Portugal venceu o "Rugby Europe U20 Championship" ao bater os Países Baixos por 46-14. No estádio Markéta, em Praga, na Chéquia, uma forte e adulta seleção portuguesa de râguebi conquistou o quarto título europeu de sub-20 (2017, 2018, 2019 e 2024).

A conquista de uma competição europeia, na qual não entram as seleções das Seis Nações (Inglaterra, Irlanda, Escócia, França, País de Gales e Itália), nem Geórgia (desde 2015 quando subiu ao Mundial) e Espanha (desde o ano passado), dará, em princípio, o direito a disputar o "World Rugby Trophy U20", Mundial “B”, onde Portugal não entra desde 2019 e onde foi duas vezes finalista vencido (2017 e 2019), embora se desconheça ainda os moldes em que se realizará.

O lobinho Manuel Vareiro, que também é internacional português sénior (já utilizado como lobo na seleção orientada por Simon Mannix), foi considerado o “homem” do torneio (e do jogo) ao marcar na final 26 pontos (quatro conversões, cinco penalidades e um drop-goal).

Raguêbi
Raguêbi Manuel Vareiro considerado o “homem” do torneio créditos: Miguel Morgado

Perante o campeão em título, os lobinhos, underdog da competição, venciam ao intervalo por 20-14. Terminariam com uns surpreendentes 32 pontos de diferença, muito devido ao pé quente de Manuel Vareiro e aos quatro ensaios, dois em cada parte.

Portugal vingou, assim, os dois afastamentos da final do campeonato da Europa, em 2022 e 2023, às mãos dos neerlandeses, e reconquista o título celebrado pela última vez em Coimbra, em 2019.

Aproveitar erros e indisciplina dos big boys

Mais altos e mais fortes, o XV dos Países Baixos (big boys, como caraterizou o selecionador português) não tirou proveito da maior fisicalidade e altura nas fases estáticas (alinhamento e formações ordenadas). Por seu lado, a formação portuguesa, treinada por Callum Mclean, neozelandês, ex-treinador do Cascais e atual diretor técnico da equipa da Linha, aproveitou os muitos erros e, em especial, a indisciplina da seleção dos Países Baixos durante o primeiro tempo.

Os dois amarelos seguidos a Toine Obiang Nguema e Tom Boggemann - saídos da mão do árbitro francês, Antony Lac - abriram caminho aos lobinhos, em superioridade numérica, para marcar dois ensaios convertidos (Luís Moreira, 17’, e Mateus Ferreira, 20’) e garantir uma vantagem de 17-0 (aos 20 minutos), que seria dilatada para 20 pontos (penalidade de Manuel Vareiro, o tal lobo que promete dar muito que falar).

Com as equipas reduzidas a 14 jogadores (os dois pilares, Floris Versteeg e Gonçalo Alves, amarelados, sentaram-se dez minutos no banco do pecado), a nação neerlandesa, orientada pelo sul-africano Gareth Gilbert, aproveitou dois erros portugueses no minuto final da primeira parte para somar dois toques de meta (Joris Smits e Warrick Jones) e ir para o intervalo com seis pontos de distância (20-14).

Foi, no entanto, uma aproximação fugaz. Três penalidades saídas do pé esquerdo de Vareiro, bem como um pontapé de ressalto, voltaram a colocar Portugal a uma distância de segurança (30-14) e mais próximo de levantar o troféu. Os dois ensaios de Sebastião Stilwell e Guilherme Vasconcelos, nos últimos dez minutos de jogo, selaram o triunfo português.

“Vamos ver como é a cidade hoje à noite”

“Foi incrível, adoro estes rapazes, são os melhores do mundo”, disse, emocionado, Francisco Almeida, capitão da seleção portuguesa, em declarações à Rugby Europe.

Depois da curta vantagem no final do primeiro tempo, “fomos para a segunda parte a pensar que conseguíamos vencer”, acrescentou o capitão dos lobinhos, que prometeu nas celebrações acompanhar a equipa numa visita noturna à capital da Chéquia.

"Vamos ver como é a cidade hoje à noite", sorriu.

Callum Mclean, selecionador nacional, embora tenha destacado a estampa física dos neerlandeses, jogadores “muito físicos, grandes e fortes”, elogiou os seus comandados.

"Os nossos rapazes superaram-se", disse, orgulhoso, em conversa telefónica com o SAPO24.

“Dominámos, se olharmos para a fisicalidade do jogo, ganhámos alinhamentos e formações ordenadas, o que foi fantástico. E os nossos avançados permitiram que tivéssemos a bola”, explicou o neozelandês, que deixou um elogio personalizado.

"Vareiro foi fantástico e colocou a pressão no marcador", disse no final de um torneio em que afastou a Chéquia e a Bélgica, enquanto os Países Baixos deixaram pelo caminho a Alemanha e Roménia.

Como curiosidade, as duas seleções, em versão sénior, terão encontro marcado no REC 2024, torneio que serve de apuramento para o Mundial da Austrália 2027.