Segundo o despacho de arquivamento a que a Lusa teve acesso, os arguidos Alexander Tolstikov, presidente da SAD da União de Leiria, o seu assessor Sergiu Renita, o diretor financeiro da SAD, Pedro Teixeira, o presidente do clube União de Leiria à data, Rui Lisboa, e as instituições União de Leiria clube e SAD estavam indiciados de vários crimes, entre os quais branqueamento de capitais e fraude fiscal, que não se vieram a verificar.
"Pese embora o 'modus operandi' reportado nos autos seja compatível com um procedimento típico do crime de branqueamento de capitais, não se logrou localizar qualquer facto ilícito típico antecedente gerador dos dinheiros introduzidos em Portugal, nem se vislumbra que isso venha a suceder, atenta a incipiente cooperação com a Rússia", refere o documento.
Também "não resultam indícios suficientes de que qualquer dos arguidos tenha agido com conhecimento da eventual origem criminosa do dinheiro aplicado/feito circular pelas contas" do clube e da SAD, o que, "afastado o dolo eventual", é o "bastante para obstar à imputação do crime em referência, por cristalina atual insuficiência de indícios".
Estes seis arguidos eram ainda suspeitos do crime de fraude fiscal, que também foi arquivado. Não obstante, o despacho constata que Alexander Tolstikov possui "valores de imposto em dívida" relativamente a IRS de 2014, 2015 e 2016.
Relativamente ao crime de corrupção desportiva de que estavam indiciados Alexander Tolstikov e Sergiu Renita, por suspeita de "contactos com operadores desportivos com vista a favorecer a União de Leiria SAD" nos jogos que disputava, o MP entendeu também que "por insuficiência de indícios" se determina o "arquivamento dos autos".
A 03 de maio de 2016, a Polícia Judiciária entrou na SAD da União de Leiria e nas residências de alguns dos seus responsáveis para desmantelar aquilo que presumiam ser uma célula de uma importante rede mafiosa russa, responsável por fraude fiscal, associação criminosa e branqueamento de capitais, algo que o líder da SAD sempre negou.
Na altura, fonte da PJ disse à Lusa que existiam suspeitas de lavagem de dinheiro proveniente de crime organizado da Rússia, com passagem por um país do Báltico, que depois seria investido na SAD da União de Leiria.
"A investigação desenvolve-se desde o início de 2015, tendo por objeto a presumível prática de crimes de branqueamento, fraude fiscal, falsificação de documentos e associação criminosa por parte de cidadãos nacionais e estrangeiros, correlacionados com a atividade desportiva", explicou a PJ, em comunicado em maio de 2016.
As diligências da investigação decorreram nas regiões de Leiria, Lisboa e Braga, mediante execução de 22 buscas domiciliárias e não domiciliárias, as quais permitiram, segundo a nota da PJ, "apreender material com relevante interesse probatório e subsequente constituição de pessoas individuais e coletivas como arguidas".
Alexander Tolstikov e Sergiu Renita acabaram por ficar detidos em prisão preventiva durante quase dois meses.
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