Um par de semanas depois, temos Steph Curry de regresso aos tempos de 2016, em que foi eleito MVP por unanimidade; James Harden estará entre 2 e 4 semanas de fora; Lebron James e os Cavs tiveram uma pequena regressão à média mas bem na luta; Giannis Antetokounmpo voltou a mostrar exibições como no início da época em que ele parecia o melhor jogador da NBA. Estes são os 4 candidatos principais; só que eu queria fazer um texto com 5 e o meu problema é que não podia fazer um artigo com cinco porque teriam que ser seis. O quinto melhor jogador da liga esta época tem sido Kyrie Irving e, se compararmos os seus números com os de DeMar DeRozan, existe uma discrepância tão mínima que parece haver dois jogadores iguais na NBA (que não sejam os gémeos Morris).
Antes de avaliar cada candidato, vou apresentar os critérios que considerei mais importantes para fazer a selecção de jogadores. Em primeiro lugar, está o sucesso da equipa; isto é, o MVP tem de obrigatoriamente ajudar a sua equipa a ganhar. Neste parâmetro, o pior candidato é Giannis Antetokounmpo já que os Milwaukee Bucks estão somente com um record de 21-17, ainda assim empatados na coluna das derrotas com o quarto lugar, Washington Wizards (23-17).
E para distinguir quem passava no cut para os seis melhores da NBA na presente temporada, utilizei mais dois critérios que serão novos para muitos dos leitores mas que passarei a explicar da forma mais simples possível: Win Shares e Win Shares por 48 minutos.
O que significam estes termos? São ambas fórmulas matemáticas complexas — que não vale a pena estar a colocar por extenso visto que ninguém as calcula à mão — que avaliam o contributo de cada jogador para as vitórias da equipa. A primeira dá-nos o valor total para a temporada, e o segundo é o valor por cada jogo. Para serem elegíveis para a minha lista de MVP, os jogadores teriam de ter pelo menos 5 win shares e ser o jogador da equipa com mais Win Shares por 48 minutos.
É importante utilizar os dois critérios em conjunto para caracterizar que jogadores são igualmente importantes para o sucesso global da equipa e o impacto que têm só por participarem num jogo. Vamos ao exemplo de Steph Curry. Dos meus seis candidatos a MVP, tem o valor mais baixo de win shares, apenas 5,5. Isto significa que Curry é responsável por 5,5 das 32 vitórias dos Warriors até ao momento. Este valor é tão baixo porque Curry falhou 13 jogos consecutivos até ao início de janeiro, onde Golden State fez um parcial de 11-2, portanto até seria mais correto dizer que Curry é o responsável por 5,5 das 21 vitórias que a sua equipa tem quando o MVP de 2015 e 2016 jogou.
Qual é a importância das win shares por 48 min? Ajusta exatamente o valor acima para as partidas em que Curry jogou. O seu valor neste momento é de 0,301 (só James Harden tem um valor superior; 0,302). E como é que se interpreta este número? Simples, cada vez que Steph Curry joga, os Warriors já têm 30,1% da vitória arrecadada, só pela presença de um jogador.
Começando então por baixo, Irving e DeRozan têm sido os dois jogadores mais influentes das duas melhores equipas da Conferência Este, sendo que tanto num caso como noutro, o segundo melhor de cada franchise está muito próximo em produção, quer no caso de Al Horford nos Celtics como de Kyle Lowry nos Raptors.
Apesar de achar que Toronto vai eventualmente ultrapassar Boston no topo da classificação a Este, reconheço que até ao momento Kyrie tem sido o melhor, até porque liderou a equipa mais jovem da NBA, que perdeu um All-Star em Gordon Hayward nos primeiros 5 minutos da época para o resto com uma fratura na perna, a 33 vitórias em 43 jogos. Como já referi as diferenças estatisticamente entre ambos são quase residuais, porém há algumas que decididamente favorecem o base dos Celtics.
39,2 % contra 36,8% em lançamentos triplos acertados, em mais do dobro das tentativas, 265 vs 117. Irving lança também melhor de dois pontos (53% vs 51%) e tem sido, claramente, o melhor defensor entre ambos, beneficiando dos excelentes esquemas defensivos de Boston, que os coloca como melhor defesa da NBA até ao momento.
O base-extremo-faz-tudo dos Milwaukee Bucks, Giannis Antetokounmpo, só não está encostado aos três da frente nesta luta por falta de vitórias. Os seus números são verdadeiramente soberbos, lembrando que o grego está apenas na sua quinta temporada na NBA e que tem melhorado em TODAS as categorias do seu jogo, de forma consistente de ano para ano, sem qualquer retrocesso. O mais incrível no Greek Freak é mesmo o facto de ainda não sabermos quando vai parar de melhorar.
Giannis tem 58% de duplos concretizados, 29 pontos por partida (só atrás de James Harden), 10 ressaltos por jogo, 5 assistências. Quando mencionei acima os critérios das win shares, já tem 7.2, apenas atrás de Harden e Lebron James. Se pensarmos que os Bucks têm 21 vitórias, então Antetokounmpo foi o responsável directo por mais de um terço do sucesso do seu franchise até ao momento! Quando Milwaukee melhorar um pouco mais, vai com certeza ganhar o prémio de MVP.
No top3 as coisas aquecem realmente e coloco Stephen Curry atrás dos dois James por duas razões: primeiro, porque falhou 13 jogos por lesão; segundo, porque os Warriors ganharam 11 dessas partidas, incluindo no dia de Natal frente aos Cavaliers. É o melhor jogador da melhor equipa da NBA? Sim, mas como a sua equipa é tão superior à concorrência, precisa de números muito mais transcendentes para o ganhar. A boa notícia é que são quase os mesmos do de 2016, onde, recordo, levou o troféu por unanimidade. Como podem observar na tabela abaixo, as principais diferenças até são para melhor.
Curry não só se transformou numa arma letal entre o garrafão e a linha de três pontos, como está a ir para a linha de lance livre quase 7 vezes por jogo, o seu máximo de carreira por larga margem (4,6 anteriormente). A baixa nos triplos acertados para 41%, que é um mínimo de carreira — hilariante o quão bom é o seu pior ano —, também é enganadora porque desde que regressou de lesão está uma autêntica bazuca, com 28 marcados em 52 tentativas!
Lebron James pode sair desta época com o seu quinto MVP se não tiver qualquer lesão. Contudo, os Cavaliers têm de terminar mais alto na classificação. Atualmente, em terceiro, estão mais próximos de descer do que subir. E perder por 28 pontos contra os Timberwolves enquanto este texto foi escrito não vai contribuir em nada para o seu caso.
Aos 33 anos, Lebron está a lançar a segunda melhor percentagem de triplos da carreira (39%) e a melhor de duplos (62%). Também é a primeira vez que tem uma média de assistências por jogo superior a 9 (9,1). Só o facto de ter melhorado em praticamente todos os parâmetros em relação à temporada transata, com esta idade, é de louvar, principalmente porque o seu ponto menos forte ao longo de 15 épocas na NBA foi sempre o lançamento. Infelizmente o facto de a defesa de Cleveland poder vir a terminar o ano como uma das piores da história, pesará certamente quando for a altura de votar.
Por fim, chegámos a James Harden, o Barbas da NBA, que apesar de previsivelmente ficar no estaleiro entre duas e quatro semanas, lidera a liga em pontos marcados por jogo (32,3). Melhor marca de carreira em triplos marcados (39%) também, sendo que atira quase 11 vezes por partida cá de fora.
Lidera todos os jogadores nos dois critérios de win shares, 8 no total e 0,302 por 48 min. Sendo que, pela primeira vez, mais de metade de todos os seus lançamentos são triplos (50,2%) — o que é absurdo. Porém, é a tendência da liga e nada vai mudar nos próximos anos para a inverter. 2017-2018 está também a ser o ano da justiça para Harden, em que verá a sua fantástica consistência de três anos seguidos a ser segundo na votação para MVP, não por demérito próprio mas porque alguém ou alguma equipa se transcendeu historicamente, como foram os casos de Steph Curry e os Warriors, e de Russell Westbrook.
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