Segundo uma ronda feita hoje pela Lusa na capital angolana, cada nota de dólar estava a ser transacionada, em média, ligeiramente acima dos 490 kwanzas (2,79 euros), numa altura em que o acesso a dólares ou euros nos bancos angolanos permanece com fortes limitações, sendo por isso uma alternativa para muitos cidadãos, nacionais e estrangeiros, que necessitam de divisas.
As ‘kinguilas’ de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, um negócio ilegal, explicam que permanece escassa a quantidade de moeda nacional e de dólares no mercado, o que levou muitas destas negociantes a deixar a atividade nos últimos meses.
A venda de cada dólar está hoje fixa nos 495 kwanzas no bairro do São Paulo, nos 497 kwanzas no bairro dos Mártires de Kifangondo, e nos 495 kwanzas na Mutamba, enquanto as ‘kinguilas’ do Maculusso transacionavam a nota a 490 kwanzas.
Na última semana de 2016, algumas destas ‘kinguilas’ chegavam a transacionar cada nota de dólar a 480 kwanzas, conforme ronda feita então pela Lusa.
Face à falta de dólares, nacionais e estrangeiros voltam-se para o mercado de rua para comprar divisas, embora a taxas especulativas, que até já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho.
A inflação também se ressente desta conjuntura e os preços a 12 meses ultrapassaram, segundo o Instituto Nacional de Estatística angolano, os 41% de aumento, até novembro.
O Banco Nacional de Angola (BNA) garantiu no início de dezembro que não prevê qualquer nova desvalorização do kwanza, face à “tendência de estabilidade” dos preços.
“Tendo em conta a tendência de estabilidade do nível geral dos preços e consequentemente a desaceleração da taxa de inflação mensal, o BNA reafirma o seu engajamento na preservação do valor da moeda nacional, razão pela qual não haverá desvalorização do kwanza”, lê-se num documento do banco central angolano.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre deste ano.
A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (95 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.
“O BNA continuará a disponibilizar as divisas de forma regular ao câmbio de 165,8 kwanzas por um dólar dos Estados Unidos da América, não havendo necessidade dos operadores do mercado alterarem os preços dos bens e serviços”, garantiu então o banco central.
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