O que é a que a Patrícia Mamona tem? A resposta é fácil e múltipla.
A atleta do triplo salto tem talento. De sobra.
Tem determinação. Muita.
Tem vontade de superar-se. Já em Paris 2024.
Tem uma medalha de prata. Apresentou-se com a dita ao peito na chegada a Lisboa e mostrou-a na conversa com os jornalistas.
Tem uma marca de 15,01 metros alcançada nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O número escrito num pedaço de cartão recordava-a disso mesmo durante a chegada da atleta a Lisboa.
Tem uma legião de fãs que a foram esperar ao aeroporto depois de uma viagem longa que a trouxe de Tóquio, mais parte da comitiva de atletismo e a seleção nacional de andebol. Tem também 308 mil seguidores na rede social Instagram
Por fim, Patrícia Mamona tem um treinador, José Uva, que também ele teve seguidores à espera no Aeroporto Humberto Delgado.
“Fui professor de educação física no Colégio Militar (CM) durante 8 anos”, diz em conversa apressada com o SAPO24, entre a pose para a fotografia com a atleta que treina e a espera por registar esse momento com os ex-alunos da instituição que deixou “há cerca oito anos” e estavam ali à sua espera.
“Malta do CM, venham a aqui tirar uma fotografia, aproveitem agora”, ordena aos ex-pupilos.
Eram cerca de uma mão cheia de antigos alunos. Tinham um tambor, uma bandeira de Portugal, três cartões com inscrições, tudo feito à pressa por um deles. Francisco Araújo, uma vida inteira, “dos 9 aos 27, na escola militar sita na Estrada da Luz, em Lisboa.
“Orgulho nacional, Uva e Mamona”, “Um forte Zacatraz dos seus alunos” e “Asinha de frango”, são os recados escritos à espera do antigo “professor”, a quem decidiram prestar a “devida homenagem”, adianta Francisco, estudante de mestrado em Direito e editor de um projeto de responsabilidade cívica independente que o leva a entrevistar os 230 deputados da Assembleia da República.
“Asinhas de frango é uma referência ao sentido do humor do professor de quem fui alunos durante cinco anos. Dizia sempre isso quando nos preparávamos para o salto em altura”, conta o ex-atleta de esgrima, relembrando que o treinador tinha “uma personalidade que os marcou a todos nós, tinha a exigências de nos superarmos e uma atitude positiva da vida”, confidenciou.
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo”
De volta à personagem principal. Patrícia Mamona. A triatleta, vice-campeã olímpica chegou ao princípio da tarde a Lisboa.
Mal a dupla José Uva e Patrícia Mamona ficaram visíveis na rampa das chegadas, os gritos “Uva, Uva, Uva” e “Mamona, Mamona, Mamona” provocaram eco na sala quase abafando os diversas e sonoros aplausos à espera de ambos. E, já agora, da restante comitiva portuguesa onde se inseria outros atletas do atletismo e a seleção nacional de andebol. “Portugal, Portugal, Portugal”, gritaram.
Passados os abraços, beijos e entrega de flores, Mamona teve direito a uma impressionante guarda mediática alinhada à sua espera em frente ao painel “equipa Portugal”.
Patrícia Mamona tem, a partir de agora, esse direito concedido às estrelas mediáticas. Um frenesim mais característico no futebol.
Com a presença de inúmeros meios de comunicação social, entre perguntas, deixou claro entre dentes algumas frases para o que daqui para a frente podem esperar dela.
“Tenho muita energia”, disse. “Tenho o exemplo de Susana Costa, 34 anos, que infelizmente não se conseguiu qualificar (esteve no Rio de Janeiro 2016), mas tentou”, acrescentou a atleta do Sporting Clube de Portugal já com o foco na próxima competição olímpica, Paris 2024. “Temos que desligar desta coisa das idades”, frisou. “Se a mente quer, o corpo é capaz de dar tudo”, continuou.
Deixa um recado. Terá de ser feito “mais investimento no desporto escolar (onde começou) que é aí que vem os talentos”, sublinhou momentos antes de receber uma camisola do Comité Olímpico de Portugal (COP) com uma frase elucidativa: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
Patrícia Mamona tem o sonho de ir a Paris. Daqui a três anos, naquela que poderá ser a quarta participação olímpica.
Por fim, não sei se ainda falta dizer algo sobre o que é a Patrícia Mamona tem. Tem tudo o que uma campeã pode ter.
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