Os números não enganam. Embora nos últimos vinte anos o Benfica tenha vencido oito campeonatos (seis nos derradeiros dez anos), a verdade é que diante de um dos principais rivais, as pernas parecem tremer na Luz. Três vitórias (uma outra para a Taça) contra dez do FC Porto. Como se explicam então os tais números?
“Nunca é fácil encontrar explicações para este tipo de situações no desporto, até porque estes jogos podem acontecer numa altura em que determinada equipa não está bem, há vários fatores. Mas depois há outros que umas equipas trabalham melhor que as outras, há grupos de trabalho mais fortes mentalmente que outros, etc. Acredito que seja tudo mental, mas a mente é a arma mais poderosa no futebol. Imagine que todos temos o mesmo talento, mas eu marco mais golos que você, ou faço mais fintas ou dou mais assistências, em equipas semelhantes. Eu faço-o porque mentalmente estou em outro patamar”, começou por revelar ao SAPO24 Hugo Domingues, especialista em psicologia do desporto.
Hoje em dia, este tipo de profissionais já trabalham diariamente com os clubes e mesmo individualmente com os futebolistas. São situações como estas que ajudam a tentar ultrapassar.
“Neste tipo de clubes é sempre mais complicado, nem tem muito a ver com cada jogador, até os adeptos entram nesta equação. Há vários anos que há este tipo de bloqueio do Benfica a jogar em casa com o FC Porto. Se me está a ligar sobre este assunto é porque todos reparam no que se passa. Como se costuma dizer, parece que o Benfica entra sempre a perder e o FC Porto a ganhar, no Estádio da Luz. Quando digo que são situações mais complicadas é porque o Benfica, ou o FC Porto ou Sporting, é um clube que gera notícias e situações ao segundo. Os jogadores, os adeptos, leem tudo, mesmo que digam que não o fazem. Eles sabem dos números, das estatísticas mais do que em outros clubes mais pequenos, onde não é dada tanta atenção. Por isso, é mais complicado desatar algum nó. Podemos desatar em quatro ou cinco, mas um plantel tem mais de 20 futebolistas. E os próprios adeptos também entram para o estádio menos crentes, é um efeito bola de neve”, salientou o clínico.
"Imagine que todos temos o mesmo talento, mas eu marco mais golos que você, ou faço mais fintas ou dou mais assistências, em equipas semelhantes. Eu faço-o porque mentalmente estou em outro patamar"Hugo Domingues, especialista em psicologia do desporto
Haverá então uma solução para desatar os tais nós? Hugo Domingues acredita que sim, mas essa passará, sobretudo, pelo que acontecer nas quatro linhas.
“São as vitórias. No desporto, são elas que ganham as batalhas mentais. O Benfica, neste caso, até poderá jogar pior que o adversário, mas se conseguir conquistar umas quantas vitórias consecutivas, a tal cultura de vitórias que se fala no futebol, ultrapassará esse bloqueio”, concluiu.
Um golo chegou em 2018/2019
A última vitória das águias data então da temporada 2018/2019, campeonato esse que o Benfica acabaria por conquistar. Foi um triunfo 'magro', por 1-0, mas há quatro anos que as águias não venciam o FC Porto na Luz, para a liga.
O autor do único golo foi o suíço Seferovic, que se recorda bem. “Claro que sim. Foi uma vitória muito importante, penso que logo no início da segunda volta do campeonato. Golos e vitórias destas recordamo-nos muitas vezes”, confessou o avançado ao SAPO24, abordando a questão da falta de vitórias diante dos dragões.
“Não sei, sinceramente. Sempre preparámos bem os jogos e às vezes tínhamos mais azar do que qualquer outra coisa. Mental? Pode ser, há pessoas mais fortes que outras, mas sempre tivemos um grande grupo no Benfica, sempre fizemos tudo para conseguir vencer todos os jogos”, salientou o avançado, acreditando que esta noite será a vez das águias vencerem.
“Tenho a certeza. O Benfica tem um grande grupo e um grande treinador, jogam muito bom futebol. Mas os campeonatos não se decidem neste jogos, faltam muitos. Mas acredito que vão ganhar”, referiu.
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