“Foram verdadeiramente excecionais. 1,4 milhões de pessoas assistiram ao vosso jogo às 08:30 da manhã. O país estava, e está, mobilizado. Conquistaram definitivamente o país para a vossa causa, da mulher no futebol, no desporto e na sociedade portuguesa. Os mais machistas dos machistas estão esmagados, porque não faziam aquilo”, atirou.
A seleção portuguesa feminina de futebol regressou hoje a Lisboa depois da eliminação na primeira presença de sempre num Campeonato do Mundo e foi recebida pelo chefe de Estado, ladeado pela ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia.
“Mais cedo ou mais tarde, recebia sempre. Com a vossa presença na Nova Zelândia, começou a vitória no próximo Campeonato da Europa. E depois no Campeonato do Mundo. Tinha-vos pedido que fizessem tudo para tornar possível o impossível. Fizeram tudo. Mostraram qualidade e jogaram melhor do que os Países Baixos, o Vietname e os Estados Unidos. A vossa qualidade foi superior. Pedi mais do que garra, para dar tudo para além do tudo. E deram. Acho que foram três grandes jogos”, exaltou o Presidente.
A equipa das ‘quinas’ iniciou o Mundial com uma derrota (1-0) frente aos Países Baixos, a que se seguiu uma vitória histórica perante o Vietname (2-0) e um empate (0-0) com as bicampeãs mundiais, os Estados Unidos, tendo uma bola ao poste, já em período de compensação, por Ana Capeta, tirado o ‘sonho’ a Portugal de continuar na competição.
“Eu recebi-vos independentemente de terem ido longe ou perto. Recebo-vos na altura em que, por um triz, não atingiram a meta desejada, para ter autoridade moral para vos receber da próxima vez. Jogaram com o que havia de melhor, jogaram melhor e são as melhores. Não aconteceu, o poste impediu que se traduzisse em campo”, expressou.
A finalizar o discurso no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um especial agradecimento a toda a comitiva portuguesa: “Muito obrigado em nome de milhões de portugueses, mas sobretudo em nome de milhões de portuguesas. Tudo o que fizeram por todas as portuguesas não tem preço. Sentiram o orgulho do papel da mulher no futebol e na sociedade portuguesa. Quem lhes deu esse sentido de orgulho? Vocês”.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, também abordou a prestação da seleção no torneio, estando convicto de que “será a primeira de muitas”, num percurso “difícil”, mas encarado de “forma extraordinária”.
“Foram jogos muito bem conseguidos na fase de grupos, convencidos em tornarmos o impossível no possível. Estivemos plenamente convencidos de que o iríamos conseguir. Não foi surpresa para mim o comportamento da equipa ao longo deste Campeonato do Mundo, com uma fiabilidade extrema, de uma dedicação profunda e de um amor à camisola sem limites. Tudo fizeram para honrar Portugal. Infelizmente, num jogo épico, acabámos por não conseguir, num pequeno lance, mas temos de estar orgulhosos do que fizemos. O grupo soube honrar a camisola, Portugal e o futebol português”, disse.
Fernando Gomes assegurou ainda que o futuro da seleção feminina “será risonho” e que “tem dado passos significativos na evolução”, salientando que “veio para ficar” e farão tudo para que “mais meninas pratiquem e promovam o desporto em Portugal”.
O selecionador português, Francisco Neto, expressou que a receção do Presidente da República não ocorreu na data pretendida e para a qual trabalharam, mas lembrou os pedidos de Marcelo Rebelo de Sousa antes da prova, tendo regressado com o que tinham prometido.
“Voltámos com o que tínhamos prometido: muito trabalho, dedicação, sem medo de ninguém e olhos nos olhos. Demos tudo o que tínhamos e não tínhamos. Temos o lema de que só se descansa no fim e nunca no meio. Fomos competentes onde muitos não acreditavam, mas só não acreditava quem nunca as tinha visto jogar”, frisou o técnico.
Também a capitã da seleção, a centrocampista Dolores Silva, dirigiu algumas palavras: “Fica, acima de tudo, o que demonstrámos a cada minuto dentro de campo. Todos os portugueses são essenciais. Todos eles, hoje, olham para nós de forma mais respeitosa, com maior dignidade e crença de que o futebol feminino é capaz de grandes feitos”.
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