“Qualquer campeonato do mundo melhoraria um bocadinho com o Ricardinho. Estamos muito contentes pela chegada dele, que dará mais visibilidade ao nosso futsal. A comunidade portuguesa vai ficar muito contente por ter cá o melhor jogador de todos os tempos”, admitiu à agência Lusa o guarda-redes Alexandre Afonso, do Kremlin Bicêtre United, recordista de títulos na elite gaulesa, que acabou de descer ao segundo escalão.
Em 06 de janeiro, o ala e capitão da seleção das ‘quinas’ anunciou que ia finalizar um percurso de sete temporadas ao serviço dos espanhóis do Inter Movistar para abraçar, a partir de julho, “um desafio diferente” com as cores do ACCS Paris, no qual vai “tentar ajudar na evolução do campeonato”, ainda que os objetivos continuem os mesmos.
“O futsal tem crescido de ano para ano em França. As diferenças que notamos face à realidade portuguesa consistem na falta de profissionalismo dos jogadores, de reconhecimento federativo e de transmissão dos jogos, nem que seja pela Internet ou através das redes sociais”, elencou o atleta, de 24 anos, de berço parisiense.
A estreia dos ‘bleus’ em fases finais deu-se no Euro2018, conquistado por Portugal, ao somarem um empate com a multicampeã Espanha (4-4) e uma derrota frente ao competitivo Azerbaijão (3-5), resultados que mostram argumentos para o 21.º colocado do ‘ranking’ mundial investir na “organização profissional” da modalidade.
“Falta um pouco de visibilidade para que o futsal possa evoluir, haja pessoas interessadas em investir nele e possamos vir a competir além da primeira eliminatória da Liga dos Campeões”, sustentou Alexandre Afonso, exemplificando com os afastamentos de Toulon, Kremlin Bicêtre e Garges Djibson na ronda principal desde 2016/17.
Ricardinho, de 34 anos, destacou-se no Benfica e vai ‘experimentar’ o quinto país diferente, depois de ter representado os japoneses do Nagoya Oceans e os russos do CSKA Moscovo, tendo a oportunidade de abrilhantar a estreia dos ‘Lions d’Asnières’ na elite europeia, com o estatuto de campeão antecipado da última edição da Liga francesa.
“É bastante competitiva e este ano havia uns cinco clubes com facilidade em lutar pelo título. Só que o ACCS Paris é uma das poucas equipas profissionais e tem jogadores de classe mundial, que fazem muita diferença. Em termos coletivos, são superiores e com a vinda do Ricardinho certamente ficarão mais fortes”, descreveu.
Face à extensão do período de isolamento social até 11 de maio, devido à pandemia de covid-19, a Federação Francesa de Futebol considerou a classificação verificada ao fim de 15 das 22 jornadas e antecipou a conclusão da I Liga de futsal, entregando um inédito título aos parisienses, que lideravam com 41 pontos, contra os 33 do Orchies Pévèle.
A aplicação do regime tradicional de subidas e descidas confirmou a despromoção do Kremlin Bicêtre United, de Alexandre Afonso, que tinha uma ronda em atraso e seguia no 11.º e penúltimo lugar, com sete pontos, quatro acima do lanterna-vermelha Roubaix e outros tantos abaixo da zona de salvação, quando o campeonato parou em 12 de março.
“Fizemos contrato de um ano, mas com esta situação ainda não sabemos o que se vai passar, não tive contacto com os dirigentes. Possivelmente, tudo se encaminha para renovar por mais um ano”, esclareceu o guardião luso-francês, que residiu em solo luso dos quatro aos 16 anos e iniciou-se pelo futebol de sete em Bragança.
Integrando com os pais o fluxo de emigração portuguesa estimulado pela crise económica, o regresso aos arredores de Paris deu-se em 2012, misturando a vida de canalizador com o desvio dos relvados para as quadras, perpetuado nos últimos seis anos em clubes secundários do futsal gaulês, como o Vision Nova e o Bagneux.
Outros nove jogadores portugueses, incluindo o pivot internacional Leitão, e o treinador Rodolphe Lopes, que orienta o Sporting de Paris, filial do clube de Alvalade, competem na I Liga francesa e aguardam “com expectativa” pela chegada do compatriota Ricardinho, pois defrontar um dos ‘astros’ do futsal mundial é “um sonho para qualquer jogador”.
(Por: Ricardo Tavares Ferreira da agência Lusa)
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