O Casa Pia assegurou a subida à I Liga ao vencer por 5-1 o Leixões, com 'bis' de Jota (16' e 39'), outros três golos de Muscat, que abriu o marcador neste domingo (9'), João Vieira (12') e Poloni (93').
Os quatro golos do Casa Pia foram marcados ainda na primeira parte, com Léo Bolgado encontrar o caminho da baliza pelo Leixões aos 61 minutos. Poloni marcou já no tempo de compensação, o que levou o árbitro a encerrar a partida.
Aos 76' minutos e já com poucas esperanças de inverter o resultado, o Leixões viu ainda Thalis ser expulso da partida.
A única participação do Casa Pia na I Liga remonta à longínqua temporada 1938/39, a primeira sem a designação de Liga Experimental, na qual terminou no último lugar, com apenas dois pontos totalizados, resultantes de somente um triunfo e 13 derrotas.
Agora, 83 anos depois, os comandados pelo treinador Filipe Martins estiveram sempre nos lugares de topo da II Liga e, aliando a grande consistência defensiva a um ataque irreverente, confirmaram a subida em Matosinhos.
O escasso número de golos sofridos durante a prova (22) deveu-se, sobretudo, ao esquema tático composto por três centrais -- o maltês Zach Muscat, o 'capitão' Vasco Fernandes e o bósnio Nermin Zolotic -, à frente do muito experiente guarda-redes Ricardo Batista.
Com o brasileiro Ângelo Neto a pautar o ritmo no meio-campo e o compatriota Lucas Soares no flanco, o jovem Leonardo Lelo foi um dos grandes esteios, na ala esquerda, enquanto os dianteiros Jota Silva (11 golos) e o nigeriano Saviour Godwin (10) foram os 'artilheiros'.
Curiosamente, o Casa Pia perdeu duas das três rondas inaugurais da II Liga, mas entrou rápido 'nos eixos' e somou uma sequência de 10 encontros sem perder - sete triunfos e três empates -, que deixou a formação casapiana nas posições de disputa da subida.
Seguiu-se uma fase com três desaires em cinco partidas, porém os lisboetas voltaram a recuperar o bom momento e, com seis triunfos e uma igualdade nas rondas seguintes, cimentaram o estatuto de candidato à subida, que ainda se complicou com as derrotas com Desportivo de Chaves (4-1), Varzim (1-0) e Rio Ave (1-0), já na etapa final.
A entrada do investidor norte-americano Robert Platek no clube acabou por ser o fator determinante para o sucesso, tendo se efetuado depois da subida às ligas profissionais em 2018/19 - na estreia de Rúben Amorim como treinador -, e de uma primeira época penosa na II Liga (2019/20), em que o Casa Pia terminou nos lugares de descida, mas 'salvou-se' com as descidas 'na secretaria' de Desportivo das Aves e Vitória de Setúbal.
O clube dispôs de 'nova vida' no segundo escalão e o investimento permitiu formar um plantel competitivo e com melhores condições no Estádio Pina Manique, para além de uma reestruturação organizativa, terminando na nona posição na temporada transata.
Em casa, o Rio Ave, que tinha sido despromovido na época passada e precisava de apenas um ponto para assegurar o título de campeão da II Liga e o regresso imediato ao principal escalão do futebol português, contou com golo de Aziz logo no primeiro minuto e 'bis' de Santos aos 77' e aos 80'. O Rio Ave conquista assim título de campeão do segundo escalão pela quarta vez, depois de 1986, 1996 e 2003.
O Rio Ave entrou para este desafio sabendo que lhe bastava um empate para o objetivo da promoção, mas começou o jogo da melhor forma possível. O golo madrugador de Aziz motivou os comandados de Luís Freire a explorarem alguma instabilidade inicial do Desportivo de Chaves e a aumentar a pressão na busca por um segundo tento, embora sem efeitos práticos.
Já os transmontanos, depois do 'choque' inicial, foram assentando o seu futebol, e, com o Rio Ave a entregar-lhes a iniciativa das operações, foram subindo no terreno e surgindo mais vezes junto à baliza contrária.
No entanto, o momento da finalização não estava a ser o ponto mais forte dos visitantes, que além de alguns remates inofensivos em lances de bola parada, só perto do intervalo criaram o lance mais perigoso, até então, num desvio de Batxi, em boa posição, mas que saiu por cima.
Do outro lado, o Rio Ave não fez melhor, e não fosse um cabeceamento de Pedro Mendes, e um remate de Gabrielzinho, sem a melhor pontaria, foi praticamente inofensivo nas tentativas de resposta em contra-ataque, embora segurando a vantagem por 1-0.
O tempo de descanso não fez mudar a toada das equipas, com o Chaves a regressar mais pressionante e logo aos 50 minutos criou uma grande oportunidade, com Patrick a cabecear à barra, após cruzamento de João Correia.
Apesar deste susto, os locais apresentavam boa organização defensiva para suster os ímpetos contrários, embora não fossem tão acutilantes na resposta em contra-ataque.
Só aos 70 minutos, os vila-condenses conseguiram a sua melhor oportunidade, num remate acrobático de Aziz, em velocidade, que o guarda-redes dos flavienses Paulo Vítor controlou.
Os transmontanos, que sabiam que para dependerem de si para a subida direta tinham de vencer, acabaram por 'desmoronar' a partir do minuto 75, com a expulsão o central Luís Rocha, por acumulação de amarelos.
A equipa de Chaves destabilizou-se por completo com essa contrariedade, e na sequência da falta cometida por Luís Rocha, surgiu o segundo golo do Rio Ave, ao 77, com Aderllan Santos a desviar de cabeça o livre, 'incendiando' a festa no estádio dos Arcos.
O experiente central brasileiro acabou por vestir a pele de herói do dia do Rio Ave, três minutos depois, quando na sequência de outro lance de bola parada, assinou o 'bis' da partida, e com o 3-0 praticamente 'carimbou' a subida de divisão dos vila-condenses.
O Chaves, mesmo arrasado animicamente, ainda lutou até ao final, e chegou a ameaçar o golo de honra, mas já não teve argumentos para travar a festa do Rio Ave, que, uma época depois, regressou ao patamar mais alto do futebol nacional e no final do jogo, em pleno relvado, ergueu a taça relativa à conquista do campeonato nacional da II Liga de 2021/22.
Recorde-se que os dois primeiros classificados da II Liga sobem ao principal escalão e o terceiro classificado, o Desportivo de Chaves, joga um ‘play-off’ com o 16.º e antepenúltimo da I Liga, no caso o Moreirense, que no sábado conseguiu 'agarrar' esse posto.
Na luta pela manutenção, o Sporting da Covilhã, 16º posicionado com 33 pontos, e o Varzim, 17.º com 32, vão tentar fugir à descida direta e garantir pelo menos o ‘play-off’ com uma equipa da Liga 3.
Os serranos viajam até à região de Lisboa para defrontar o Estrela da Amadora e o Varzim recebe o Mafra. Ambos os encontros têm início agendado para as 15:30 e encerram esta edição da II Liga.
A Académica, última classificada, já está despromovida à Liga 3.
*Com Lusa
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