“Neste momento, o balanço é já tendencialmente positivo. E a operação já está estável, com muito mais oferta do que aquela que existia antes da Carris Metropolitana. E com uma taxa muito razoável de cumprimento de horários”, disse à agência Lusa Rui Lopo, administrador da TML, entidade encarregue de coordenar e planificar todos os transportes públicos coletivos intermunicipais na Área Metropolitana de Lisboa.
“As pessoas já manifestam algum contentamento pelo serviço que é disponibilizado”, assegurou, convicto de que foram ultrapassadas muitas das dificuldades, como atrasos e supressão de carreiras que se verificavam no início de atividade, há cerca de um ano, em grande parte devido à falta de motoristas no mercado nacional.
O transporte coletivo rodoviário de passageiros na Península de Setúbal é assegurado, desde julho do ano passado, pelos Transportes Sul do Tejo (TST) na área 3, nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra. Na área 4, que abrange os concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, a Alsa Todi iniciou a atividade um mês antes, em junho de 2022.
“Já temos hoje mais serviços do que aqueles que estavam pensados para o arranque. Os dados que nós temos neste momento na margem Sul têm um comportamento, do ponto de vista da procura, bastante interessante: nós já estamos, quer na área 3, quer na área 4, com um número de passageiros cerca de 1% acima dos passageiros de 2019”, disse.
“Temos cerca de 57.000 passageiros por dia útil na área 4, que é um número fantástico e que tem vindo sempre a subir ao longo de todo o ano de operação. E na área 3 um número que se aproxima dos 121.000 passageiros, em média, por dia útil”, salientou.
Rui Lopo afirma também que o número de reclamações já é “diminuto” e que “não há referências negativas pesadas”, embora reconheça que há sempre problemas para resolver, “porque quando um motorista adoece, quando falha, são 50 pessoas que ficam sem serviço”.
Alguns utentes da Carris Metropolitana, como é o caso de Ana Beatriz, que todos os dias utiliza os autocarros da Alsa Todi em Setúbal, consideram que os grandes problemas do início de atividade da empresa estão praticamente ultrapassados, mas garantem que ainda há atrasos significativos em diversas carreiras.
“Ao início era um bocado confuso, até porque nós não sabíamos os horários. Desde aí existem muitos mais autocarros, muito mais variedade de autocarros, muito mais percursos, os horários estão super acessíveis a todas as horas, há sempre autocarros a passarem e muito mais frequentemente. Ao fim de semana é que é um bocado mais complicado”, disse Ana Beatriz, que não hesitou em dar “nota positiva” ao serviço atual da Alsa Todi.
“No início houve muita falta de autocarros, principalmente para a minha zona, na Morgada (concelho de Setúbal), mas tem havido uma melhoria. Na época escolar ainda há algumas complicações, porque muitos autocarros passavam já completamente cheios, principalmente com estudantes da Escola Profissional e do Instituto Politécnico de Setúbal”, corroborou Liliana Ventura, ressalvando que há zonas onde continuam a faltar autocarros.
“Muitas pessoas ficam nas paragens e têm de esperar pelo próximo autocarro ou ir de táxi para o trabalho ou para casa. Antes faltavam motoristas, agora parece que faltam autocarros. Vamos ver como será a partir de setembro [quando recomeçarem as aulas]”, acrescentou.
Mas também há utentes que não vislumbram nenhuma melhoria no serviço, como é o caso de Lidiana dos Santos Barão, que utiliza regularmente a carreira entre Setúbal e Lisboa.
“Não tem melhorado, só piorado. Tentamos estar aqui a horas, mas o autocarro muitas vezes não cumpre o horário. Há atrasos quase todos os dias e às vezes os autocarros passam aqui já completos e temos de esperar pelo próximo”, lamentou Lidiana Barão.
“Às vezes demora um pouco e temos de aguardar, não temos outra opção”, confirmou Maycon Araújo, enquanto aguardava pelo autocarro para Lisboa na interface de transportes de Setúbal.
O utente conta ainda que recentemente teve de esperar mais de uma hora pelo autocarro.
“Às vezes também chegam pontualmente, mas é aquele verdadeiro tiro no escuro”, concluiu.
Comentários