“Em Londres 2012, eram 9h00 da manhã, o estádio estava cheio, não estava tão habituada a tal, estava tão nervosa que não via o meu treinador. Obviamente a competição não foi assim tão boa. Falhei a final e foi uma experiência em que aprendi. O Rio (2016) já foi diferente”.
A confidência saiu da boca de Patrícia Mamona, vice-campeã olímpica no triplo salto em Tóquio 2020 numa conversa partilhada com Fernando Pimenta, canoísta vice-campeão em K2 1.000 metros em Londres 2012 e medalha de bronze em K1 1.000 no Japão, durante a Web Summit.
“A Força Mental e o caminho para Tóquio” foi o tema que levou os dois atletas olímpicos à cimeira tecnológica.
À margem da sua intervenção, em conversa com os jornalistas, viria a acrescentar ao SAPO24 dois outros obstáculos que teve de ultrapassar e que viriam a robustecer a sua mente. O primeiro, em 2017, ao sofrer uma cirurgia ao joelho. “Não sabia o que ia acontecer e psicologicamente não sabia se voltava ao normal”, reconheceu. O outro, no ano passado, quando contraiu a infeção pelo novo coronavírus, tendo pensado inclusive em “desistir e não ir aos Europeus”. Não o fez.
“Às vezes, as adversidades que nos aparecem tornam-nos mais robustos. Temos de encarar as barreiras com positividade. Podes treinar o mais que puderes, mas se a cabeça não estiver no sítio, obviamente, a competição vai correr mal”, advertiu.
No palco, a saltadora do triplo salto disse ter aprendido uma lição em Londres. “Aprendi a usar a pressão a favor de mim mesma e não que não me afete”, assinalou.
Recordou que compete por Portugal vai para “10 anos”, que os Jogos Olímpicos, foram uma competição que de “sonho passou a possibilidade”. Vestir o “uniforme do país” apesar de ser “uma pressão”, é algo que considera ser bom para ela, enquanto atleta. “Lido bem com a pressão, uso-a a meu favor”, assumiu.
A conversa, em inglês, prosseguiu pela relação entre corpo e mente. “Podemos treinar o corpo para fazer grandes coisas, mas a mente faz parte do corpo. Se não estão ligados, podemos treinar, mas se a mente não está preparada para a competição obviamente não corre bem”, alertou.
Patrícia Mamona revelou ter feito no caminho para Tóquio 2020 um trabalho específico. “Nos últimos dois anos trabalhei na parte mental. Aprender a controlar emoções, a confiança associada ao físico”, sublinhou.
“Duas semanas antes dos Jogos Olímpicos estava a imaginar como seriam os Jogos. Sabíamos que não teria público e imaginava o que podia acontecer se fizesse uma falta e como recuperaria a minha confiança num estádio vazio”, recordou.
“A saúde mental é muito importante. Não importa quão talento tens. Temos um minuto para fazer o melhor e temos de fazer tudo no lugar”, finalizou a atleta do Sporting.
Com a ajuda de “duas psicólogas”, uma dupla ajuda, não só com o treino, mas também com questões emocionais, pessoais e de família, Mamona reconhece estar num “nível em que sei que isso influencia muito, por isso tento procurar estar numa paz mental o mais estável possível”, explicou ao SAPO24.
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