À saída do Tribunal de Instrução Criminal, onde tomou conhecimento da decisão instrutória que determinou a passagem de prisão preventiva para domiciliária de todos os arguidos do processo do ataque à Academia do Sporting, com exceção do seu cliente, o advogado explicou porque "não esperava outra decisão".
"A partir do momento em que se indicia alguém por tráfico de droga sem quaisquer indícios além de uma busca a um sítio que ele não domina, só podia esperar esta decisão", justificou Filipe Coelho em declarações à comunicação social, reforçando, porém, acreditar que "Nuno Mendes não vai ser acusado nem sentenciado" pelos crimes de que é acusado.
"Não tenho quaisquer dúvidas de que será absolvido do crime de tráfico de droga e mais ainda em relação ao resto. Não têm uma escuta, um telefonema ou a presença dele em lado nenhum, não têm absolutamente nada", sustentou o advogado, apelidando as acusações a Mustafá como "uma aberração".
O representante legal do líder da claque Juventude Leonina questionou ainda "qual a lógica de o braço direito ficar preso e o chefe de fora", isto no caso de haver "uma cadeia de comando", como pretende provar o processo.
"Estão lá duas pessoas identificadas como mandantes, uma delas Bruno de Carvalho", lembrou Filipe Coelho, sublinhando, no entanto, que também não acredita nas acusações ao antigo presidente do Sporting.
"Quando leio um processo com 14 mil páginas e que não tem uma prova, o que quer que lhe diga?", questionou o advogado ao explicar porque acredita na inocência de Bruno de Carvalho.
De resto, o representante de Mustafá alinhou pelo mesmo discurso do advogado do ex-presidente dos ‘leões’, Miguel Fonseca, ao sublinhar não ter "quaisquer dúvidas" de que "alguma coisa de fora do direito está a influenciar o processo" em que o seu cliente está envolvido.
Hoje, o tribunal do Barreiro decidiu, após a fase instrutória, levar a julgamento todos os arguidos acusados pelo Ministério Público (MP), num processo em que apenas o líder da Juventude Leonina, Mustafá, continuará em prisão preventiva.
O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho, que estava sujeito à medida de coação de apresentações diárias às autoridades, passará a apresentar-se "quinzenalmente", determinou hoje o juiz de instrução criminal (JIC) Carlos Delca.
Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à Academia do Sporting, o MP imputa-lhes na acusação a coautoria de crimes de terrorismo, de 40 crimes de ameaça agravada, de 38 crimes de sequestro, de dois crimes de dano com violência, de um crime de detenção de arma proibida agravado e de um de introdução em lugar vedado ao público.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 de ofensa à integridade física qualificada, de 38 de sequestro, de um crime de detenção de arma proibida e de crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados. Mustafá vai responder também por um crime de tráfico de droga.
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