
Hoje, o ciclista da UAE Emirates não empreendeu uma das suas tradicionais aventuras de dezenas de quilómetros para ganhar a emblemática clássica, esperando pelos derradeiros 19.000 metros dos 213 quilómetros, com partida e chegada em Siena, para lançar um demolidor ataque que deixou definitivamente para trás o corredor da Q36.5, o único a ousar desafiá-lo.
Favorito número um à vitória — o mesmo dorsal que usou, por ter vencido a Strade no ano passado –, o esloveno de 26 anos superou as mazelas de uma aparatosa queda a 50 quilómetros do final e cortou a meta em 05:13.59 horas, igualando o recorde de Fabian Cancellara (2008, 2012 e 2016).
‘Pogi’, vencedor também em 2022, deixou Pidcock a 01.24 minutos, com o seu companheiro belga da UAE Emirates Tim Wellens a ser terceiro a 02.12.
“Desfrutei até à linha de meta. Agora, a adrenalina passou e começo a sentir muita dor. Não é a melhor forma de ganhar uma corrida, mas uma vitória é uma vitória. Vamos esperar que não seja pior do que parece”, admitiu depois de tornar-se no primeiro campeão mundial de fundo a ganhar esta clássica.
Considerada pelos adeptos da modalidade como o sexto ‘Monumento’, a Strade Bianche foi, novamente, fonte inesgotável de emoção, com vários formatos de fuga, quedas e problemas mecânicos, sobretudo nos setores de terra, antes da movimentação decisiva de ‘Pogi’.
A UAE Emirates ‘destruiu’ o pelotão, ao ponto de, quando Wellens entrou ao ‘serviço’, restarem apenas outros três ciclistas no grupo de Pogacar. O ataque do campeão mundial de fundo parecia iminente, mas Thomas Pidcock antecipou-se, acelerando a cerca de 80 quilómetros da meta para, depois, enfrentar algumas dificuldades para seguir o esloveno.
No entanto, os dois últimos vencedores da Strade Bianche, acompanhados também pelo ex-fugitivo Connor Swift (INEOS), haveriam mesmo de trabalhar em conjunto para distanciar os perseguidores, numa parceria harmoniosa marcada pelo exemplo de desportivismo de Pogacar, que entregou um bidon ao ciclista da Q36.5, após este não ter conseguido apanhar o seu abastecimento.
O mesmo ‘fair-play’ não foi demonstrado por Pidcock, que não esperou pelo corredor da UAE Emirates quando este caiu a 50 quilómetros para a meta, exibindo novamente a desmedida ambição que o fez sair a mal da sua antiga equipa, a INEOS.
Percebendo que não conseguia ganhar tempo ao esloveno, que, visivelmente mal tratado, ainda teve de mudar de bicicleta, o britânico aguardou por Pogacar, com Swift a perder definitivamente o contacto com a frente de corrida.
Ao contrário do que é habitual, o campeão em título do Tour e do Giro não ensaiou um ataque em solitário de dezenas de quilómetros, esperando pelos derradeiros 19 para se libertar do vencedor de 2023.
Rapidamente, o líder da UAE Emirates, com a sua camisola arco-íris rasgada e manchada de sangue, ganhou mais de 40 segundos de vantagem para Pidcock em menos de cinco quilómetros.
Pogacar pedalou sem sobressaltos até à meta, onde esperou pelo britânico para o cumprimentar, dando nova lição de ‘fair-play’, mas também por Wellens, com quem festejou uma nova conquista, a 92.ª da carreira e a quarta da temporada.
“Fui demasiado rápido [quando caiu]. Conheço esta estrada muito bem, já a percorri umas 20 vezes na minha vida, mas, às vezes, erramos o cálculo. Simplesmente escorreguei”, explicou sobre a queda, confessando ter ficado preocupado, por não saber como o corpo reagiria ao impacto.
Em nova jornada de glória para ‘Pogi’, destaque ainda para o quarto lugar do irlandês Ben Healy (EF Education-EasyPost), que foi seguido por Pello Bilbao (Bahrain Victorius) e Magnus Cort (Uno-X), novamente em evidência depois de ter conquistado três etapas há uma semana n’O Gran Camiño.
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