Em 21 de junho, no Estádio Azteca, Pelé, único entre os eleitos de Mário Zagallo para o Mundial de 1970 que tinha participado nos triunfos de 1958 e 1962, chegou ao ‘tri’ após triunfo sobre a Itália, por 4-1, na final da nona edição do Campeonato do Mundo.
O ’10’, então um ‘veterano’ de 29 anos, deu o exemplo, ao inaugurar o marcador aos 18 minutos, com um cabeceamento que entrou junto ao poste esquerdo de Enrico Albertosi, para o seu 12.º e último golo em Mundiais, ao 14.º jogo.
Depois de Roberto Boninsegna empatar, aos 37 minutos, o Brasil selaria o ‘tri’ na segunda parte, com tentos de Gerson, aos 66, Jairzinho, que marcou em todos os jogos, aos 71, e Carlos Alberto, aos 86, os dois últimos assistidos pelo ‘rei’.
Com um tento e dois passes para golo, Pelé fechou com ‘chave de ouro’ a sua carreira em Mundiais, alcançando um ‘tri’ então inédito e que, depois disso, também não foi replicado, em mais 12 edições da prova (1974 a 2018).
O ‘rei’ escreveu em 1970 uma página ímpar na mais bela de todas as competições do futebol, depois de já ter brilhado intensamente em 1958, então ainda um ‘garoto’, e de ter passado ao ‘lado’ das edições de 1962 e 1966, por culpa das lesões.
A história de Pelé nos Mundiais começou quando o jogador ‘canarinho’ ainda dava os primeiros passos no futebol, já que foi convocado por Vicente Feola para a edição de 1958 quando tinha apenas 17 anos e pouco mais de uma época cumprida no Santos.
O jogador nascido em Três Corações, no estado de Minas Gerais, em 23 de outubro de 1940, estreara-se pelo ‘peixe’ em 07 de setembro de 1956, ano em que só disputou dois particulares, para, em 1957, começar a ‘explodir’, com 43 golos em 40 jogos oficiais.
Dois dos tentos foram na seleção, nos dois primeiros jogos, com a Argentina, e Feola convocou-o para o Mundial, no qual se estreou ao terceiro jogo (2-0 à União Soviética), após ser suplente com Áustria (3-0) e Inglaterra (0-0).
O primeiro momento de glória aconteceu ao segundo jogo, em 19 junho, ao marcar de forma brilhante — dominou de peito de costas para a baliza, rodou sobre um defesa e rematou com classe de pé direito — o golo que permitiu ao Brasil vencer o País de Gales (1-0) e qualificar-se para as meias-finais.
Motivado, embalado, a viver um ‘sonho’, Pelé ‘agigantou-se’ nas meias-finais e na final, primeiro com um ‘hat-trick’ à França (5-2) e, depois, com um ‘bis’ na final perante a anfitriã Suécia (5-2), incluindo mais um golo ‘mágico’, em que fez passar a bola por cima de um defesa antes de bater Kalle Svensson.
O ‘miúdo’ saiu em ombros do Rosunda Stadium, em Solna, e só não foi o melhor marcador do Mundial porque um ‘tal’ Just Fontaine marcou 13 golos pela França, um recorde que ainda persiste. Pelé acabaria 1958 com 75 tentos, em 53 jogos oficiais.
Quatro anos volvidos, a segunda aventura de Pelé em Mundiais, ainda um jovem, com 21 anos, começou da melhor forma, com um golo no 2-0 ao México, mas acabou prematuramente, face à lesão sofrido ao segundo jogo, frente à Checoslováquia (0-0).
O ‘rei’ não mais jogou, mas, com uma equipa de grande categoria, incluindo Garrincha, Vavá ou Didi, o Brasil revalidou o cetro no Chile, numa final que foi um reencontro com os checoslovacos, agora batidos por 3-1 — marcaram Amarildo, Zito e Vavá.
Se a segunda participação de Pelé na competição ficou marcada pelas lesões, o cenário foi idêntico na terceira, no Mundial de 1966, que, curiosamente, também começou com o ’10’ a faturar, num triunfo por 2-0 sobre a Bulgária.
Depois, foi poupado frente à Hungria e o Brasil perdeu, por 3-1, tendo de jogar o apuramento frente a Portugal. Pelé voltou, mas, com problemas físicos e ‘massacrado’ por Morais, não evitou a eliminação, selada por Simões e um ‘bis’ de Eusébio.
No calor da eliminação, chegou a dizer que não voltaria a disputar um Mundial, mas lá esteve, aos 29 anos, em 1970, para, com a sua experiência, ajudar o Brasil a chegar ao ‘tri’.
Num percurso imaculado, Pelé marcou três golos na fase de grupos, uma à Checoslováquia e dois à Roménia, e, pelo meio, assistiu face à Inglaterra (1-0), o que repetiu frente a Peru (4-2, nos quartos de final) e Uruguai (3-1, nas meias-finais).
A rematar, face à Itália, marcou um golo e ofereceu dois, sendo decisivo na final: em resumo, três títulos, 14 jogos, 12 golos marcados, 12 vitórias, um empate e apenas uma derrota, a sofrida face aos ‘magriços’, no ‘célebre’ jogo de Liverpool.
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