convencido os que ainda duvidavam da capacidade do prodígio de 19 anos em transferir o seu jogo para a NBA. Técnica individual, capacidade de lançamento e de passe, visão de jogo e leitura acima da média para um atleta da sua altura estão a deixar os scouts da liga em alvoroço.
Segunda linha de qualidade
Mas a qualidade deste draft não se esgota em DeAndre Ayton e Luka Dončić. Aliás, até pode ser outro nome a ser escolhido na primeira escolha, embora essa hipótese seja menos provável. Ainda assim, Marvin Bagley III (Duke), Michael Porter Jr. (Missouri), Mohamed Bamba (Texas), Jaren Jackson Jr. (Michigan State), Trae Young (Oklahoma) e Mikal Bridges (Villanova) são garantia de adições de qualidade para as equipas com as primeiras escolhas.
Bagley e Porter chegaram a ser apontados como as mais altas escolhas deste draft, mas perderam algum buzz ao longo da época do campeonato universitário. O primeiro, um extremo/poste de 2,11 metros a jogar na mítica Universidade de Duke, mostrou todo o potencial que lhe é apontado: a versatilidade tão procurada e valorizada na NBA actual, embora precise de ganhar músculo para ser uma verdadeira força defensiva. Já Porter, um extremo de 2,09 metros que é comparado a Kevin Durant, teve a infelicidade de ter sofrido uma lesão grave que o afastou dos campos durante grande parte da época, mas conseguiu voltar a tempo de mostrar a sua afamada capacidade de lançamento, a que precisa de juntar alguns argumentos a partir do drible.
Bamba (poste de 2,13 metros), um atlético defensor e ressaltador, com possibilidade de desenvolver o seu jogo ofensivo para se tornar uma ameaça dos dois lados do campo; Jackson (extremo/poste de 2,10 metros), um possível stretch four com elevado potencial defensivo; Young (base de 1,88 metros), um jogador comparado a Steph Curry pela capacidade de desequilibrar no 1x1 e pelo alcance de lançamento; e Bridges (base/extremo de 2,01 metros), protótipo do bom "atirador" e bom defensor que é tão pretendido no jogo moderno, são outros possíveis nomes que fazem criar água na boca dos especialistas.
Potenciais steals
Não há muito que enganar para as equipas de topo, no draft, mas o exemplo de sucesso de Donovan Mitchell, escolhido na 13.ª posição do draft do ano passado e candidato a Rookie do Ano, faz com que as equipas fora do top-10 na ordem de escolha tenham esperança de encontrar um diamante em bruto e que passe despercebido a outras equipas. Collin Sexton, base de 1,87 metros da Universidade de Alabama, Kevin Knox, extremo de 2,06 metros de Kentucky, e Zhaire Smith, base/extremo de 1,93 metros de Texas Tech, podem ser esses diamantes.
Se os Phoenix Suns têm a melhor "dor de cabeça" com a primeira escolha do draft, o mesmo se poderá dizer para Sacramento Kings, Atlanta Hawks, Memphis Grizzlies e Orlando Magic, que encerram o top-5. E com o talento disponível, é (quase) impossível errar. A questão que se coloca é outra: a quem sai a sorte grande?
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