“Acho que seria um bocado arrogante… mas, obviamente, quero fazer um grande salto. Pelo menos bater o recorde do mundo, pelo menos 18,30, mais um centímetro do que o recorde, era o que eu gostaria”, afirmou o luso-cubano, em entrevista à agência Lusa, visando a marca (18,29) na posse do britânico Jonathan Edwards desde 1995.
Aos 28 anos, o campeão olímpico tem como melhor marca pessoal os 18,08 alcançados em 2015, ainda antes de se naturalizar português, em 2017. O recorde nacional já lhe pertencia desde 04 de maio de 2018, quando saltou 17,95, em Doha, e foi reforçado em três centímetros com o ‘voo’ para o título em Tóquio2020, no passado dia 05 de agosto.
Apesar da ambição, Pedro Pichardo é um pouco mais comedido do que o seu pai e treinador Jorge Pichardo, que tem apontado como objetivo 18,60 metros.
“O meu pai é um bocadinho maluco nesse aspeto. Ele quer que eu atinja ‘aquele’ salto… Já que as pessoas não nos reconhecem, temos de fazer com que as pessoas reconheçam e como o conseguimos isso? Fazendo algo que ninguém fez. É por isso que ele fala sempre daquela marca. Ele e eu achamos que estamos a ganhar, a ganhar, a ganhar e ainda ninguém reconhece, pelo que temos de fazer algo que pareça impossível, para reconhecerem os nossos feitos”, explicou.
Pichardo, que se estreou em Tóquio2020 em Jogos Olímpicos, depois de ter ficado de fora do Rio2016 por decisão dos médicos da seleção cubada devido a uma microfratura num tornozelo, integra o exclusivo lote de triplistas que já voaram mais de 18 metros, juntando-se ao recordista mundial Jonathan Edwards, aos norte-americanos Christian Taylor, Will Claye e Kenny Harrison e ao francês Teddy Tamgho.
Apesar do calendário recheado em 2022, com Mundiais ao ar livre, em Oregon, nos Estados Unidos, de 15 a 24 de junho, e em pista coberta, em Glasgow, entre 11 e 13 de março, assim como os Europeus ao ar livre, entre 15 e 21 de agosto, Pichardo apresenta metas a longo prazo.
“Ainda falta muita coisa para ganhar. Eu sou uma pessoa muito ambiciosa e, pelo menos até aos 35 anos, que é quando quero acabar a carreira — ainda faltam mais sete anos –, gostaria de, em Paris2024 e em Los Angeles2028, também levar uma medalha. A cor não tem diferença, porque já atingi o ouro, mas gostava de uma medalha nesses Jogos e nos Mundiais também. Gostaria de acabar a carreira, de hoje até aos 35 anos, sempre a somar”, realçou.
Em 03 de agosto último, Pichardo saltou 17,71 à primeira tentativa e qualificou-se para a final olímpica, à qual chegou bem mais tranquilo do que na qualificação.
“Na final estava um bocadinho mais relaxado. Acho que a qualificação é a fase mais tensa, porque só tens três tentativas e tens uma marca para atingir. Parece fácil, mas se dás nulo já podes complicar a obtenção da marca e ficamos com receio. Temos de fazer a marca, mas não fazer nulo”, recordou.
Dois dias depois, Pichardo entrou a ‘matar’ com 17,61, que já lhe valeria o título em Tóquio2020, mas reforçou a marca no terceiro salto e segurou o quinto ouro olímpico português, depois de Carlos Lopes (1984), Rosa Mota (1988), Fernanda Ribeiro (1996) e Nelson Évora (2008).
“Eu não consigo explicar. Treinei o ano todo, chegou a altura e fiz o que sei fazer, o meu melhor. Mas não sei explicar… aconteceu”, sintetizou.
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