“Trazer as taxas de juro para os 2% ou perto de 2% será o meu cenário preferido”, admitiu o governador do BdP, Mário Centeno, no CNN Portugal International Summit, que decorre em Lisboa, sob o tema “Embrace the Future: Paz e Desenvolvimento Sustentável”.

Ainda assim, o ex-governante sublinhou que a inflação tem vindo a convergir para o objetivo dos 2%, precisando que, estatisticamente, não existe diferença entre 2,2% ou 1,8%.

Centeno referiu também que o investimento na zona euro é, atualmente, muito baixo, e que, por isso, o foco deve ser colocado sobre esta questão.

Na intervenção dedicada ao tema: “Política Orçamental e Monetária focada no crescimento”, o antigo ministro das Finanças destacou também o contributo do mercado de trabalho, precisando que, desde a pandemia de covid-19, contabilizaram-se mais 11 milhões de empregos, o que “não tinha acontecido antes na zona euro”.

Destes, conforme apontou, seis milhões são migrantes.

Particularmente em Portugal, o mercado de trabalho tem crescido a uma “velocidade espantosa” e a economia tem sido aberta a todos os talentos.

Em 17 de outubro, o BCE cortou as taxas de juro em um quarto de ponto pela terceira vez este ano, a segunda consecutiva, para 3,25%, face a uma inflação que considera estar “no bom caminho” e a uma atividade económica pior do que o previsto.

Depois do encontro de 17 de outubro na Eslovénia, o BCE tem marcada para 12 de dezembro a última reunião de política monetária deste ano.

Em 18 de setembro foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

Questionado sobre o impacto para a zona euro das mudanças políticas na América do Norte, com a eleição de Trump, Centeno notou que os próprios EUA vão ser afetados pelas políticas apresentadas e que a Europa deve encarar os recentes anúncios como sinais de alarme.

Fazendo uma referência a Elvis Presley, e na hipótese que os EUA sigam as políticas que têm vindo a ser anunciadas, Centeno disse: “Não podemos continuar juntos”.

O governador insistiu que a Europa tem de ouvir “com muita atenção e perceber quais as políticas que os EUA vão implementar”.