Comecemos pelo óbvio: na semana passada elogiei o trabalho de Pep Guardiola à frente do Manchester City e o catalão teima em fazer jus aos elogios. É impressionante como, em poucos meses de trabalho, os jogadores do City assimilaram as suas ideias e mudaram radicalmente a sua maneira de jogar, demonstrando uma total confiança no seu treinador. São a equipa que mais golos marca, que mais espectáculo dá e que ainda não cedeu pontos. Com cinco vitórias em cinco jogos, os Blues estão já no topo da classificação e a tentar “cavar” vantagem face à concorrência, que só não é maior porque tem na sua “roda” o Everton de Ronald Koeman.
A minha previsão é que os Toffees (alcunha dos azuis de Liverpool) não se aguentarão nos lugares cimeiros muito mais tempo. Obviamente que, depois do que se passou no ano passado com o Leicester, começa a ser perigoso fazer este tipo de afirmações. Mas o que é certo é que, tirando um empate a uma bola com o Tottenham em casa, o Everton não teve um início de campeonato muito complicado. Dentro de duas jornadas seguir-se-ão jogos de dificuldade acrescida e veremos como responderá a equipa. De qualquer das formas, Koeman começa a ser um treinador com experiência de Premier League, o que deverá ser decisivo para que o clube possa fazer uma época tranquila.
Passemos agora, então, às boas surpresas deste início de campeonato. Primeiro, o Tottenham de Pochettino. Depois da excelente campanha na época passada, a equipa continua muito consistente e o treinador argentino tem levado “a água ao seu moinho”. Com a mesma filosofia de jogo e uma equipa bastante semelhante à do ano passado, o clube londrino está apostado em repetir a proeza de lutar pelos lugares cimeiros da classificação e, até ver, está a consegui-lo. Veremos só se a lesão do goleador Harry Kane não afeta em demasia o desempenho da equipa no futuro.
Também o Liverpool faz parte das boas surpresas. Há umas semanas analisei aqui os Reds e disse que tinham capacidade de estar no topo da tabela e, apesar do sexto lugar atual, a diferença para o terceiro é de apenas um ponto e deverá ser levado em conta o difícil calendário que tiveram até ao momento. Os pupilos de Klopp têm proporcionado jogos emocionantes e tudo indica que devem melhorar a sua posição na tabela classificativa.
As últimas boas surpresas são Hull City e Middlesbrough. No primeiro, a boa campanha até ao momento valeu ao seu líder, Mike Phelan, o prémio de treinador do mês de agosto. Relembre-se que Mike Phelan está aos comandos do Hull City depois de ter ficado como treinador interino, após a saída de Steve Bruce em julho. Dada como relegada à partida, a equipa do Norte de Inglaterra aspira a não ser o patinho feio desta liga. Quanto ao Middlesbrough, treinado por Aitor Karanka (ex-adjunto de Mourinho no Real Madrid) teve também um início de campeonato positivo, apesar das duas derrotas nas duas últimas jornadas. Ambos os clubes são recém-chegados à Premier League mas demonstram, desde o início, que não vieram para fazer “figura de corpo presente”.
No que respeita a desilusões, o primeiro destaque vai para o Manchester United de José Mourinho. Não tanto pela classificação ou pelo número de pontos, mas porque a equipa não se encontra ao nível que treinador português certamente desejava. Ainda é cedo e um campeonato é como uma prova de maratona, mas duas derrotas em apenas cinco jogos (uma delas em casa com o seu principal rival) são fatores que não são irrelevantes quando se fala de clubes candidatos ao título. Contudo, é certo que Mourinho terá já um plano para dar a volta aos acontecimentos, pelo que os próximos dois jogos, ambos em casa, poderão ser importantes para perceber que conseguirá este United fazer.
Por último, abaixo da “linha de água” temos uma surpresa e um já esperado candidato à descida. Depois de ter escapado por pouco à despromoção na época passada, o Sunderland não está a fazer melhor neste início de época. Começa a ser improvável que, pela terceira época consecutiva, o clube possa realizar uma ponta final semelhante à de um candidato ao título e, com isso, escapar à descida ao Championship (como tem sido o caso nas última duas épocas). De forma mais surpreendente e a fazer companhia ao Sunderland, encontra-se o West Ham, um histórico do campeonato inglês. “Estacionado” temporariamente no imponente estádio de Wembley devido ao facto do seu novo estádio estar em construção (poderá essa ser uma razão para a falta de vitórias?), o início de época dos Hammers tem desiludido. É certo que ter defrontado Chelsea, Manchester City e dois clubes que também eles se encontram a fazer bons arranques de época (Watford e West Bromwich Albion) não terá ajudado. Mas o investimento que o clube realizou no mercado de transferências (chegaram à equipa nomes como Simone Zaza, Jonathan Calleri, Feghouli ou Álvaro Arbeloa) e a manutenção da estrela gaulesa Dimitri Payet não tem, até ver, dado resultado.
Este fim de semana, dose dupla de jogos escaldantes. O Manchester United recebe o campeão Leicester (do ex-leão Islam Slimani) com obrigação de vencer, ao passo que o Chelsea visita o Arsenal, num derby londrino que trará ainda mais emoção à já de si emocionante Premier League.
Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Neste momento a representar a academia do Luton Town, o Pedro deseja fazer aquilo que nenhum outro treinador português fez, ir do 4º escalão das Ligas Inglesas até ao estrelato da Premier League. Até lá, podemos sempre ir lendo as suas crónicas.
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