Com o Manchester City à procura da terceira vitória consecutiva no inicio da temporada, feito que já não é alcançado pelo campeão em título desde 2011/12, e com o Wolverhampton Wanderers à procura da sua primeira vitória desde o regresso à liga, que fatores terão mais impacto no desenrolar da partida e o que fizeram ambas as equipa para se preparar para os desafios desta nova temporada?
Aquisições e desafios
Já se sabe que é difícil bater o Manchester City em qualquer que seja o campo, e no mercado de transferências não é diferente. Com apenas uma contratação, um amor antigo, o Manchester City reforçou ainda mais o ataque resgatando Riyad Mahrez aos Leicester City. Sem mais aquisições dignas de referência, o outro "reforço" foi a recuperação de Benjamin Mendy, após lesão que o obrigou a parar durante toda a época passada. Este ano, o desafio do Manchester City será, mais do que qualquer outro, psicológico. Manter uma mentalidade vencedora, encontrar desafios e manter o grupo unido na busca de mais títulos é o grande papel de Pep Guardiola para este ano.
Já nos Wolves, as contas são diferentes e o reforço para encarar os desafios da Premier League teve que ser maior. Com cinco novos jogadores no onze inicial, a equipa de Nuno Espírito Santos tem um grande desafio pela frente, e não apenas pelo facto de ter de defrontar o campeão em título Manchester City na jornada que aí vem. O grande desafio de NES e da sua equipa técnica é adaptarem-se ao facto de já não serem superiores aos seus adversários (algo que o ponto conquistado, em seis possíveis nas primeiras duas jornadas, parece atestar). Passar de uma liga onde dominavam e controlavam o jogo durante mais tempo que o adversário, para jogos onde não serão favoritos e nos quais o objetivo passará por conseguir resistir à pressão do adversário até ao final do jogo.
A média de equipas que desce ao Championship no ano pós promoção é de 1,2 equipas/época
Com um início de época de média dificuldade, tendo em conta que a Premier League poderá presentear clubes com sequências de jogos extremamente complicadas, o Wolverhampton poderia utilizar o começo de campeonato para amealhar pontos. Mas como o Crystal Palace e o Everton provaram na época transata, a forma como se começa a liga poderá não ser fundamental. O Wolves tem tudo para fazer uma época sem grandes percalços e não será uma surpresa se conseguir a tão desejada manutenção. Em forma de curiosidade a média de equipas a retornar à Championship no ano pós promoção é de 1,2 equipas/época. Tendo em conta a organização e esforço financeiro realizado (e o possível mercado de inverno) de que o Wolverhampton dispõe, as probabilidades estão do lado da equipa de NES.
Os lobos em destaque
Olhemos a quem se destaca no onze de NES. Numa equipa super motivada para assegurar a manutenção e a continuação na liga mais lucrativa do mundo, há ainda muito a fazer num projecto com pernas para andar.
Rui Patrício
Numa equipa que prima pela organização defensiva, Rui Patrício será peça fundamental no decorrer na temporada. O internacional português não precisa de apresentações e é, sem dúvida alguma, um dos melhores guardiões da liga. Logo aí o Wolverhampton sai na frente de muitos dos seus opositores diretos.
Conor Coady
Com um sistema a três defesas o jogador em destaque é o central de 25 anos que, não só evoluiu imenso na temporada passada, como passou a ser o líder defensivo desta equipa no presente ano. Com um futuro brilhante à sua frente este é um jogador a ter em conta e quem sabe, a poder ajudar a seleção inglesa. Na sua posição em particular, os Três Leões (alcunha da seleção inglesa) podem beneficiar em muito de um jogador capaz de jogar e fazer jogar. Com enorme capacidade em jogar longo, Coady é também hábil de sair a jogar, liderando o contra-ataque dos Lobos em diversas ocasiões.
Este é também um jogador reabilitado por NES, já que, apesar de uma excelente carreira internacional nas camadas jovens inglesas e da formação na academia do Liverpool, Coady nunca encontrou o seu lugar no futebol sénior. Deambulando entre o meio-campo e a lateral da defesa, foi só com a chegada de NES que Conor Coady se estabeleceu a defesa-central e desde então tem sido um elemento fundamental na equipa recém-promovida. Recorde-se que o Wolves foi, a par do Cardiff, a defesa menos batida do Championship na temporada passada, tendo conseguido ser a que mais jogos completou sem sofrer golos. Para tal, Conor Coady foi fundamental.
Rúben Neves
Aqui fica completa a espinha dorsal deste Wolverhampton. O ex-Porto que tem dado nas vistas desde que assinou pelo clube inglês, é a peça fundamental de toda esta dinâmica. Este ano, Nuno Espírito Santo juntou ao jovem o experiente português João Moutinho e juntos terão a sua palavra a dizer numa liga extremamente competitiva. Com enorme qualidade de passe e capacidade de leitura de jogo, ambos os centro-campistas irão, com toda a certeza, dar nas vistas ao longo do ano.
Raúl Jiménez
Muitos são aqueles que dizem que ao Wolverhampton só fica a faltar um avançado de qualidade mundial. Um ponta-de-lança que seja capaz de ser referência e que faça a diferença. Obviamente que ninguém ‘vira as costas’ à possibilidade de contratar um avançado de qualidade mundial. Ainda assim, o facto de não ter uma referencia tão marcada na frente tem sido uma das mais interessantes facetas do Wolverhampton. Todos os jogadores na frente contam. Todos criam, todos finalizam. Um jogador como o mexicano, que é uma referência mas não se pode dizer que se tenha estabelecido como um ponta-de-lança de craveira, pode ser um complemento suficiente para poder ajudar a decidir jogos mas continuar a deixar jogar os irrequietos extremos da equipa. Helder Costa e Diogo Jota, em particular, poderão beneficiar imenso com a chegada do ex-Benfica.
Estes são os nomes em destaque, mas são também apenas parte de uma equipa que leva ao detalhe o plano de jogo, principalmente o posicionamento defensivo. NES soube adaptar-se ao futebol inglês, teve oportunidade de recrutar os jogadores que o poderão, em sua opinião, servir melhor, e está a aproveitar essa plataforma para, não só mostrar as suas qualidades como técnico, mas também para, quem sabe, para fazer história com os Wolves.
Para quem tiver oportunidade de assistir ao jogo, recomenda-se a observação da dedicação e capacidade de trabalho de toda a equipa e a forma desenvolta como tentarão - e atenção que irão defrontar uma das melhores equipas do mundo! - sair no contra-ataque e surpreender os gigantes de Manchester.
Vs. Manchester City
É inegável que o Championship é uma das ligas mais difíceis e competitivas do mundo. Com mais ou menos dificuldade, o que é certo é que os Wolves fizeram o difícil parecer fácil. O grande desafio será agora a mudança de estratégia de jogo ou o ‘forçar’ os adversários à sua forma de jogar. Obviamente que, sem grande margem de manobra, contra a equipa de Guardiola será implementada a primeira. A adaptação ao jogo do City e o defender durante a maior parte do tempo será aquilo a que assistiremos este fim-de-semana.
Conseguirá a equipa de Nuno o impossível? Lutar taco-a-taco com os Citizens? Se conseguir, ninguém poderá afirmar com 100% de certeza antes do jogo se realizar. Mas não seria inédito.
Na época passada, em jogo a contar para a Carabao Cup, o Wolves tornou-se na primeira equipa a não sofrer golos do Manchester City na temporada de 2017/18. Não só não sofreu qualquer golo, como o fez durante 120 minutos, mostrando que já era, na altura, capaz de lidar com um desafio desta natureza e que agora, mais reforçada, poderá mesmo surpreender e ser a primeira a roubar os primeiros pontos ao campeão em título. Por outro lado, após o jogo do ano passado, Guardiola terá atenção redobrada na análise à equipa de NES (retirando, eventualmente, o fator surpresa que poderia beneficiar o Wolverhampton).
As probabilidades não estão, naturalmente, a favor da equipa do treinador português, mas tendo o Molineux Stadium como talismã e os seus incansáveis adeptos a apoiá-los, tudo é possível.
Por fim ficam algumas curiosidades ao redor da partida:
- Nas duas jornadas inaugurais o Wolverhampton jogou, a partir de certa altura, contra dez elementos. A probabilidade de acontecer novamente, o que ajudaria e muito a equipa de NES, é mínima.
- Se o City ganhar, é a primeira vez desde 2010/11 que um campeão em título ganha os três primeiros jogos da época. Conhecendo o City e Guardiola, estes quererão não só atingir essa marca, como até extendê-la.
- Nas últimas duas épocas, os campeões da Championship, promovidos à Premier League, ganharam em ambas as vezes que receberam os campeões da Premier League em título. Em 2016/17, o Burnley venceu o Leicester City por 1-0, ao passo que em 2017/18 o Newcastle United levou de vencida o Chelsea de Antonio Conte por um categórico 3-0.
Esta semana na Premier League
Sábado pelas 12h30, a abrir a jornada, poderemos então constatar quais as verdadeiras hipóteses dos recém-promovidos Wolves roubarem pontos ao tubarão Manchester City. Igualmente emocionante serão não só o dérbi londrino, com o Arsenal a receber o West Ham, mas também a visita dos Spurs ao Manchester United, que terá lugar na segunda-feira, dia 27, pelas 20h.
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