Mohamed Salah é já um nome unânime na lista de melhores jogadores da Premier League e começa a destacar-se para ser distinguido como o melhor jogador da liga, mesmo com Kevin De Bruyne e o Manchester City destacados na frente do campeonato.
Nascido a 15 de Junho de 1992 em Basyoun, Egipto, apenas agora, com vinte e cinco anos, Mo Salah começa a entrar nos seus melhores anos da sua carreira como futebolista. Tendo feito a sua formação jovem no El Mokawloon, um clube situado na cidade do Cairo, fazendo mais de oito horas de viagem diárias para treinar. E foi mesmo no clube que o formou que o Rei Egípcio - alcunha de Mo Salah dada pelos adeptos do Liverpool - se estreou como profissional.
Salah é um dos poucos jogadores que ainda teve o "privilégio" de fazer parte da sua formação na rua, praticando todos os dias, com os amigos, nos campos da vila onde nascera. A capacidade técnica e o controlo de bola que possui no seu pé esquerdo são reflexo disso mesmo, da liberdade, da fantasia e da criatividade que desenvolveu em pequeno. Tendo-se estreado a 3 de maio de 2010 na Primeira Liga Egípcia, não levaria muito até chamar a atenção para a sua qualidade, estreando-se na seleção do seu país, apenas 16 meses depois, a 3 de setembro de 2011.
Motim do Estádio Port Said
Até que chegamos a fevereiro de 2012 e ao incidente que viria a mudar a história de muitos egípcios, bem como o rumo da carreira de Mohamed Salah. Nessa data, no final do jogo entre o Al-Masry, a jogar em casa, e o Al-Ahly, na altura treinador pelo nosso tão bem conhecido Manuel José, gerou-se um motim em que os adeptos da equipa da casa (que venceu a partida por 3-1) invadiram o terreno de jogo e começaram a agredir os jogadores, staff e adeptos da equipa adversária com garrafas, pedras, paus, espadas e facas.
Ao contrário de Manuel José, que ‘apenas’ não ganhou para o susto, muitos dos presentes não tiveram a mesma sorte. Com um total de mais de 500 feridos e de 74 mortos, este viria a ser o último jogo do campeonato egípcio nessa mesma temporada. Com o encerramento da Liga muitos foram os jogadores que decidiram abandonar a liga e Mo Salah foi um deles.
O caminho de Mo Salah
Sem campeonato, Salah foi chamado à seleção de Sub-23 para um jogo amigável frente ao Basileia. Tendo apenas jogado na segunda parte, o egípcio, na altura com apenas vinte anos apenas, conseguiu ainda assim marcar dois golos. Os responsáveis pelo clube suíço ficaram de tal forma impressionados que o convidaram para fazer testes no seu centro de treinos, assinando mesmo com o atleta em junho de 2012. O presidente do Basileia admitiria mais tarde que marcou o amigável com o propósito de ver Salah jogar, confessando que nunca tinha visto um jogador tão rápido.
Tendo permanecido no Basileia durante dois anos, o jogador teria ali a oportunidade de se estrear na Liga dos Campeões, onde marcaria por três ocasiões frente ao Chelsea. Com Mourinho de volta aos Blues, em 2014 Mo Salah via o seu esforço recompensado e o seu sonho de jogar na Premier League concretizado, rumando para os azuis de Londres a troco de 15 milhões de euros.
A primeira passagem por Inglaterra não correu propriamente de feição. Trezes jogos e dois golos marcados em ano e meio, obrigaram o jogador a afastar-se da Premier League para poder crescer física, táctica e psicologicamente.
Rumando por empréstimo a Itália, Mo Salah jogaria primeiro na Fiorentina e um ano mais tarde na Roma, que acabaria, no final da época, por adquirir os direitos do jogador. Com trinta e quatro golos e vinte e quatro assistências em duas épocas pelos romanos, o jogador apresentava agora outra maturidade. O seu jogo era mais eficaz e, à semelhança de todos os grandes jogadores, o passar dos anos permitiram-lhe transformar-se de forma a poder ajudar a sua equipa a conquistar cada vez melhores resultados.
E este é o Mohamed Salah que hoje vemos de volta a Inglaterra. Apenas sete dias após o seu vigésimo quinto aniversario o jogador viria a ser a grande contratação do Liverpool para a época 2017-18. Sem o consenso geral dos adeptos e da Premier League em geral, como sendo um jogador à altura do Liverpool, Mo Salah tem vindo a trabalhar de forma séria e tem, a grande velocidade, provar que todos os seus críticos estavam de errados e, tendo em conta as loucuras cometidas pelos clubes na compra de jogadores, a justificar inteiramente o investimento de aproximadamente quarenta e dois milhões de euros no jogador.
Pela selecção Mo Salah tem não só dado o seu melhor, como alcançado o que há para alcançar. Sem uma presença num Mundial desde 1990, a seleção egípcia em muito tem a agradecer a Salah a presença no Mundial da Rússia 2018. Com um total de trinta e dois golos e dezoito assistências em apenas cinquenta de seis internacionalizações pelo seu país, foram da sua autoria os golos (um deles de pénalti, nos últimos minutos da partida) na partida frente ao Congo, que terminou com a vitória do Egipto por 2-1, e garantiu o regresso da seleção a um Mundial.
O outro lado de Mohamed Salah
Não é só pelas suas qualidades como futebolista que Mo Salah é conhecido. A sua bondade fora das quatro linhas é reconhecida e com exemplos práticos. Olhemos para este exemplo: no preciso momento em que o jogador marcava o pénalti na partida frente ao Congo acima referida, a sua família era assaltada; quando o ladrão foi apanhado, dois dias depois do incidente, ao invés de apresentar queixa, Salah resolveu não só dar algum dinheiro ao assaltante, como o ajudou a arranjar trabalho, de forma a que este conseguisse transformar a sua vida para melhor.
O jogador tenta também ser um exemplo para os mais jovens e não são raros os atos de caridade do egípcio. No seu casamento, por exemplo, abriu a cerimónia ao público, onde milhares de pessoas não quiseram deixar de aparecer e congratular o casal num dia tão especial. Adicionalmente, por diversas vezes visita a vila onde cresceu e já fez inúmeras doações para a escola (cujo nome, após o apuramento do Egipto para o Mundial, foi mesmo alterado para Escola Mohamed Salah) e para a comunidade onde deu os primeiros passos (incluindo presentear casais recém-casados, ajudando-os no seu início de vida em conjunto).
Ainda dentro do campo, o seu bom caracter acaba sempre por vir ao de cima. Ao serviço da Fiorentina, por exemplo, Mohamed Salah vestiu a camisola 74, de forma a homenagear as 74 vítimas do Motim do Estádio Port Said. Também a folha disciplinar do jogador é quase imaculada. Com apenas um vermelho na sua carreira, a única vez que Salah foi expulso foi por implorar ao árbitro que justificasse o porquê de lhe ter mostrado o primeiro cartão amarelo, que acaba por ser irónico. Esta época, na Premier League o jogador ainda não viu um único cartão. Na vitória, ou neste caso aquando da marcação de um golo, Salah é conhecido por não festejar contra equipas nas quais já jogou. Assim o fez esta época frente ao Chelsea, e assim o fez contra a Fiorentina, aquando da sua passagem pela Roma.
Tudo isto e muito mais têm dado a Salah a possibilidade de dar a conhecer as suas qualidades como pessoa e profissional. De tal forma que é já um dos nomes mais falados para reforçar o Real Madrid na temporada 2018-19. Sendo os merengues a mais prestigiada equipa mundial e tendo sido Ronaldo (o Fenómeno) e Zinedine Zidane os ídolos de infância do egípcio, não seria de admirar que a transferência se viesse mesmo a concretizar.
Este fim de semana na Premier League
Como não poderia faltar, este fim de semana há jogo grande. O Manchester City terá novo desafio de elevado grau de dificuldade, agora frente ao Chelsea que, depois da derrota ao pés do Manchester United, não poderá perder mais pontos para os comandados de Mourinho e Klopp. Depois de derrotar o Arsenal por duas vezes na mesma semana, sendo que numa delas venceu o seu primeiro troféu da época (a Taça da Liga), Pep Guardiola tem agora novo teste e não quererá, com toda a certeza, perder mais pontos para a Liga, continuando a cimentar a sua vantagem para os rivais.
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