"Foi arrancar a matar e acabar a morrer, acabei a dar o estoiro, não havia mais nada para dar", disse Norberto Mourão, mostrando-se “radiante” com o resultado conseguido no Sea Forest Waterway, onde há cerca de um mês o amigo Fernando Pimenta conseguiu o bronze olímpico na prova de K1 1.000 metros.
O atleta, que se estreou em competições paralímpicas, cronometrou 55,365 segundos, ficando a 2,288 do brasileiro Paulo Rufino (53,077), que se sagrou campeão paralímpico com a melhor marca da distância.
Norberto Mourão, que também deu a Portugal a sua primeira medalha na modalidade em Jogos Paralímpicos, considerou que o resultado alcançado "é fruto de um trabalho intenso desde 2011" e mostra que a opção de há uns anos trocar o caiaque pela canoa foi boa.
"A medalha confirma que a aposta de mudar do caiaque para a canoa foi ganha, não só nos resultados europeus e mundiais, mas também na prova mais importante de todas, os Jogos Paralímpicos", afirmou o canoísta, que junta o bronze de Tóquio2020 aos títulos de campeão europeu e vice-campeão mundial.
Norberto Mourão, que terminou atrás do brasileiro Paulo Rufino e do norte-americano Steven Haxton, medalhas de ouro e prata, respetivamente, considerou que as condições meteorológicas foram as piores possíveis.
"Voltaram a estar as piores condições para mim, havia vento de frente e do lado esquerdo, um vento que favoreceu o brasileiro e o norte-americano, porque eles pagaiam do lado esquerdo", afirmou Norberto Mourão, que conclui a prova em 55,365 segundos, a 2,288 segundos do brasileiro.
O canoísta, que perdeu as duas pernas num acidente de moto, considerou que o ano de 2021 “é o melhor de sempre a nível desportivo” e lembrou que daqui a menos de três semanas vai disputar os Mundiais, em Copenhaga.
"Ainda tenho os Mundiais, depois vou descansar e começar a olhar com calma para o próximo ciclo", afirmou o atleta, de 40 anos, que treina habitualmente no Centro de Alto Rendimento de Montemor.
Com a medalha ao peito, mas ainda sem ter tido tempo para olhar para o telemóvel, Norberto acredita ter já recebido uma mensagem de parabéns de Fernando Pimenta.
"Temos uma cumplicidade muito grande. Na canoagem é assim, treinamos juntos, vamos para as provas juntos, competimos juntos, apenas em regatas diferentes, o que faz com o grupo seja muito unido. Isso é a inclusão, somos todos iguais", explicou.
O canoísta português, que na quinta-feira conseguiu o apuramento direto para a final, terminou a prova a 316 centésimos de Igor Korobeynikov (55,681), do Comité Paralímpico da Rússia, que foi quarto.
No Sea Forest Waterway, onde há cerca de um mês Fernando Pimenta foi bronze olímpico em K1 1.000 metros, o norte-americano Steven Haxton (55,093) arrecadou a medalha de prata.
A menos de dois do final da competição, Portugal soma duas medalhas de bronze e 19 diplomas.
* Declarações recolhidas por Alexandra Oliveira, enviada da Agência Lusa
Notícia atualizada às 09:29
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