O documento, que foi revelado na CMTV por Joana Amaral Dias e depois noticiado em vários órgãos de comunicação, é crítico, sobretudo, do período 2000-2008 em que “não foi obtida evidência dos princípios orientadores para a remuneração variável aplicada, concluindo-se que as decisões foram tomadas de forma avulsa. Mesmo perante resultados negativos foi decidido atribuir remuneração variável e emitido voto de confiança”.
A auditoria realçou ainda que “em nenhum momento foi identificada a atribuição de remunerações variáveis em forma de instrumento financeiro” que incentivassem a um equilíbrio entre capital e riscos, nem a implementação de cláusulas de ‘clawback’, que permitem vincular os gestores com as decisões passadas.
A EY acredita que estas medidas poderiam ter contribuído para um “processo de decisão de crédito mais sustentado e atento ao risco, tendo por referência as operações analisadas na presente auditoria”, permitindo ainda apurar responsabilidades “nas perdas significativas verificadas entre 2011 e 2015”, lê-se no documento.
A consultora revelou ainda que “o volume de imparidades da CGD evoluiu de 46,9% em 2013 para 58,1% em 2015” no setor da construção e imobiliário. Os restantes bancos todos apresentaram a situação inversa, reduzindo as imparidades na concessão de crédito às empresas deste segmento.
A EY analisou várias operações de concessão de crédito da CGD e concluiu que muitas delas foram concedidas sem uma análise de risco aprofundada, incluindo “operações aprovadas com parecer de risco desfavorável ou condicionado” pela Direção de Gestão de Risco do banco.
A consultora contabilizou ainda algumas operações que considerou terem resultado num aumento da exposição considerado elevado ou grave da CGD.
Segundo o documento, só em sete destas operações o valor chega a mais de mil milhões de euros, num período até dezembro de 2015.
Uma destas operações está relacionada com a compra de ações da Cimpor pela Investifino, que deu ações do BCP e da Cimpor como garantia à CGD.
Com a desvalorização destas ações, o negócio não foi bom para o banco do Estado, segundo a EY, tendo havido necessidade de “reestruturar a dívida”.
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