Está será a 31ª vez que Benfica e FC Porto discutem o título na última ronda. As águias surgem na frente e têm então a tal estatística do seu lado, que diz que o líder à última jornada raramente perde o título. Aconteceu apenas uma vez e já na longínqua temporada 1954/1955. No último jogo do campeonato, o Belenenses estava na frente da tabela e recebia o Sporting, sendo que, também na altura, o Benfica lutava pelo título de campeão.
“Tentemos situar-nos nessa tarde. Faltam 4 minutos – só 4 minutos! – para terminar o último jogo desse Campeonato Nacional; o Belenenses está a ganhar 2-1 ao Sporting, essa vitória assegura-lhe o título, os verdes estão praticamente conformados, os jogadores da camisola azul com a Cruz de Cristo trocam a bola entre si, guardando-a à espera do derradeiro apito do árbitro e da consumação da festa. O Belenenses parecia irresistível: depois de um mau começo de campeonato, uma arrancada extraordinária, uma grande sucessão de vitórias, a chegada ao 1º lugar, a sua manutenção, a vitória no último jogo, frente a um rival forte, mais um título, a reafirmação da grandeza, da força, da alma belenense… E imaginemos, porque é assim que nos contam: as ruas cheias de flores, bandeiras e colchas nas janelas e nas sacadas, em sinal de apoio, o clamor “Belém! Belém! Belém!” (sempre o nosso grito de guerra, seja em raiva ou em triunfo), os chapéus que se atiram ao ar em sinal de júbilo, os abraços que se trocam, os foguetes que estalam à volta do estádio… E de repente, sem que nada o fizesse esperar, numa jogada inverosímil, o Sporting empata, e oferece o título ao Benfica… e os corações azuis estilhaçados, pelo menos dilacerados, com a força do destino que nos atingiu tão duramente, como nunca fizera, nem voltou a fazer, a nenhum outro clube Português!”, lê-se no site oficial do Belenenses.
A data que ficou para a história foi 24 de abril de 1955. Um golo de Martins, aos 86 minutos, selou a igualdade final e transferiu a festa para a Luz, onde, o Benfica ganhou ao Atlético por 3-0.
Com o empate, o Belenenses falhou a repetição do título de 1945/1946, ao acabar o campeonato com os mesmos 39 pontos do Benfica, de Otto Glória, que tinha vantagem no confronto direto (2-1 fora, com golos de Palmeiro e Coluna, e 0-0 em casa).
11ª vez na frente na última jornada
A última vez que o Benfica se encontrou nesta posição não foi há muitos anos, concretamente na temporada 2018/2019, sendo que agora um empate deverá ser suficiente para se sagrar campeão, dado que o FC Porto precisa de vencer e reverter uma diferença de 11 golos, diante do V. Guimarães. E esta será também a 11ª vez que os encarnados surgem à última jornada nesta posição, de líder. As últimas dez, como reza a história, nunca claudicaram.
Em 2018/2019, curiosamente, também não sentiram dificuldades para derrotarem o Santa Clara, o adversário deste sábado, por esclarecedores 4-1. Já em 2015/16 registou-se idêntico resultado, desta feita perante o Nacional.
Em 2009/2010 as águias também não falharam, ao bater o Rio Ave por 2-1 e em 2004/2005, uma semana após vencerem o Sporting por 1-0, bastou o empate em caso do Boavista, por 1-1. Nas outra seis ocasiões, golearam o FC Porto em 1936/1937 (6-0 em casa), o Varzim em 1967/1968 (8-0 em casa) e o União de Tomar em 1968/1969 (4-0). Pelo meio superaram a Académica de Coimbra, em 1937/1938 (3-1 em casa), 1942/1943 (4-3 fora) e 1956/1957 (2-0 em casa).
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