O adiamento foi benéfico para a preparação ou foi mais um momento de ansiedade?

Não sei se foi benéfico ou não, a verdade é que consegui o principal objetivo que era qualificar-me. Obviamente que ter sido um ano a mais de qualificação do que era previsto aumentou um pouco os níveis de ansiedade, mas no final de contas tudo correu bem e isso é o mais importante.

Beneficiou com o adiamento ou está nos Jogos devido a esse facto?

No ténis, para o apuramento conta o ranking das seis semanas antes do torneio (14 de junho). No ano passado, ninguém se qualificou. Logo, todos os jogadores que vão estar nos Jogos são os que estavam melhores posicionados no ranking nessa data. É o ranking que conta, por isso, não sei em que lugar estaria no ano passado. A verdade é que entrei. Acho que não fui prejudicado.

BI Olímpico

Pedro Sousa

Modalidade: Ténis

Idade: 33 anos

Naturalidade: Lisboa

Clube: Club Internacional de Foot-ball (CIF)

Treinador: Rui Machado

Participações: Portugal esteve representado nos JO do Rio de Janeiro, 2016, através de João Sousa e Gastão Elias. Para Tóquio viajam os dois Sousa. Pedro assegurou a estreia em Jogos Olímpicos, graças à vaga continental atribuída à Europa (Nº108 ATP) a 14 de junho, data de fecho da qualificação. João viria a beneficiar de desistências.

Factos & Curiosidades: Pedro Sousa, 119º lugar do ranking ATP, é o número um português. É o décimo português a atingir esse estatuto, lugar que pertenceu de forma ininterrupta entre 10 de setembro de 2012 e 23 de maio de 2021 a outro Sousa, João, atualmente número 133.

Filho de uma incontornável figura do ténis nacional, Manuel de Sousa, “Manecas”, tem como melhor posição no ranking mundial o 99º lugar. Foi o sexto tenista português a entrar pela porta da prestigiada lista da Associação de Tenistas Profissionais. Detém oito títulos no Challenger Tour, segunda divisão do circuito mundial de ténis, um registo igual ao seu treinador Rui Machado e, recentemente, acompanhado por Gastão Elias.

É adepto do Benfica. Uma paixão que o levou a aproveitar uma ida à casa de banho durante um torneio (Estoril Open 2015) para perguntar o resultado de um Benfica-Porto.

Há quanto tempo está a preparar os JO?

O calendário tenístico dura praticamente o ano todo, não temos grandes paragens. Tenho-me preparado como normalmente faço para os outros torneios. Vai ser um momento especial e um torneio diferente dos outros. Mas tenho feito uma preparação normal, sabendo que será um momento alto do meu ano e da minha carreira.

Ao longo deste ciclo Olímpico, quando é que pensou: este é momento do “tudo ou nada”?

Não houve assim nenhum momento em que eu achasse que fosse “o tudo ou nada”. Neste ano, ano e meio, dois anos de qualificação, sabia que tinha de somar o máximo de pontos possíveis e aproveitar a maior parte das oportunidades que iam aparecendo. Houve alturas que me correram melhor, outras pior. Quando finalmente fechou, sabia que ia ficar à porta e felizmente acabei por entrar.

Qual o pior momento na preparação?

Até agora, na preparação para os Jogos, ainda não tive nenhum momento mau. E, se tudo correr bem, ainda vou competir antes dos Jogos. Depois, a partir daí, começo a preparação mais específica. Creio que o pior momento vai ser a adaptação, os dois primeiros ou três dias de jet-lag ou o clima em Tóquio.

Que preparação específica foi feita? (Por exemplo, vai alterar os ciclos de sono antecipadamente face à diferença horária?)

A preparação mais específica será feita mais adiante, mais perto da data de partida. Será um pouco igual ao que fazemos quando vamos jogar à Austrália ou ao US Open. Falamos de viagens relativamente longas, com diferenças horárias e mudanças de temperaturas. No ténis, temos de estar habituados a isso. Acho que vai custar um pouco de início, mas não será um problema.

Qual a maior dificuldade que espera encontrar em Tóquio?

Pelo que tenho observado à distância, o clima, a temperatura e a humidade serão as maiores dificuldades em Tóquio.

Qual a coisa mais inusitada que leva na bagagem para o Japão?

Sinceramente não sei bem, ainda não fiz a mala (risos). Não acho que vá levar nada que não leve a outros sítios, ou fora do normal.

Quais são os objetivos em termos de resultados/marcas?

Os objetivos principais são tentar, primeiro, passar a primeira ronda e a partir daí logo se verá. Posso garantir que vou dar o meu melhor para jogar bem e arrancar bem o torneio, assim como desfrutar da experiência em estar presente nos Jogos Olímpicos. Sei que vão ser uns Jogos diferentes, mas mesmo assim vou procurar aproveitar ao máximo. Será, sem dúvida, uma semana bastante especial na minha carreira.

O que é um bom resultado olímpico para Portugal?

Para nós, no ténis em particular, atingir os quartos de final em singulares ou em pares já seria um bom resultado. Tudo o resto seria excelente, mas também temos de considerar que se trata de um torneio onde estão os melhores jogadores do mundo e também é preciso alguma sorte no sorteio. Para a comitiva, trazer o maior número de medalhas possível é o principal objetivo.

Qual a primeira memória que tem dos Jogos Olímpicos?

Lembro-me de alguma coisa em Atlanta 1996, mas não tenho assim memórias muito concretas. Mais tarde, lembro-me da vitória do (Eugueni) Kafelnikov em Sidney (2000).

Quem é o melhor atleta olímpico de sempre na sua modalidade?

As irmãs Williams e o Andy Murray, que ganhou as últimas duas edições — em Londres e no Rio de Janeiro.

Se ganhar uma medalha, a quem a vai dedicar?

A todas as pessoas que me ajudaram a chegar a este momento, à minha família, aos meus treinadores, aos meus amigos, porque eles são o mais importante e sem eles não teria sido possível.

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Memórias, objetivos e até uma pandemia. Rumo aos Jogos Olímpicos, que se realizam de 23 de julho a 8 de agosto em Tóquio, no Japão, desafiámos alguns dos nossos atletas a responder a um Questionário Olímpico.