“Vejo toda a gente a entrar na direção do edifício, com o cinto na mão, entro, seguimos até ao balneário e foi aí que deparei com o Bas Dost na entrada e dei-lhe uma pancada com o cinto”, explicou o arguido, na 32.ª sessão do julgamento, que decorre no tribunal de Monsanto, em Lisboa.
Rúben Marques disse ter batido “no primeiro que apareceu” e referiu não ter percebido se o jogador holandês “ficou ou não caído no chão”, explicando à juíza que a sua ação foi “do tipo bate e foge”.
O arguido, que à data dos factos tinha 21 anos, referiu que tirou o cinto, antes de entrarem no edifício, junto ao campo de treinos, quando viu outros elementos do grupo a fazerem o mesmo.
Já dentro do balneário, o arguido, que disse ter “a cara tapada”, percebeu que o futebolista Rafael Leão, com quem andava na escola, o tinha reconhecido.
“Lá dentro deparo-me com o Rafael Leão e ele reconheceu-me rapidamente. Sorriu e vi logo que ele me tinha reconhecido. Fiquei quieto e pensei: ‘Se faço alguma coisa ele vai dizer’”, disse.
Rúben Marques explicou ter recebido uma mensagem no dia anterior a perguntar se queria ir à academia com um propósito bem definido: “A mim disseram-me que era para ir bater aos jogadores”.
Pouco depois, o arguido explicou que “o objetivo era bater, mas não lesionar ao ponto de não jogarem”.
O arguido, que não quis especificar quem o convidou para ir à academia nem se essa pessoa também foi, concluiu o seu depoimento com um pedido: “Quero pedir a este tribunal uma oportunidade de demonstrar que já não sou aquela pessoa”.
O arguido Getúlio Fernandes, o último a ser ouvido na sessão de hoje, explicou que foi convidado para ir à academia “pelo ‘Badolas’ [arguido Hugo Ribeiro]” e disse que na altura questionou: “O ‘Musta’? Na Juve Leo, o único que me dá ordens é o Mustafá [arguido Nuno Mendes], que é o nosso líder”.
Getúlio Fernandes referiu que, já junto à academia, Fernando Mendes, antigo líder da Juventude Leonina, lhe disse que “podia ir, que não havia problema”.
“Quando lá cheguei, ouvi as sirenes e voltei para trás e fui para ao pé dos jornalistas e, depois, acabei por perceber que eles já tinham ido embora”, explicou o arguido, que à data dos factos tinha 39 anos, acrescentando, pouco depois: “Nunca na vida, bateria nos jogadores do Sporting”.
O primeiro arguido a ser ouvido à tarde foi Luís Almeida que assumiu que o seu objetivo “sempre foi apoiar o Sporting” e não “deitar o clube abaixo, como acabou por acontecer”.
“Estou sentado nesta cadeira porque estive presente na academia na página mais negra do Sporting”, disse o arguido.
O julgamento prossegue na sexta-feira com a audição de mais arguidos, para a semana deverão ser ouvidos, entre outros, ‘Mustafá’ e o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho.
O processo da invasão à Academia tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, ‘Mustafá’ e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.
(Artigo atualizado às 18:31)
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