“O que nos interessa é o Santa Clara e perceber como é que poderemos desmontar uma estratégia que pode ser uma surpresa. O adversário pode atuar com uma linha de cinco [defesas], com esse quinto elemento a ser um ala ou um médio que encaixe no meio dos centrais. Isso é que importa. O [duelo frente ao] Benfica já passou. Infelizmente, já não o iremos defrontar mais esta época, porque, se nós estivéssemos na Liga dos Campeões, talvez teríamos mais um jogo entre nós”, avaliou o técnico, em conferência de imprensa.

Os campeões nacionais reabriram a discussão do título na jornada anterior, ao vencerem com reviravolta na visita às ‘águias’ (1-2) e manterem o segundo lugar à entrada para as últimas sete rondas, com 64 pontos, sete abaixo do líder isolado da prova, mas com mais dois em relação ao Sporting de Braga, terceiro colocado, e sete sobre o Sporting, quarto.

“Se acredito numa quebra do Benfica? Os jogos são todos diferentes e não há como fugir aos momentos bons e menos bons das equipas durante o ano. Não tenho de comentar o estado de forma das outras equipas, mas olhar para o próximo opositor. Neste momento, os dados do Santa Clara não são muito bons, mas tudo pode mudar no futebol”, alertou.

Os açorianos somam oito derrotas seguidas e 14 jogos sem ganhar para a I Liga, apesar de terem empatado na partida da primeira volta (1-1, na 11.ª jornada) com o FC Porto, que entrará em campo logo a seguir à visita do Benfica ao terreno do Desportivo de Chaves.

“Esperamos um jogo típico de campeonato, contra uma equipa que está a precisar muito de pontos para tentar o seu objetivo, que é a manutenção. Desde que este novo treinador [Danildo Accioly] assumiu o comando técnico do Santa Clara, temos de perceber de que forma eles se poderão apresentar em termos de dinâmica. Essa foi a nossa preocupação na preparação, mas olhando sempre mais para aquilo que teremos de fazer”, assinalou.

Reconhecendo que os ‘dragões’ já perderam pontos “onde não podiam” na prova, Sérgio Conceição disse que os alertas transmitidos ao plantel para evitar facilitismos consistiram em “provocar situações no treino” que originassem “uma equipa forte a todos os níveis”.

“Não são os resultados ao fim de semana que nos dão mais ou menos confiança, porque ela é adquirida diariamente através da qualidade do nosso trabalho. Obviamente, ganhar pontos a um rival que vai na frente é sempre bom. Reduzimos um bocadinho a distância para o primeiro classificado, mas temos de continuar o nosso caminho. Esses três pontos têm a mesma importância daqueles que podemos conseguir amanhã [sábado]. Temos de nos focar no treino e chegar aos jogos para atingir os resultados que queremos”, avisou.

Nas 88 edições anteriores do campeonato, nenhum clube recuperou de uma diferença de sete pontos nas sete jornadas finais para se sagrar campeão nacional, sendo que o FC Porto até ultrapassou sempre o Benfica em 1958/59, 1985/86 e 2012/13, temporadas nas quais tinha diferenças menores para a liderança com igual número de jogos por disputar.

“Nesta casa não se festejam vitórias. As vitórias festejam-se com os títulos adquiridos. O que aconteceu [com os festejos exteriorizados pelo treinador no final da vitória na Luz] foi exatamente isso. Dentro de um jogo difícil, vivemos o momento com emoção. Quanto ao desgaste [durante a época], desgasto-me sempre e isso faz parte da minha vida”, notou.

Na 12.ª época como treinador principal, 11 delas em clubes da I Liga portuguesa, Sérgio Conceição pode juntar-se no sábado a Jorge Jesus, José Maria Pedroto, Fernando Vaz, Mário Wilson, Manuel José e Manuel de Oliveira ou aos húngaros János Biri e Joseph Szabo num restrito lote de técnicos que alcançaram, pelo menos, 200 vitórias na prova.

“Eu sou treinador do FC Porto e também o serei num futuro próximo. Tenho contrato [até junho de 2024] e uns jogos para acabar esta época, mas as coisas mudam muito rápido. Posso até perder dois ou três jogos seguidos e o presidente [Jorge Nuno Pinto da Costa] meter-me as malas à porta”, comentou o treinador mais titulado da história do clube, ao ser confrontado sobre uma eventual saída no próximo verão ao fim de seis temporadas.

O FC Porto, segundo colocado, com 64 pontos, recebe o lanterna-vermelha Santa Clara, com 15, no sábado, a partir das 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, em jogo da 28.ª jornada da I Liga, com arbitragem de Cláudio Pereira, da Associação de Futebol de Aveiro.