“Sabíamos aquilo que ele era e continua a ser nesta casa: uma pessoa muito importante, à qual já estávamos habituados e que sente o clube de forma especial. Tínhamos ali um segundo pai. Foi um choque para nós quando o ‘mister’ Petit tomou a decisão de querer sair. Tentámos que ele ficasse connosco, porque sabíamos que era uma força grande no nosso balneário, conhece esta casa melhor do que ninguém e é um excelente treinador. Aliás, os resultados estão à vista”, enquadrou o avançado, em entrevista à agência Lusa.
Quatro vitórias e um empate deram ao Boavista o comando partilhado do campeonato à segunda, quarta e quinta jornadas, mas um ciclo de oito partidas sem ganhar – incluindo cinco derrotas seguidas – diluiu o efeito do melhor arranque ‘axadrezado’ no século XXI.
O desaire na visita ao Estrela da Amadora (3-1), na 13.ª ronda, precedeu a demissão de Petit, campeão nacional como jogador no Bessa, em 2000/01, que fechou uma segunda passagem de dois anos pelo clube no qual se estreara como técnico, entre 2012 e 2015.
“Seguiu o caminho dele e nós compreendemos a sua decisão. O futebol é isto mesmo e, por vezes, há que tomar decisões que, por muito que não se queira, são as melhores no momento. Seria hipócrita da minha parte estar a dizer que o Petit abandonou o barco. É totalmente mentira. Esse assunto ficou muito bem esclarecido entre todos. Ele disse-nos que estava a tomar aquela decisão por ser a melhor para a sua vida pessoal e para ver também se alguma coisa mudaria. Foi um verdadeiro campeão”, explicou Salvador Agra.
Ricardo Paiva foi promovido dos sub-19 do Boavista para substituir o atual treinador dos brasileiros do Cuiabá, mas a queda progressiva na classificação seria inevitável para um plantel curto de opções, impedido de registar novos jogadores e com salários em atraso.
“Depois de uma temporada com esta história toda, este grupo tem de ficar marcado para estes adeptos. Pode ser não da maneira como aconteceu em 18 de maio de 2001 [dia da conquista do inédito título de campeão nacional], mas, num cenário totalmente diferente, deve-se dar valor a este grupo por tudo aquilo que passou. Se fosse com outro grupo ou clube, acho que muito dificilmente conseguiriam fazer o que nós conseguimos”, apontou.
A saída do extremo Tiago Morais para o Lille, de Paulo Fonseca, em janeiro, numa altura em que era o segundo mais influente, com seis golos, a dois de Róbert Bozeník, agravou a contestação dos adeptos, motivo dado por Vítor Murta para renunciar à presidência da SAD em fevereiro, após a goleada do Sporting de Braga no Bessa (0-4), na 23.ª jornada.
Essa vaga foi preenchida pouco mais de dois meses depois pelo ex-avançado senegalês Fary Faye, que tinha representado o Boavista como avançado em duas fases (de 2003 a 2008 e entre 2012 e 2015) e juntava nove anos de experiência diretiva naquela estrutura.
“É uma pessoa importante, até porque conhece a casa, já passou por esta profissão [de futebolista] e sabe os momentos em que se tem de tocar no coração de um jogador. Está agora numa faceta diferente e temos a crença de que vai fazer um trabalho espetacular. Acima de tudo, e além de ser presidente, o Fary é nosso amigo”, pontuou Salvador Agra.
Durante a mudança de ciclo na SAD, o Boavista voltou a trocar de treinador, com Ricardo Paiva a sair após a derrota em Arouca (2-1), na 29.ª jornada, dando lugar a Jorge Simão, que retornou ao Bessa cinco anos depois da passagem inicial (de 2017 a 2019) e obteve três empates nas cinco partidas finais, suficientes para uma manutenção sofrida na elite.
“O currículo fala por si. Tem experiência e já conhecia a casa. Parecendo que não, ajuda. Ele sabia que vínhamos de uma época larga e muito desgastante e teve o intuito de nos ajudar e dar força. Ele próprio diz para fora que veio com uma mala cheia de entusiasmo. Não é que não tivéssemos isso, mas queria que desfrutássemos da profissão”, concluiu.
*** Ricardo Tavares Ferreira, da agência Lusa ***
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