A federação e os clubes do Rio de Janeiro estão entre os que mais defendem o regresso da bola aos campos no Brasil. Com alguns clubes já de volta aos treinos, querem retomar a fase final do Campeonato Carioca o mais rapidamente possível. Para isso, fizeram testes em todos os clubes pequenos na disputa.
A eles somaram-se o Flamengo e o Vasco, que por conta própria fizeram também testes em funcionários, jogadores e familiares. O Flamengo já tinha apresentado 38 resultados positivos entre 293 testados na primeira bateria, e valores reduzidos na segunda.
Mas os números divulgados no dia 31 de maio pelo Vasco escancaram a distância da realidade para uma volta segura aos campos. Entre 250 pessoas testadas, 75 deram resultado positivo à presença do vírus, sendo 19 atletas, três deles já recuperados. Os restantes 16 serão isolados e novos testes serão realizados na próxima semana.
Até agora, dez clubes fizeram baterias de testes no estado. Num total de 843, 157 deram positivo (o Madureira realizou 40 testes mas não divulgou os resultados). Neste pequeno universo de testes, entre os clubes do Rio de Janeiro, o índice da doença é de 18,6%.
Fluminense e Botafogo, os outros “grandes” do estado, opõem-se à retoma das atividades e não fizeram parte deste esforço da federação. Com a proposta de o primeiro jogo acontecer em 14 de junho, o Fluminense só prevê a volta aos treinos no dia 10.
Ao contrário das principais ligas europeias, que começam a retomar a atividade, o cenário no Brasil é ainda bastante confuso, com clubes, atletas e federações longe de chegar a um consenso e, muito menos, a um plano estruturado de retorno. Os números apresentados no Rio de Janeiro são um indicador gritante do perigo que seria um regresso, neste momento, do futebol no Brasil.
Com a corda no pescoço, os clubes parecem dispostos a arriscar a segurança dos seus funcionários pelo regresso das atividades e para ver, novamente, dinheiro a entrar nos cofres. Os jogadores, que antes pareciam discordar da retoma, já se mostram mais favoráveis, com 68% a concordar, segundo o último estudo divulgado pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol — a maioria a favor ainda é de jogadores das ligas menores, que têm uma situação financeira mais delicada.
Por outro lado, com a divulgação dos balanços financeiros de 2019 e a abertura dos números deste primeiro trimestre, os clubes escancaram o problema financeiro criado pela crise atual, agudizando uma situação que já era bastante grave.
O Brasil ainda não conseguiu, por uma série de fatores, controlar a curva de crescimento do vírus e, pelo seu tamanho geográfico, enfrenta realidades muito diferentes em cada estado. Por outro lado, a pressão económica causada pelos efeitos da quarentena, coloca o país numa situação difícil. O futebol segue o cenário de outras indústrias no país e está sob pressão.
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