“Somos muito claros sobre este assunto. Opomo-nos totalmente à possibilidade de uma ‘mega liga’ que transcenda as realidades nacionais. Quem defende esse modelo de negócio, essa tipologia, não entende o ciclo de formação dos grandes clubes”, considerou Proença, destacando as diferenças entre o desporto profissional na Europa e nos Estados Unidos (EUA).
Segundo o dirigente, no caso português e europeu, existe “a possibilidade de participar numa competição por mérito desportivo”, enquanto que, nos EUA, o espaço é conquistado exclusivamente por mérito económico. É um erro desenhar uma liga fechada de no máximo uma dezena de clubes que beneficia de uma dinâmica económica que não é alcançável por outros clubes”.
O líder da Liga de clubes vincou que o futebol profissional não vive sem o futebol amador, numa cadeia que vai do futebol distrital, ao futebol nacional, ao futebol profissional e internacional.
“Todo esse ciclo deve ser respeitado. Se criarmos uma liga inacessível, onde as pessoas ganham a sua entrada com seu peso económico, vamos distorcer o que tanto nos mobiliza por meio do futebol”, considerou, apontando para o exemplo de “um ‘Marselha anónimo'”, que em tempos jogou na segunda divisão francesa, mas, pelo mérito desportivo, conseguiu ser campeão europeu.
E acrescentou: “É esta possibilidade, esta esperança que podemos criar através do desporto que torna o futebol europeu tão magnífico, com tanta qualidade e magia”.
Entre vários outros assuntos, Proença abordou a questão dos direitos televisivos, mostrando-se favorável à centralização dos mesmos, salientando que há consenso nesse sentido entre a “Federação, a Liga, os clubes, o poder político, mas assinalando que os atuais contratos dos clubes com as operadoras estão em vigor até 2028.
“Todos compreendem que é o único modelo que existe para rentabilizar as receitas dos clubes, para diminuir o fosso entre quem ganha mais e quem ganha menos, melhorar o produto audiovisual – que pode ser processado digitalmente ou não. Isto pode ser feito através da centralização desses direitos por meio do órgão regulador”, frisou.
Mais, Proença vincou que esta realidade já existe dentro da Federação Portuguesa de Futebol, uma vez que os direitos televisivos dos campeonatos não profissionais são centralizados pela federação, vaticinando que tal também acontecerá com os direitos audiovisuais das competições profissionais.
“Os contratos atuais assinados pelos clubes duram até 2027-2028. O que todos nós pensamos, e acho que todos concordamos nisso, é que a melhor maneira de lidar com nosso produto de futebol é por meio desse modelo. Sabemos que existe este limite de tempo, mas faremos o nosso melhor para poder antecipar, com todos os parceiros, esta data. Este é o grande desafio que queremos ver concretizado”, concluiu.
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