José Manuel Constantino assina a nota divulgada no sítio oficial do COP na Internet, lamentando a falta de resposta do primeiro-ministro, António Costa, à “carta aberta do setor do desporto, subscrita pelo COP e na qual se manifestava descontentamento pela ausência de políticas públicas extraordinárias que minimizassem a situação desportiva nacional face aos efeitos da pandemia” de covid-19.
“Fez mal. Manifestou falta de respeito pelos agentes e operadores desportivos”, vincou o presidente do COP, recordando que o governante respondeu “a uma carta aberta do setor da cultura, que se manifestou descontente com o facto de o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não contemplar medidas para o setor. Fez bem. Manifestou respeito pelos agentes e operadores culturais”.
Para José Manuel Constantino, “esta dualidade de critérios, esta opção de dar atenção a uns e ignorar outros, ajuda a explicar muito do que se passa no modo como o desporto é tratado na agenda política”.
Nesse sentido, o presidente do organismo olímpico detalha que António Costa “nunca evidenciou qualquer especial sensibilidade cultural para com o desporto, cumprindo sempre os serviços mínimos decorrentes das responsabilidades públicas exercidas”.
“Com exceção de uma modalidade desportiva onde é presença regular, não me recordo mesmo da sua participação em qualquer evento desportivo com representação nacional”, salientou.
Constantino deixou ainda críticas ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, ao considerar que “não se conhece qualquer intervenção pública relevante sobre a matéria durante o período da pandemia”, apesar de lhe identificar “capacidade”, “conhecimento” e “sensibilidade para com o desporto”, denunciado que “este silêncio, este recolhimento, este resguardo, tem uma outra motivação e ela é política”.
Também o grupo parlamentar do PS é visado por Constantino, pela “reprovação das propostas apresentadas por várias entidades de topo do sistema desportivo nacional em sede da discussão do Orçamento do Estado para 2021″.
Finalmente, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, é visto como “o único interlocutor governativo junto das organizações desportivas”, num contexto de “enorme fragilidade política”, por “tudo o que é público”, a “montante” deste governante, ir “no sentido de politicamente desvalorizar o setor pelo qual é responsável”.
“Não seria expectável outro desfecho que não aquele que atravessamos e projeta o desporto e os seus problemas para a irrelevância da agenda governativa e parlamentar que uma situação extraordinária como a que vivemos exponencia”, realçou Constantino.
O líder do COP reiterou que, “globalmente, o Governo tem ignorado o desporto, não tem qualquer dimensão cultural e política sobre a sua importância social”, apontando algumas exceções: “Aquelas manifestações de patriotismo quando algum êxito desportivo internacional dos nossos atletas ocupa o espaço mediático e ao uso da habitual retórica sobre as virtualidades do desporto”.
Na quarta-feira, o COP já tinha denunciado o desprezo pelo desporto e atividade física no PRR, um dia depois de o documento ter sido colocado em consulta pública pelo Governo.
Seguiu-se a contestação de outras estruturas desportivas nacionais, nomeadamente, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, federações de canoagem e ciclismo e associações distritais e regionais de futebol.
O PRR de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.
Previsto está que a maior fatia (61%) das verbas do PRR se destine à área da resiliência, num total de 8,5 mil milhões de euros em subvenções e de 2,4 mil milhões de euros em empréstimos.
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