Em 2016, Joana Schenker sagrou-se campeã europeia, campeã nacional e terminou em 4º lugar o Circuito Mundial de Bodyboard, feito esse que iguala o melhor registo de sempre de um atleta português no Tour, conseguido por Catarina Sousa, em 2010.
No melhor ano de uma longa carreira (começou a competir a nível internacional em 2002, como júnior), o Sintra Pro, na Praia Grande, foi um dos pontos alto. “É a prova mais antiga do Circuito Mundial e, depois de oito participações, ter conseguido ir à final - perdida para a número um do ranking e tetracampeã mundial, a brasileira Isabela Sousa - foi, a nível pessoal, um dos momentos do ano”, afirmou a luso-alemã que tem como ídolo outra brasileira, Neymara Carvalho.
Natural de Vila do Bispo e a viver em Sagres, no Algarve, onde treina, aos 29 anos, Joana Schenker traça dois grandes objetivos para uma época que arranca com o Nacional, em abril, na Costa da Caparica.
Desde logo a renovação dos títulos conquistados no ano passado, ela que é tricampeã europeia e portuguesa. “Sei que sou um alvo a abater a nível nacional e europeu, mas quero voltar a ser campeã”, conta.
E, acima de tudo, à cabeça das prioridades de Joana Schenker está o Circuito Mundial, no qual traça como objetivo “ficar no top 8”, sendo que tudo fará para “pelo menos igualar ou melhorar” a 4ª posição no ranking mundial da APB (Associação de Bodyboarders Profissionais). “Tenho maior margem de progressão, vale a pena investir e ainda há muito a conquistar”, referiu a atleta que completou na íntegra as 4 provas do Circuito em 2016, arrecadando 3.604 euros (3.850 dólares) em prémios na competição, de acordo com informação publicada no site da APB.
O arranque do Circuito Mundial está programado para junho, no Brasil, seguindo-se Chile, com duas provas, Portugal (Sintra, etapa mais pontuada com 4 estrelas e com o maior prize-money, 14 mil euros), Japão e Ilhas Canárias.
Com a competição parada, Schenker conseguiu, para já, uma primeira “vitória”. É que a Cerveja Sagres Sem Álcool, um dos seus principais patrocinadores, renovou-lhe o apoio, através da Fundação do Desporto. Esta verba deverá cobrir “um terço do orçamento anual” da atleta. “Receber um cheque em fevereiro, por inteiro, eu sei, e todos os atletas sabem, o quão importante é”, referiu a atleta durante um encontro que serviu para formalizar o acordo com dois dos seus patrocinadores.
"Deram-me uma prancha (aos 13 anos) e disseram vamos embora"
Carlos Marta, presidente do Conselho de Administração da Fundação do Desporto, recordou que foi por iniciativa do presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo e da Central de Cervejas que nasceu este apoio, agora renovado. “A Fundação mobiliza os meios e recursos financeiros das empresas para apoiar atletas, jovens talentos”, disse. O apoio que é “totalmente entregue aos atletas” é “diferenciador”, isto é, destina-se a “quem não é apoiado pelo Estado ou pelo Comité Olímpico”, esclarece.
Elogiando a prestação da bodyboarder algarvia, Nuno Pinto Magalhães, Diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas adiantou que o apoio da marca “não é de 'toca e foge', é feito de forma consistente”. Nesta decisão é também considerado aquilo que a/o atleta e o desporto “transmitem ao target a que [a empresa] se dirige, público jovem” e não só pelos resultados obtidos.
Joana é a irmã mais velha de quatro filhas de um casal alemão que há 30 anos escolheu a costa vicentina para viver. A prática do bodyboard surgiu com naturalidade em Sagres. “Ninguém me perguntou se queria. Deram-me uma prancha (aos 13 anos) e disseram vamos embora”, conta a atleta, recordando ainda que começou a competir “muito cedo”.
Com idade júnior, em 2004, sagrou-se campeã europeia e foi três vezes campeã nacional (2003 a 2005). Em 2004, entre os “grandes”, conquistou também o terceiro título nacional consecutivo na Alemanha e foi vice-campeã nacional, feito que viria a repetir em 2009 e 2010. Foi ainda vice-campeã europeia em 2009 e 2010.
Em 2013, apesar de ter terminado em primeiro lugar, perdeu o título de campeã nacional por causa de um processo burocrático (tinha então somente nacionalidade alemã). Finalmente, dois anos depois, já com passaporte português, foi chamada à seleção nacional e conseguiu a medalha de bronze nos campeonatos do Mundo de bodyboard.
A bodyboarder profissional e treinadora reconhece que “o mar manda” no seu dia. “Não tenho horários, ora treino de manhã dentro de água ou vou ao ginásio, o estado do mar é que dita o que vou fazer”, descreve. “Respiro o bodyboard”, revela Schenker, rindo, numa referência ao facto de ser treinada por Francisco Pinheiro, com quem vive, em Sagres.
Comentários