Dois meses depois de ter sido eleito presidente da Confederação do Desporto de Portugal (CDP) para o quadriénio 2023-2027, Daniel Monteiro apresentou publicamente cinco prioridades para o desporto nacional.
Entre esta mão cheia de primazias, os pedidos de mais e mais diverso financiamento público ao setor por via do Orçamento do Estado, em especial às federações cujas modalidades tuteladas são menos vendáveis comercialmente, e da criação de um Ministério do Desporto, ganham especial relevância quando estão marcadas eleições legislativas para 10 de março.
“O Desporto necessita de reformas estruturais e no ano em que comemoramos 50 anos de democracia em Portugal não conseguimos ver grandes reformas estruturais no setor”, disse Daniel Monteiro ao SAPO24 à margem da cerimónia que juntou diversas personalidades na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, no Jamor. Fernando Gomes (Federação Portuguesa de Futebol), João Benedito (ex-internacional de futsal), Bessone Bastos (ex-atleta olímpico), Manuel Fernandes (Federação de Basquetebol), Carlos Paula Cardoso (presidente cessante da CDP) e Emídio Guerreiro, antigo secretário de Estado da Juventude e Desporto, foram algumas das figuras presentes.
Para o recém-empossado presidente da CDP, urge, em primeiro lugar, delinear “um plano estratégico pensado para a década". Apela, por isso, a uma revisão do modelo de financiamento. “Só conseguimos um plano para a década se houver um reforço de financiamento para o setor. Este vive refém do financiamento das famílias, seja pelos jogos de sorte ou azar (Jogos Santa Casa), seja pelo investimento das famílias para aceder ao desporto. Quem pode pagar, paga, quem não pode, não acede”, alerta. “Temos de ter fontes de financiamento alargada a receitas fiscais e canalizar verbas do Orçamento de Estado para o Desporto e que tal tenha impacto nos clubes de base local, que é onde tudo começa”, explica.
O combate ao “défice” de atividade física e desporto na escola (no 1.º ciclo) dos jovens, é outra das prioridades apontadas por Daniel Monteiro. “É importante que o desporto comece nas escolas. Queremos, pelo menos três horas semanais” da disciplina, pede.
A exposição mediática do desporto não foi esquecida pela nova direção da Confederação de Desporto de Portugal. “Precisamos de mais desporto na RTP, além do futebol. Está a ser discutido o Contrato de Concessão com a RTP (assinado em 2015, com a duração de 16 anos, mas cuja renovação é feita de quatro em quatro anos) e defendemos mais horas do desporto na grelha de serviço público, com a RTP a assumir a produção de conteúdos e que nós, CDP, possamos, num modelo de co-gestão, construir a grelha”, aponta.
Por fim, considera que todos os quatro pontos apresentados só são concretizáveis “se houver a valorização e reforço do papel político no Desporto”, alerta. Por essa razão, considera “fundamental a criação de um ministério do Desporto em Portugal”, apela.
“19 em 27 países da UE têm ministro do Desporto, com pasta única ou partilhada”, compara. “As reformas só acontecem se tivermos peso político”, observa. “Dou um exemplo. No PRR, para o desporto federado, há 0 euros; para a cultura, 300 milhões. Isso prende-se muito com a importância política do setor no nosso país e é isso que queremos inverter”, finalizou Daniel Monteiro.
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