22 exemplos de inovação no desporto serviram de aperitivo à apresentação oficial dos contratos-programa para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020, em Tóquio, evento que decorreu no Centro de Alto Rendimento (CAR) de atletismo, no Jamor, em Oeiras.
Demoradamente, o primeiro-ministro António Costa, ladeado pelo secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, acompanhados por presidentes de federações (surf, basquetebol, golfe, entre outras), atletas (João Silva, Telma Monteiro e Emanuel Silva) e ex-atletas (Rosa Mota, Nuno Delgado e Francis Obikwelu) mergulharam em cada um dos espaços de inovação com o selo de Made in Portugal.
Numa montra do que de melhor se faz no país, nas universidades, centros de investigação, nas federações, produtos desenvolvidos e criados por empresas maduras no mercado ou startups saídas da fase de incubação e a dar passos no financiamento, mostraram o que fazem em prol do atleta, da performance desportiva e do desenvolvimento do desporto. De alta competição e não só.
Canoas, fatos de banho e camisolas de rugby
Feitos em Vila do Conde desde 1978, os kayaks Nelo são uma das marcas de excelência da canoagem mundial e na exportação portuguesa. Uma história que segundo Manuel Ramos começou a primeira medalha de ouro com um Nelo batizado de MOSKITO nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000.
O líder de mercado mundial de kayaks e canoas fez questão de trazer a esta summit a promessa de “um novo barco que pode tirar 20 centésimos aos tempos obtidos nos Jogos do Rio”, assegura.
Em Paços de Ferreira nascem fatos de natação. A Petratex, empresa de têxtil portuguesa criou o LZR Speedo que o campeão olímpico Michael Phelps vestiu quando ganhou uma mão cheia de medalhas de ouro nos Jogos de Pequim. O fato viria, no entanto, a ser proibido pela FINA (Federação Internacional de Natação), mas ficam os elogios à tecnologia sem costuras. “O nadador ficava como um esparguete. O fecho é ao contrário, os atletas demoravam 20 minutos a vesti-los e custavam 400 libras”, descreve Luísa Líria. Depois de inovarem no Rio de Janeiro, o de 2020, “está no segredo dos deuses”, avisa.
Para o atual ciclo olímpico, para a água, ciclismo e para a corrida, a P&R Têxteis, empresa de Barcelos, desenvolve fatos para a Federação Portuguesa de Triatlo e no seu portfólio tem ainda a camisola de rugby da seleção da África do Sul.
Luzes para surdos, caneleiras e uma previsão de movimentos em campo
A câmara municipal de Coimbra, respondendo a uma necessidade durante a organização do Mundial de Atletismo de Surdos, em 2011, desenvolveu então, e trouxe ao CAR Jamor, um sistema de partidas com comunicação para cronometragem para surdos, dispositivo disparado por luzes, com um temporizador de 15 segundos. O próximo passo passa por inovar na natação, garantem os responsáveis que marcaram presença na apresentação do contrato-programa dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020.
As pernas dos jogadores de futebol são um bem precioso. A pensar nisso mesmo a SAK (Security Against Kicking – segurança contra os pontapés) foi “à indústria militar” buscar materiais para “desenvolver uma nova caneleira”, assegura Filipe Simões, CEO da empresa que é parceira dos “três grandes em Portugal” e tem como clientes “jogadores do City, do Real de Madrid, da Juventus ou do Mónaco”.
Com uma máquina de digitalização “que queremos transportar para as lojas de desporto” será possível “em 23 segundos digitalizar a perna do desportista e em qualquer lado do mundo ter uma caneleira” feita na empresa visiense, garante.
No futebol a mycujoo mostra, via streaming, “futebol brasileiro, dinamarquês, a Liga feminina do Japão, futebol da Ásia, da Oceânia e a formação do Sporting de Braga”, avança Ricardo Domingues, diretor para Portugal.
A startup ti-ex apresentou-se com uma aplicação inovadora de acompanhamento de treino, com planos de exercícios e histórico de estatísticas do atleta.
Com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, a Traxports desenvolveu “uma previsão do que vai acontecer durantes os jogos. Não é estudo de estatísticas que antecipam comportamentos. É uma previsão de movimentos que serve de suporte para treinador e equipa em tempo real”, descreve Michael Couceiro que também é CEO da Ingeniarius, empresa desenvolveu um taco de golfe português e uma solução que monitoriza “a tacada de golfe”.
Estudar as ondas e os surfistas
A Federação Portuguesa de Surf, em parceria com a Faculdade de Motricidade Humana estuda o take-off (movimento do surfista a colocar-se em pé na prancha). A mOceansense tem uma pequena sonda que tratam, em tempo real, informações sobre desportos aquáticos, em especial no surf, em que recolhe “informação analítica das principais características e parâmetros que fazem com que, por exemplo, o surfista de ondas grandes, Sebastian Steudtner (campeão Big Wave Challenge Billabong 2015), seja capaz de surfar essas ondas”, explica Márcio Borgonovo-Santos, fundador desta spin off que resultou de um projeto feito no Laboratório de Biomecânica da Universidade do Porto.
Por fim, a Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (Coimbra) ajuda na monitorização de atletas do atletismo, ciclismo e canoagem, da respiração aos movimentos, trabalhando em estreita colaboração com as respetivas Federações.
À margem da cerimónia do contrato-programa de preparação olímpica, deixando uma palavra elogiosa a “todos os que contribuíram para a vertente tecnológica”, João Paulo Rebelo deseja que “em Tóquio 2020 aconteça uma melhor performance”, relembrando que a tecnologia “está presente em todos os setores de atividade e tem que estar no desporto também", concluiu o secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
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