Le Graët, que assumiu a presidência da FFF em 2011 e cujo mandato terminaria em 2024, não resistiu à mais recente polémica, declarações sobre o treinador Zinedine Zidane que o próprio reconheceu terem sido “desajustadas” e que motivaram a intervenção da ministra francesa dos Desportos, Amélie Oudéa-Castera.
“Noël Le Graët foi afastado. (…) Philippe Diallo assegura o cargo interinamente”, indicou a mesma fonte à agência noticiosa francesa, adiantando que Diallo se manterá em funções “até a reunião do Comité Executivo posterior à publicação da auditoria ao funcionamento da federação”, pedida pela ministra.
No domingo, horas depois de a FFF ter prolongado até 2026 o contrato com o selecionador Didier Deschamps, Le Graët efetuou comentários pouco respeitosos sobre Zidane, apontado por alguns órgãos de comunicação social como um possível sucessor do atual técnico dos vice-campeões mundiais.
“Se Zidane tentasse falar comigo, nem falaria com ele. O que lhe iria dizer? Provavelmente: Olá senhor, não se incomode, procure outro clube. Acabei de acertar tudo com Didier [Deschamps]”, afirmou, em entrevista à rádio RMC Sport.
Questionado sobre a possibilidade de Zidane ocupar o lugar de Tite à frente da seleção do Brasil, Le Graët voltou a ser pouco cordial para com o antigo internacional francês: “Não sei, ficaria surpreendido. Mas, pouco me importa, ele que vá para onde quiser. Vocês são muito pró-Zidane, dediquem-lhe um programa especial para que encontre um clube ou uma seleção”.
No dia seguinte, pediu desculpa ao antigo futebolista internacional, considerado um dos melhores jogadores franceses de sempre, admitindo que não deveria ter dado a entrevista, porque “o que procuravam era a polémica, opondo Didier [Deschamps] a Zidane, dois monumentos do futebol francês”.
“Gostaria de me desculpar pelas declarações que, em absoluto, não refletem o meu pensamento, nem a minha consideração pelo jogador que foi e pelo treinador em que se tornou”, indicou Le Graët, em comunicado, reconhecendo que os comentários sobre Zidane, campeão mundial, em 1998, e europeu, em 2000, foram “desajustados”.
Da reunião extraordinária de hoje do órgão de cúpula federativo, nas ‘mãos’ do qual o presidente colocou a decisão final sobre o seu destino, resultou também o afastamento da diretora-geral da FFF, Florence Hardouin, que mantinha mau relacionamento institucional com Le Graët.
O longo ‘consulado’ de Le Graët, de 81 anos, ficou marcado por várias polémicas e comportamentos, alegadamente, sexistas, do líder federativo, que deveria disputar com Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a candidatura da UEFA a um lugar no Conselho da FIFA.
“É importante que o Comité Executivo da FFF avalie bem a situação, num momento de reflexão que o convido a ter”, declarou Amélie Oudéa-Castera, na segunda-feira, assinalando existirem pessoas naquele órgão que já “demonstraram o seu valor, a sua eficiência, a sua visão e o sentido de responsabilidade”, com capacidade para “colocar esta federação no bom caminho”.
Segundo a ministra, Le Graët teve uma “falha na função de representação” do futebol gaulês, com declarações que “falharam seriamente”, pelo que deixou um aviso: “Não quero mais estas situações. Ele acostumou-nos com estes despropósitos”.
A governante apontou para algumas frases polémicas do dirigente, em relação aos fenómenos do racismo e da homofobia no futebol, considerando que as mesmas “podem chocar as comunidades”, além de prejudicarem a imagem de França e ofenderem os franceses.
Comentários