Após a cerimónia de homenagem da Câmara Municipal de Setúbal ao saltador e ao seu pai e treinador Jorge Pichardo, que contou com a presença da campeã olímpica Rosa Mota e do vice-campeão Francis Obikwelu, a edil confirmou que o equipamento localizado em Vale da Rosa pode ser rebatizado.
“Pode ser uma possibilidade. Estamos a pensar seriamente em dar ao Complexo Municipal de Atletismo de Setúbal o nome de Pedro Pichardo”, revelou a edil que ainda antes do ouro olímpico já tinha no passado mês de março, em nome do município, atribuído a medalha de honra da cidade.
Confrontado com a possibilidade de ver o seu nome no Complexo Municipal de Atletismo de Setúbal, Pedro Pichardo, que ganhou em Tóquio à concorrência com um salto de 17,98 metros, não esconde que se tal se realizasse seria magnífico.
“Não depende de mim, mas se isso acontecesse seria magnífico para mim. Já treino lá há quatro anos e isso nunca esteve na minha cabeça. No entanto, seria muito gratificante para mim que a minha filha lá fosse um dia e visse o nome do pai no Complexo”, afirmou.
Pedro Pichardo confidenciou ter ficado sensibilizado pela presença no Salão Nobre dos Paços do Concelho setubalense de Rosa Mota e Francis Obikwelu, atletas medalhados com o ouro e a prata nos Jogos Olímpicos de Seul (1988) e Atenas (2004), respetivamente.
“Significa muito. Não estava à espera. Quando entrei dei um abraço forte à Rosa Mota. Tenho muita simpatia pela Rosa, gosto muito dela e sempre falei muito nela. O Francis, desde o primeiro dia que cheguei ao centro do Jamor até hoje, sempre me apoiou de uma maneira incrível. Considero-o também um amigo”, disse.
Em relação ao futuro, depois de ter aterrado na noite de segunda-feira em território nacional proveniente de Tóquio, o português Pedro Pichardo, que confessou já ter esta terça-feira de manhã começado a treinar para a Liga Diamante nos Estados Unidos, confessa ter duas metas no horizonte.
“Agora que sou campeão olímpico, o meu objetivo é o recorde mundial. Já sou campeão de Europa e ainda falta atingir o título de campeão do mundo no meu currículo. São duas dívidas que tenho comigo mesmo: o campeonato do mundo e bater o recorde mundial”, frisou.
Rosa Mota, campeã olímpica da maratona em 1988, revelou ter ficado muito feliz pela medalha de ouro conquistada pelo saltador para o país.
"Fico muito feliz por Portugal ter mais uma medalha de ouro, por acaso é no atletismo, mas se fosse noutra modalidade ficava também contente. Também fico contente pela homenagem que a Câmara Municipal de Setúbal, que criou todas as condições para que o Pedro, que é um grande homem pela sua humildade e simpatia, chegasse onde chegou, fez hoje”, disse.
Francis Obikwelu, vencedor na prova de 100 metros nos Jogos de Atenas, em 2004, também elogiou Pedro Pichardo.
"É uma honra estar aqui a assistir à homenagem a um grande atleta, que é um dos melhores do mundo. Para mim, não é novidade. É um atleta de grande nível e vai ganhar muito mais para nós. Não vai ficar por aqui”, vaticinou.
Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, também esteve presente na cerimónia e fez um desabafo a dar conta do esquecimento a que a modalidade é vetada entre os Jogos Olímpicos.
“Nunca deixo de lamentar que o atletismo seja a modalidade com os únicos campeões olímpicos, quase com metade das medalhas do desporto português. No entanto, quando passa esta febre olímpica, perde-se a memória e daí a quatro anos outra vez pergunta-se se o atletismo vai ganhar mais umas medalhas. Estamos em coma quase quatro anos, desta vez o adormecimento será só de três”, lembrou em alusão ao Jogos Paris2024.
Pichardo venceu o concurso com um salto de 17,98 metros, conquistando a primeira medalha de ouro para Portugal em Tóquio2020, depois da de prata de Patrícia Mamona na prova feminina do triplo salto e das de bronze do judoca Jorge Fonseca (-100 kg) e do canoísta Fernando Pimenta (K1 1.000).
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