“Não há nada mais difícil para um jogador de râguebi do que defrontar a África do Sul, seja um português ou um ‘all black’ [neozelandês]. É uma enormíssima honra e espero que os jogadores o encarem dessa forma”, afirmou Simon Mannix em entrevista à agência Lusa.
A partir de Windhoek, através de uma plataforma digital, o treinador neozelandês lembrou que “antes da África do Sul”, os ‘lobos’ defrontam, no sábado, “uma seleção que também esteve no último Mundial” e têm de mostrar que os seus desempenhos no França2023 “não foram um acaso”.
Ainda assim, quando confrontado com as elevadas expectativas que o râguebi mundial coloca na prestação que Portugal possa conseguir frente aos ‘springboks’, Mannix prefere colocar alguma ‘água na fervura’.
“Penso que temos de medir as expectativas um pouco pela derrota na Bélgica [em fevereiro], pela vitória sobre a Espanha, que não foi lisonjeira, e pela final do Europe Championship perdida [frente à Geórgia] por uma equipa muito inexperiente”, recordou o treinador.
Nesse sentido, o ex-técnico do Biarritz lembrou que os desafios na Namíbia, no sábado, e na África do Sul, no dia 20, fazem parte de “uma espécie de estágio de pré-temporada” e prefere ‘adiar’ as expectativas mais para o final do ano.
“Preferia falar sobre isso em novembro. Estamos a conhecer-nos, a iniciar este novo capítulo, com novos treinadores, novo ‘staff’, é muito cedo para dizer que vamos fazer isto ou aquilo”, descartou.
Nesse sentido, questionado pela Lusa sobre o que seria um bom resultado no encontro com a África do Sul, Mannix revelou-se ‘consistente’, como diz que pretende os seus jogadores.
“Simplesmente, ter rendimento. Só quero ver compromisso total dos jogadores. Quero que os 23 que defrontarem a Namíbia, em condições muito difíceis, deem tudo o que têm. E uma semana depois, em Bloemfontein, contra a África do Sul, quero ver exatamente o mesmo de um novo grupo de 23 jogadores”, apontou.
O compromisso que refere, por outro lado, passa por “uma atitude profissional” da parte dos jogadores que “não tem nada a ver com dinheiro”.
“Tem a ver com jogadores que querem vir [à seleção] e melhorar todos os dias. Se isso significar acordar às 06:00 para ir ao ginásio, que seja. Essa é a atitude que quero, de jogadores que queriam estar aqui e jogar pela camisola”, apontou.
Questionado, em seguida, sobre se um jogador que acorda às 06:00 para ir ao ginásio, antes de ir trabalhar, tem condições para manter uma atitude profissional no râguebi, Mannix foi conclusivo.
“Isso é precisamente a atitude profissional, é fantástico! Vai estar no seu melhor todos os sábados? Diria que não. Pode render algumas vezes, mas não todas as semanas. Mas é um jogador que está preparado fisicamente, mentalmente e taticamente para ter rendimento”, defendeu o selecionador.
A seleção portuguesa de râguebi defronta a Namíbia, no sábado, em Windhoek, e a África do Sul, dia 20, em Bloemfontein, em encontros que marcam a estreia de Simon Mannix no comando técnico dos ‘lobos’.
O neozelandês, apresentado em abril, sucede no cargo ao francês Patrice Lagisquet, que conduziu Portugal à primeira vitória de sempre num Campeonato do Mundo, frente às Fiji (24-23), no França2023.
Entre a saída de Lagisquet e a chegada de Mannix, o francês Sebastien Bertrank foi apresentado como sucessor do seu compatriota, mas abandonou ao fim de um mês e os ‘lobos’ foram provisoriamente orientados, no último Europe Championship, por uma equipa de consultores da World Rugby liderada pelo argentino Daniel Hourcade.
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