Nascida em 19 de junho de 1975 em Bucara, Oksana Chusovitina iniciou a carreira na União Soviética (URSS), mas, nos seus primeiros Jogos, em 1992, defendeu a equipa unificada das ex-repúblicas soviéticas, já que a URSS estava em processo de dissolução.
Em Barcelona, a ginasta conquistou o ouro na prova geral por equipas, mas precisou de esperar 16 anos, ou quatro Jogos Olímpicos, para ganhar uma medalha olímpica a título individual. Foi em 2008, em Pequim, defendendo a bandeira da Alemanha, país ao qual se uniu em 2002 para permitir que seu filho Alisher pudesse tratar da melhor maneira possível uma leucemia.
A presença de Chusovitina nos Jogos do Rio, em 2016, tornou a uzbeque a primeira ginasta a participar de sete jogos consecutivos, sendo considerada um milagre continuo numa modalidade dominada por prodigiosas adolescentes.
"Eu amo a ginástica e pergunto-me: Por que não treinar e competir tanto quanto puder?", declara Chusovitina. "Se eu tivesse parado, acho que lamentaria profundamente", adianta.
Em Tóquio, Chusovitina defenderá pela quinta vez em Olimpíadas as cores do Uzbequistão, um país de 33 milhões de habitantes e onde sua fama é tão grande que existe um selo com o seu rosto estampado.
Num momento de descanso, após um treino de salto em Tashkent, capital do Uzbequistão, Chusovitina explica que foi Alisher, hoje com 20 anos, que a convenceu a parar. "Ele preocupa-se muito comigo, que eu possa me lesionar gravemente", relata a medalhista olímpica.
Embora mantenha vivo o amor pela competição, esta mulher de 44 anos explica que prometeu à família - a sua "maior motivação"- que os Jogos Olímpicos de Tóquio — que se realizam de 24 de julho a 9 de agosto — serão as suas últimas Olimpíadas.
As melhores lembranças de Chusovitina seguem sendo as dos Jogos de 2008, quando dividiu o pódio com atletas da China e da Coreia do Norte dez anos mais novas do que ela. Mas o mais importante foi a recuperação de seu filho após os Jogos. "Quando voltei, o médico disse que o meu filho estava curado. Acho que, para uma mãe, é uma notícia que nenhuma medalha pode igualar", lembra.
No Centro da Ginástica da República, onde treina, a veterana ginasta é uma grande inspiração para os jovens. "Ela conhece o seu corpo e o que pode fazer: o nosso trabalho é ajudá-la a manter seu nível", explica Lioudmila Li, técnica de Chusovitina.
O marido de Chusovitina, Bakhodir Kurbanov, ex-atleta de alta competição, representou o Uzbequistão na modalidade de luta greco-romana nos Jogos de 1996 e 2000, interrompendo a carreira para cuidar do filho doente.
"Não planeámos quatro olimpíadas, muito menos oito, mas ela deixa-nos orgulhosos", afirma Kurbanov, entrevistado no modesto apartamento da família nos arredores de Tashkent, enquanto sorri.
Depois dos Jogos de Tóquio, Chusovitina já tem tudo planeado: não ficará longe de sua desporto amado, porque pretende abrir uma academia em Tashkent para ajudar as futuras gerações de ginastas a afirmar-se.
Outro objetivo é continuar praticar o salto, mas desta vez sobre um palco para "um espetáculo de teatro de ginástica", com o qual pretende popularizar o seu desporto no Uzbequistão, onde a luta e o boxe são preferências nacionais.
"Quero que as pessoas amem a ginástica, que vejam o quanto é bonita", conta. "Quando as pessoas virem como é bonita, vão apressar-se para inscrever os seus filhos nestas aulas".
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