Segundo o site Medipart e a agência France Presse (AFP), Nasser Al-Khelaïfi foi interrogado pela justica francesa na condição de arguido, numa investigação que visa também as condições de atribuição dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 e Rio2016.
Os magistrados da procuradoria financeira francesa questionam dois pagamentos, num total de 3,5 milhões de dólares (cerca de 3,1 milhões de euros ao câmbio de hoje), feitos em 2011 pela sociedade Oryx Qatar Sports Investment, detida por Nasser Al-Khelaïfi e o seu irmão Khalid, a uma sociedade de marketing desportivo dirigida por Papa Massata Diack, cujo pai, Lamine Diack, é ex-presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) e antigo membro do Comité Olímpico Internacional (COI).
Consultor de marketing da IAAF até 2014, Papa Massata Diack tem estado no centro de diversos casos de corrupção associada ao desporto e é investigado pela justiça francesa.
Nessa altura, Doha ambicionava receber os Mundiais de atletismo de 2017, organizados pela IAAF. O primeiro pagamento foi realizado em 13 de outubro de 2011 e o segundo em 07 de novembro, quatro dias antes da votação da IAAF, que acabou por ser ganha por Londres, cuja candidatura foi anunciada após a da capital do Qatar.
Três anos depois, Doha acabou por ganhar direito a acolher os campeonatos do mundo de atletismo de 2019, que se realizam entre 27 de setembro e 06 de outubro.
Os pagamentos estavam previstos num protocolo assinado com a sociedade de Papa Massata Diack, ao abrigo do qual a Oryx Qatar Sports Investment se comprometia a comprar os direitos de patrocínio e os direitos de TV por 32,6 milhões de dólares (cerca de 28,8 milhões de euros ao câmbio de hoje), na condição de Doha obter a organização dos Mundiais de 2017, segundo uma fonte conhecedora do processo, citada pela AFP.
O contrato estipulava que os pagamentos efetuados antes da decisão da IAAF tomada em 11 de novembro, ou seja, os dois que perfazem 3,5 milhões de dólares, eram "não reembolsáveis".
A Oryx Qatar Sports Investment é independente do fundo soberano Qatar Sports Investment, proprietário do Paris Saint-Germain, atual campeão francês de futebol.
Perante os juízes, o empresário, que nega qualquer alegação de corrupção, declarou que só recentemente teve conhecimento das duas transferências, de acordo com informações do interrogatório recolhidas pela AFP
Na Suíça, Nasser Al-Khelaïfi, também proprietário da cadeia de televisão BeIN Sports, é vistado numa investigação por "corrupção privada", relativa à atribuição dos direitos de transmissão de dois campeonatos do mundo de futebol.
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