Na terça-feira, em declarações à imprensa na Eslovénia, à chegada para uma cimeira europeia, Costa manifestou-se convicto de que as conversações com os parceiros parlamentares estão “a correr bem”, tendo hoje o líder parlamentar do Bloco contrariado a “veia otimista” do chefe de Governo, ao apontar que o processo está longe de ter sucesso e que “esse otimismo do primeiro-ministro mostrou muitas vezes não ter qualquer adesão à realidade”.
Confrontado hoje em Kranj com a posição do Bloco, António Costa não só reiterou a sua confiança num acordo, como disse mesmo esperar que este ano não suceda o que aconteceu no ano passado, quando o Bloco “se furtou a contribuir positivamente para o orçamento, tendo votado ao lado da direita”.
“A pergunta que me fizeram ontem [terça-feira] era se eu estava confiante. Eu disse que sim e mantenho-me confiante. E creio que isso é estar bem conectado com a realidade, a não ser que essa realidade se tenha alterado de uma forma que eu desconheça”, declarou.
Questionado sobre se as posições de Bloco, mas também do PCP – que hoje considerou ainda “mais incompreensível” que o executivo diga não ter margem para aumentar salários na administração pública quando prevê um crescimento económico de 5,5% para 2022 -, não deixam antever negociações mais duras do que nos anos anteriores, o primeiro-ministro disse que tudo passa por tentar conciliar “prioridades”.
“Bom, cada um tem as suas prioridades. Estas são as do Governo: é apostar nas novas gerações, é apostar na classe média, é apostar na melhoria do investimento publico, é apostar na melhoria dos serviços públicos. O Bloco de Esquerda tem anunciado quais são as suas prioridades, e obviamente os acordos dependem da forma como conseguimos conjugar todas as prioridades”, começou por observar.
“Até agora, em 2016 foi difícil e conseguimos, em 2017 foi difícil e conseguimos, em todos os anos foi difícil e conseguimos quase sempre. No ano passado, como é sabido, o BE entendeu não dever participar no esforço que era absolutamente essencial naquele momento único de pandemia, de grande pressão sobre as nossas finanças, e furtou-se a contribuir positivamente para o orçamento, tendo votado ao lado da direita no orçamento”, lembrou.
Costa sublinhou todavia que, “felizmente, o Bloco de Esquerda parece estar com uma posição diferente este ano”.
“Assim espero que seja e que, portanto, este ano não tenhamos só o contributo do PCP, do PAN, do PEV e das deputadas não inscritas para a viabilização do orçamento e que possamos voltar a contar com o BE. Mas enfim, aí é o BE que tem de falar por si, não posso eu falar pelo BE”, concluiu.
Relativamente às previsões de crescimento para este ano e o próximo, Costa confirmou que “o cenário macroeconómico foi hoje partilhado pelo ministro das Finanças com todos os partidos”, e, neste momento, o cenário macroeconómico com que o Governo está a trabalhar “prevê de facto um crescimento de 4,6% este ano e 5,5% no próximo ano”, cumprindo assim o objetivo fixado de ter um crescimento de 10 pontos percentuais nestes dois anos, e portanto chegar ao final de 2022 “já numa situação melhor” do que a que havia em 2020, quando a pandemia atingiu a Europa e Portugal.
“Se estas previsões se confirmarem, significa que conseguiremos ter uma recuperação muito forte da nossa economia. Neste quadro, é evidente que a política de rendimentos tem de ser vista, não como um entrave ao crescimento, mas também como um contributo positivo para o investimento. Eu insisto: foi a viragem da página de austeridade que permitiu dar às famílias melhores condições de confiança e agentes económicos que permitiu crescimento sustentado desde 2016 e voltar a convergir com a UE”, disse.
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